Edição 90

Espaço pedagógico

A eficácia da avaliação no processo de ensino-aprendizagem

Almir José do Nascimento
Denise Luiza

Introdução

A reflexão apresentada pelo texto em torno da temática aqui discutida encontra-se embasada no conceito de educação que o docente possui. Trata-se de uma análise da avaliação como processo de ensino-aprendizagem. Objetiva-se reconhecer a avaliação como um ato inclusivo, conhecer as possibilidades avaliativas que o portfólio oferece e identificar características da sua prática avaliativa que possam ser aperfeiçoadas. Sendo assim, busca-se mostrar a relevância que a avaliação possui na esfera da educação. Para tanto, é preciso considerar como o educando enxerga a avaliação; quanto ao avaliador, este precisa levar em consideração as diferenças dos alunos. A finalidade deste estudo é desencadear uma breve discussão sobre a avaliação no processo binômio (ensino-aprendizagem). Dessa forma, a avaliação não deve ser vista como um ato isolado, mas, sim, integrada a um aspecto ampliado que norteie a ação educativa.

Conceito de avaliação

Devem-se considerar alguns critérios na esfera da aprendizagem a fim de que a avaliação não seja comprometida e venha a provocar consequências drásticas ao avaliador e aos avaliados. Nesse sentido, entende-se que o método avaliativo perpassa pelo respeito à individualidade do aluno, respeitando o grau de conhecimento de cada indivíduo, reconhecendo a particularidade e como o assunto foi compreendido por quem está sendo avaliado.

Avaliar significa dar valor ou mérito ao objeto em pesquisa, junção do ato de avaliar e medir os conhecimentos adquiridos pelo indivíduo.

A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizado. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de constatar progressos e dificuldades e reorientar o trabalho para as concepções necessárias (LIBÂNEO,1994, p. 195).

Nessa ótica, a avaliação deve fazer parte de todo o processo educativo. Isto significa compreendê-la como elemento de relevância no desenvolvimento da aprendizagem do educando. Sendo assim, não é possível separar o ato de acompanhar e retornar o processo de construção dos saberes com a intenção de constatar o nível de conhecimento que o educando adquire. Pela razão de ambos estarem interligados, a prática avaliativa e educativa vão se construir em um conjunto de ações que se completam ao final do processo de ensino-aprendizagem.

Avaliação contínua

A avaliação deve ser contínua porque o educando passa a ser avaliado por inteiro, ou seja, ela não deve acontecer apenas no final de um bimestre ou semestre. Com isso, o processo avaliativo é constante. O professor deve estar sempre atento e pontuar todo o desenvolvimento do aluno para que seja possível avaliar suas atitudes, sua participação e sua comunicação escrita e oral, traçando o perfil de cada indivíduo.

A avaliação é uma vitrine em que se exibem muitas das contradições existentes na educação. Envolve dilemas práticos diante dos quais os educadores têm de tomar posição como única garantia de um agir consciente e comprometido que leva à busca de respostas (MÉNDEZ, 2003, p. 2).

Partindo da ótica do autor, se a avaliação é tida como uma vitrine, o educador deve ter sensatez quando for avaliar seu educando.

Examinar versus Avaliar

O ato de avaliar é processual, inclusivo, dialógico, investigativo e diagnóstico, que implica em dois processos articulados e indissociáveis: o de diagnosticar e o de decidir. O ato de avaliar parte do presente, da investigação. Já o ato de examinar é pontual, seletivo, antidemocrático, classificatório, excludente, está centrado no produto final.

Segundo Luiza (2015), “É importante ressaltar também que os professores não são os únicos ‘culpados’ pelo fracasso escolar dos alunos”. Embora exista uma enorme discussão sobre os temas examinar e avaliar, eles terminam sendo mal interpretados no momento da prática em sala de aula e, com isso, acabam por se refletir na ação avaliativa do educador.

A relação entre avaliador e avaliados

É bem verdade que a tarefa de avaliar não é uma missão fácil, pois requer bastante cautela e habilidade por parte de quem irá executar tal missão. Diante disso, quem assume o posto de avaliador não está imune de ser criticado quando, por algum motivo, não atingir as expectativas dos que estão sendo avaliados. Por isso, quem está sendo avaliado precisa pôr em prática o bom-senso e o equilíbrio, a fim de não se frustrar ao receber um feedback. Assim, se o avaliador quiser lograr êxito nessa tarefa, é necessário se posicionar coerentemente e veementemente na hora de avaliar, isto é, avaliar com uma visão periférica. Se não houver uma avaliação criteriosa, o objetivo final da ação será comprometido, isto é, alguém vai sair
em desvantagem.

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Avaliação: sua eficácia no ensino-aprendizagem

A relevância da eficácia no processo de ensino-aprendizagem contribui para a formação do aluno e oferece informação sobre a qualidade desse segmento. Surge aqui a necessidade de ajustes na comunicação entre professor e aluno, permitindo-se a periodicidade apenas no registro das dificuldades e dos avanços do aluno.

Luckesi elucida ainda a questão do amor, e não do julgamento, que o docente precisa ter para tornar a avaliação algo prazeroso, e não pesado: “Avaliar precisa ser, acima de tudo, um ato amoroso a revelar-se na acolhida, e não no julgamento” (1995, p. 43).

Respeitar o indivíduo como cidadão é o primeiro passo para conquistar a confiança dele no processo avaliativo, uma vez que, a prática educativa oferece embasamento para que, enquanto avaliador, possa aplicar essa avaliação de maneira eficaz.

A avaliação apresenta-se como meio constante de fornecer suporte ao educando no seu processo de assimilação dos conteúdos e no seu processo de constituição de si mesmo como sujeito existencial e como cidadão (LUCKESI, 1997, p. 174).

Sendo assim, compete ao educador entender que todo o processo educativo significa compreender a avaliação como elemento de fundamental importância no desenvolvimento da aprendizagem do educando.

Considerações finais

Concluímos, a partir deste estudo, que as concepções de avaliação da aprendizagem estão baseadas em uma determinada visão de educação, que inclui as escolhas metodológicas, a construção da relação professor-aluno e a compreensão acerca dos processos de aprendizagem.

Referências

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Magistério 2º Grau – Série Formando Professor).

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

Revista Pátio: Educação Infantil. Disponível em:
www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/didatica/unidade3/instrumentalizacao/unidade3_2.htm&ei=K8N3Hhag&lc=pt-BR&s=1&m=1437301945&sig=AKQ9UO9UW_9oaQ7eP-FxyxPbEofr9KzJlg. Acesso em 19-jul-2015.

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