Edição 72

Lendo e aprendendo

A importância da literatura infantil na ação pedagógica

Christiane Gleice Barbosa de Farias

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É no decorrer da prática pedagógica que somos impulsionados a refletir sobre a importância da literatura infantil e a ação pedagógica na escola. No dia a dia, nos deparamos com caminhos que nos levam à leitura motivada por diversas situações de prazer, necessidade, obrigação, brincadeira ou somente para passar o tempo. Nesse contexto, podemos afirmar que a leitura é importante para a construção de conhecimentos e possibilita o desenvolvimento intelectual, social, emocional, afetivo e cognitivo do ser humano.

Segundo Coelho (2000, p. 15),

“a literatura, em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola”.

Nessa perspectiva, é através da leitura que as crianças irão adquirir uma melhor consciência de mundo, porque nenhuma outra forma de ler o mundo dos homens é tão rica quanto a que a literatura permite.

A literatura infantil aparece nesse contexto como uma ferramenta indispensável que pode ser utilizada pela escola de diversas formas na construção do desenvolvimento em todos os aspectos humanos; afinal, como lembra Coelho (2000, p. 16),

“a escola é, hoje, o espaço privilegiado em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo”.

E, na percepção de Amarilha (2012, p. 78),

“a escola de hoje não deve somente dar conta do estudante, mas também da família e de tudo aquilo que diz respeito à educação”.

No entanto, pensar na escola implica refletir sobre as concepções que fundamentam a prática pedagógica na medida em que a mesma assume um papel fundamental na formação integral da criança.

É importante ressaltar também, segundo Amarilha (2012, p. 54), que a literatura possibilita o treinamento simbólico em dois níveis: um nível é o da palavra — quando chama a atenção sobre si mesma, pois a literatura é produto da linguagem em que a palavra é o elemento mais importante; o outro nível em que atua é o da identificação com os personagens de uma narrativa que dá ao leitor ou ouvinte a possibilidade de suspender, transitoriamente, a relação com o cotidiano e viver outras vidas.

Desses dois pontos de vista, é importante compreender o sentido das palavras no jogo simbólico, pois a criança, através da literatura e da ação pedagógica, vivencia situações que permitem seu crescimento e, de forma lúdica, tornam-na mais estruturada nessa sociedade em transformação.

A literatura faz suscitar o imaginário. Ter a curiosidade respondida é encontrar outras ideias para solucionar outras questões (como os personagens fizeram). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos, de um jeito ou de outro — através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história.

É a cada vez e se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança) e assim esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar caminhos para resolução delas. (ABRAMOVICH, 1993, P. 17).

Assim, compete ao professor, na função de facilitador, colocar a criança em contato com diversos gêneros literários, para que ela possa ler e escolher o que melhor se identifique com sua realidade, pois, na visão de Gadotti (2004, p. 30), “desenvolver, desde cedo, a capacidade de pensar crítica e automaticamente, desenvolver a capacidade de cada um tomar suas decisões é papel fundamental da educação para cidadania”.

Dessa forma, a literatura infantil é parte integrante na ação pedagógica do docente para a formação integral da criança, pois favorece a retirada de barreiras educacionais e pessoais de que tanto se fala, oportunizando uma forma justa de educação, principalmente no desenvolvimento da linguagem, do exercício intelectual e emocional da criança.

Christiane Gleice Barbosa de Farias Nascimento é pedagoga, especialista em Gestão e Planejamento Escolar (UPE), psicomotricista relacional (Ícone) e mestranda em Ciências da Linguagem (Unicap). É professora da Faculdade Joaquim Nabuco Recife/Paulista e consultora pedagógica da Escola Avançar – Garanhuns-PE.

Referências

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1993.

AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. 9. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

COELHO, Novaes Nelly. Literatura infantil: teoria, análise, didática. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2000.

GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

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