Edição 74

Como mãe, como educadora, como cidadã

A verdade sempre…

Zeneide Silva

Acredito que a verdade é uma das chaves principais para formar homens e mulheres capazes de construir novos horizontes.

Lembro com alegria quando falei com firmeza uma verdade que, com certeza, fez grande diferença na vida de minha filha Maria Clara.

A história começa assim:

Estávamos em Gravatá/PE, uma cidade situada a, aproximadamente, 84 km do Recife, capital onde moro, numa chácara onde costumamos passar finais de semana. Nessa época, Maria Clara tinha 5 anos, hoje tem 20 anos.

Resolvemos ir com as crianças Maria Clara, Camilla e Renan brincar no parque e tomar banho de piscina no próprio condomínio. Fiquei sentada com meu esposo observando as crianças quando Maria Clara veio com uma cara chateada, triste e aborrecida, e ficou sozinha ao lado de nossa mesa. Chamei-a para conversar, pois percebi que algo havia acontecido. Depois de muitas perguntas, ela me relatou o que houve: enquanto brincava, uma menina disse que ela era negra do cabelo “ruim”.

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Olhei com firmeza e carinhosamente disse: “Filha, a menina falou a verdade. Você é negra e seu cabelo é ‘ruim’ (para quem é preconceituoso). Mas, para nós, seu pai e eu, você é a menina mais linda do mundo. Amamos você demais. Não ligue para o que ela disse, pois você é feliz, e isso é o que importa”. Cheguei perto dela, abracei-a e sussurrei em seu ouvido: “Amo você! Mande esta menina pra merda”. Voltei para junto de meu esposo e deixei Maria Clara sozinha, refletindo, acredito.

Minutos depois, vi Maria Clara se aproximando da mesa onde estava a menina e os pais. Ouvi quando ela chegou perto dessa menina e disse: “Menina, minha mãe disse que sou a menina mais linda do mundo e mandou você ir pra merda”.

Sorri internamente, mas fui até o casal pedir desculpas pela “merda”. Contei o episódio, eles entenderam e pediram desculpas pela atitude da filha.

Conversamos um pouco e logo depois tivemos a alegria de ver nossas filhas brincando com toda a simplicidade, sem preconceito, como deveria ser não só entre as crianças, mas, principalmente, entre os adultos.

Não vi mais esse casal, pois eles estavam de viagem, não faziam parte do condomínio.

Desejo que essa menina tenha modificado seu pensamento, que seja uma pessoa sem preconceito e esteja bem e feliz, assim como minha Maria Clara, que vive de bem com a vida.

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