Edição 103

Fique por dentro

Água

Miguel Thompson
Eloci Peres Rios

Meio ambiente: A cada 8 segundos, uma criança morre vítima de água contaminada, consequência direta do crescimento da população e da poluição.

De fato, a água é um dos bens naturais mais importantes para os seres vivos. Podemos ficar semanas sem nos alimentar, mas dificilmente um ser humano sobrevive se ficar mais de cinco dias sem água.

Embora três quartos da superfície da Terra sejam cobertos por água, 97% é marinha, inadequada para satisfazer nossas necessidades vitais. Além do mais, boa parte da água doce encontra-se nas regiões polares e no alto das montanhas, na forma de gelo. Assim, para o consumo humano imediato, sobra pouco mais de 1% da água do planeta, armazenado em rios, lagos e reservatórios subterrâneos.

O maior problema é que os usos que o homem vem fazendo da água ampliaram-se dramaticamente, graças a um aumento populacional exacerbado. Cerca de 250 milhões de pessoas habitavam a Terra há 2 mil anos.
Hoje somos mais de 6 bilhões.

No entanto, a crise é sobretudo causada pela falta de gestão, alocação, distribuição e preservação dos estoques existentes, e não um simples problema de suprimento, ainda que em alguns casos — no norte da África e no Oriente Médio — isso também ocorra.

As águas sofrem continuamente com os poluentes liberados pelas atividades humanas. Rios e lagos, por exemplo, são contaminados por despejos de esgotos; oceanos e mares, por derramamentos de petróleo; e as águas subterrâneas, por agrotóxicos utilizados na lavoura. Não fosse a capacidade da natureza de se reciclar, possivelmente já teríamos esgotado todas as fontes de água disponíveis. Mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável, e mais de 2,9 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento. A realidade é que a cada 8 segundos morre uma criança por causa da contaminação da água potável, e o saneamento tende a ficar cada vez pior, principalmente devido à tendência mundial de deslocamento do homem do campo para as favelas dos centros urbanos.

Miguel Thompson e Eloci Peres Rios, Doutores pelo Instituto Oceanográfico da USP.

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