Edição 45

Lendo e aprendendo

Ato de estudar: Técnicas de aprimoramento permitem ao aluno aprender mais e melhor

Marco Aurélio de Patrício Ribeiro

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O estudo é uma atividade importante. Ao aprendermos a estudar, melhoramos o nosso desempenho na vida escolar, nas avaliações e na vida profissional. A sociedade em que vivemos está cada vez mais seletiva, e isso tem feito com que as exigências em relação ao nível de capacitação sejam ascendentes, tanto em relação a capacidades individuais, tais como falar um idioma estrangeiro, ter noções de informática ou expressar-se bem em público, quanto em relação à titulação.

O estudo, portanto, que já era uma atividade presente na vida de todos nós, passa a ter sua importância redobrada, não sendo possível, hoje em dia, abrir-se mão das novas oportunidades de aprendizagem.

Como racionalizar o tempo

É muito comum encontrarmos jovens que não sabem distribuir adequadamente o tempo de que dispõem para o estudo. A prática mais comum consiste em ir acumulando tudo e estudar às vésperas das provas. Dependendo do aluno, isso talvez seja o suficiente para safar-se da recuperação, mas não o será para produzir a fixação adequada do conteúdo, e este será esquecido pouco tempo após as provas.

A prática correta está em estudar um pouco todos os dias. Mesmo que o estudante não seja do tipo fera, daqueles que cumprem um outro expediente de estudo em casa, valerá muito mais que ele distribua o número de horas que estuda, às vésperas das provas, pelos dias de estudo em etapas. Ele verá que isso dá um tempo de estudo diário razoavelmente pequeno. Em outras palavras, o jovem não estará se matando de estudar, e sua aprendizagem se dará de maneira mais sólida e com maior consistência.

Para conseguir fazer isso com sucesso, aconselhamos que o educando organize cuidadosamente o seu mapa de estudos. Ele pode começar colocando uma hora de estudo por semana para cada disciplina. Assim, se é aluno do turno da manhã e, na segunda-feira, teve aulas de Matemática, Física, Química, História e Biologia e se dispuser de cinco horas à tarde ou à noite para estudar, fica simples. É só colocar um tempo para cada disciplina que teve pela manhã e está tudo bem. Admitamos, entretanto, que disponha de apenas duas horas e meia naquela tarde para estudar. Então, ele deverá colocar meia hora para cada disciplina.Não é muito, mas é melhor do que nada. O educando deve seguir fazendo a mesma distribuição para os dias subsequentes e, assim, estará realizando um valioso trabalho de fixação do que aprendeu naquele dia. Quem estuda à tarde ou à noite o que aprendeu pela manhã está fazendo o que chamamos de aprofundamento vertical da aprendizagem. Há alunos que preferem estudar no turno ou no dia anterior àquele em que determinada aula ocorrerá. Esse processoé igualmente válido, porém a melhor maneira é aquela que consiste em o aluno rever, fixar e fazer os exercícios indicados em sala logo após ter assistido à explicação do professor e dar uma olhada, mesmo que breve, às vésperas de cada aula. Para esse repasse no dia anterior à aula, uma breve revisão será o suficiente, não sendo necessário reservar horários específicos para essa atividade no seu mapa de estudos.

Para alcançar melhores resultados, ajude seus alunos oferecendo-lhes subsídios como orientações no sentido de tornar mais produtivo o estudo de cada um, como a sugestão dos dez mandamentos contidos no Quadro 1.

Horário de estudo

estudar02A maior parte dos nossos alunos acredita estudar mais do que o faz. Muitos chegam a ficar com sentimento de culpa quando interrompem o estudo para bater um papo ou ver televisão. O que eles desconhecem é que aqueles que tiram notas altas não estudam necessariamente mais tempo do que aqueles que não as tiram, simplesmente sabem estudar de maneira mais eficiente. O segredo está em descobrir qual é essa forma eficiente de estudar, e não em estudar mais tempo.

Em geral, o aluno acha que o tempo passa muito depressa, e, no fim do dia, a sensação é a de que não realizou quase nada. Isso acontece devido a uma falta de planejamento do que fazer. Se não há um plano, tudo parece importante.

Saber utilizar o tempo eficientemente deve-se mais a uma repetição contínua de uma sequência de atividades do que a ter uma grande força de vontade, como acredita a maioria das pessoas. Em outras palavras, basta criar o hábito de realizar as mesmas tarefas nos mesmos locais à mesma hora, e, ao criar uma rotina, tudo transcorre natural e facilmente, como o comer, o dormir, etc.

Tente estabelecer com seus alunos um horário certo para o estudo. Sugira fazer uma experiência durante uma semana, por exemplo. Dê algumas dicas à sua turma para a melhor elaboração do horário de estudo de cada aluno. Um bom exemplo encontra-se no Quadro 2.

Curioso é observarmos que, à medida que o aluno vai sistematizando seu estudo, isto é, fixando metodicamente cada conteúdo visto em sala e rememorando cada assunto às vésperas das aulas, vai aos poucos diminuindo o tempo de que necessita para estudar cada disciplina. Desse modo, com a regularidade da prática, o jovem observa, dentro de pouco tempo, que não mais necessita de uma hora de fixação diária para cada componente curricular. Depois de algum tempo,com a matéria em dia e tendo assistido com a devida atenção às aulas, ele necessitará dedicar algo em torno de meia hora, apenas, para cada conteúdo no dia em que teve contato com ele.

Quadro 1
Dez mandamentos do estudo

Caro aluno,
Observe as seguintes orientações, que podem auxiliá-lo nos seus estudos.

1. Estude mais os conteúdos de que você menos gosta. Estudar aquilo de que se gosta é prazer; trabalho é aprender o que parece difícil.

2. Não confunda não gostar do professor com não gostar da matéria.

3. O medo de tirar má nota atrapalha seu estudo. Não estude por nota; estude porque você ficará diferente e melhor.

4. Você não aprende nada sem se interessar. Procure criar interesse. Uma pessoa inteligente descobre interesse nas tarefas mais enfadonhas.

5. Caso você esteja com problemas pessoais, não se culpe por não conseguir estudar. Procure aconselhar-se com alguém. 6. Não estude em sequência as matérias parecidas; uma pode atrapalhar a outra. Por exemplo, intercale Português com Matemática; Física com História, etc. A mudança de assunto é uma forma de descanso mental.

7. Faça de sua escola apenas um lugar onde você se oriente. Estudo mesmo é o que você faz por conta própria. Não espere que o seu professor lhe “ponha a matéria na cabeça”; o máximo que ele pode fazer é orientá-lo.

8. Organize um horário não só de estudos, mas de todas as suas atividades.

9. Cuide também do seu ambiente de estudo, não deixe que as circunstâncias atrapalhem seu trabalho.

10. Fixe o lugar e as horas em que estuda. Isso o ajudará a obter concentração e transformar-se-á em hábito.

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Quadro 2
Horário de estudo

Caro aluno,
Para elaborar seu horário de estudo, siga as sugestões indicadas a seguir.

1. Coloque no mapa de estudos todas as atividades que já são habituais e que obedecem a um horário: almoço, jantar, inglês, computação, ginástica, etc.

2. Especifique o horário de aulas da escola.

3. Reserve pelo menos quatro horas para estudos diários.

4. Procure estudar as matérias dadas pelo professor o mais cedo possível, após a aula.

5. Faça um intervalo de 10 minutos a cada 50 minutos de estudo.

6. Estude, primeiramente, as matérias que considera mais difíceis.

7. Ao estudar qualquer matéria, esqueça por completo as demais. Referências Bibliográficas 8. Não espere sentir vontade de começar a estudar. Na hora marcada, comece.

9. Só termine de estudar quando esgotar o tempo estabelecido, mesmo que aparentemente já tenha aprendido tudo.

10. Siga seu plano de estudos até formar o hábito.

11. Não estude em sequência as matérias que exigem o mesmo tipo de habilidade mental.

12. Procure estudar, alternadamente, as matérias em que tenha maior e menor dificuldade.

13. Utilize o domingo como dia de descanso; no máximo, use-o para leitura.

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Marco Aurélio de Patrício Ribeiro é psicólogo, professor da Universidade Estadual do Vale do Acaraú e coordenador pedagógico do Colégio Farias Brito, Fortaleza/CE.

Referências Bibliográficas

RIBEIRO, Marco A. P. A Técnica de Estudar. Fortaleza:Humana, 1997.
RODRIGUES, Marlene. Psicologia Educacional. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976.

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