Edição 97

Gestão Escolar

Coaching educacional na gestão escolar:

Manoel Moura dos Santos 1
Augusto César de França Silva 2

AMPLIANDO PERSPECTIVAS NA MOTIVAÇÃO DE EQUIPES

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1 Introdução

A Educação é, sem dúvida, um dos maiores campos de pesquisa que existem. Ela dá o devido suporte aos pesquisadores no que diz respeito às tentativas de compreensão de uma série de conflitos nas relações cognitivas e interpessoais. O ser humano cresce e é educado para resolver conflitos que surgem a cada dia. Muitas são as formas de orientar indivíduos para essas resoluções, mas novas situações sempre contrariam tudo o que é aprendido até o momento.

Tão importante quanto resolver conflitos interpessoais, mediar essas relações pode ser um dos maiores desafios de um líder. Em âmbito educacional, cuja escola será o principal foco das discussões desse trabalho, um gestor escolar lida, todos os dias, com as situações mais adversas. Além de ter suas próprias insatisfações, problemas pessoais, motivacionais, etc., também precisa lidar com uma série de situações advindas de sua equipe, nas quais precisa manter-se sempre centrado e pronto para motivar, delegar e orientar da melhor maneira possível, sempre em prol da instituição que lidera, como afirma Lück (2008, p.20):

Sendo a liderança na escola uma característica inerente à gestão escolar pela qual o gestor mobiliza, orienta e coordena o trabalho das pessoas para aplicarem o melhor de si na realização de ações de caráter sociocultural voltadas para a contínua melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, ela se assenta sobre uma atitude proativa e pelo entusiasmo e elevadas expectativas do gestor em sua capacidade de influenciar essa atuação e seus resultados.

No modelo atual de gestão, cuja figura do diretor autoritário, opressor e egocêntrico ficou para trás dando lugar a um motivador, líder e condutor de sua equipe na busca pelo alcance dos objetivos comuns, gerir pessoas passou a ser um dos processos mais complexos no âmbito educacional. Ser autoritário é tarefa fácil, pois assim o diretor faz uso de seu autoritarismo para delegar tarefas, cobrar resultados e apontar defeitos de subordinados sem sequer mover-se para contribuir no trabalho. Ser gestor, por sua vez, exige o domínio de técnicas que o levem a tomar as melhores decisões pensando no bem institucional, ou seja, coletivo. Partindo desse pressuposto, surgiu a inquietação: Como o uso do coaching educacional funciona nas ações do gestor escolar, buscando este a obtenção de resultados positivos para a instituição de ensino? Sabe-se que uma escola funciona bem quando equipe gestora, corpo docente, pessoal administrativo e corpo discente trabalham em harmonia, motivados a quererem o melhor para a instituição. A motivação é um dos principais agentes que influencia o ser humano a estar sempre disposto a dar o seu melhor, portanto, além de estar motivado, o gestor precisa manter sua equipe também motivada, fazendo uso de todas as ferramentas que estiverem ao seu alcance para que os resultados sejam obtidos da maneira como se deseja: em menor tempo, com o menor custo e maior eficiência possíveis. Neste estudo, elucidaremos se o coaching educacional pode oferecer subsídios para isso.
O surgimento de novas metodologias que auxiliem na administração escolar é muito bem-vindo, desde que bem embasado. Porém, essas novas metodologias exigem que as pessoas queiram buscá-las, ou seja, essas ferramentas não são dadas como um patch que pode ser acessado a qualquer momento no surgimento de uma necessidade. A autossuficiência de muitas pessoas que ocupam cargos de liderança muitas vezes fecha essas pessoas para o conhecimento de novas linhas pedagógicas como o coaching educacional, tornando a maneira de gerir cada vez mais limitada e obsoleta.

O coaching educacional atua como agente que despertará, nos coachees (neste caso, os docentes, discentes e administrativos da escola, como será explicado mais adiante) e no próprio coach (gestor), os pontos a serem melhorados, as fraquezas a serem superadas, enfim, os itens a serem mudados em prol da oferta não só de uma educação de qualidade, mas de um bom ambiente de trabalho na escola.

Vale deixar claro que este trabalho não direciona apenas o gestor à necessidade da familiarização com a metodologia coaching, mas sim, inquietar a gestão escolar sobre a necessidade de criar meios que levem a toda instituição escolar essa nova ferramenta de motivação pessoal com o intuito de melhorar as relações interpessoais escolares como um todo. Sob esta ótica, o objetivo geral desse trabalho é dar subsídio a gestores escolares para que estes possam aplicar as técnicas do coaching educacional nas vivências cotidianas da instituição, melhorando o desempenho da escola como um todo. Pode-se destacar como objetivos específicos deste trabalho: Fazer uso do coaching educacional para a melhoria da comunicação interna na instituição; Auxiliar a disseminação de ideias, oportunidades e estratégias possíveis para encontrar respostas pedagógicas e; Conduzir professores, gestores e alunos a se autoconhecerem e buscarem seus objetivos pessoais e profissionais traçando metas.

Como metodologia, adotou-se neste trabalho a pesquisa bibliográfica, fazendo uso de autores que, de certa forma, trabalham linhas semelhantes: a gestão escolar e o coaching educacional. Analisando estas duas áreas, poder-se-á notar muitas semelhanças no que concerne aos caminhos para o sucesso da instituição de ensino. Fez-se uma ponte entre os conceitos estabelecidos pelos autores em alguns livros e artigos publicados, buscando formar uma opinião sólida e direcionada, orientando o leitor para a importância do conhecimento de novas metodologias que auxiliem a gestão escolar.

É necessário frisar a importância desta produção para a comunidade acadêmica, visto que lidar com pessoas — mais que isso, gerir pessoas — exige grande autoconhecimento e capacidade de resolver conflitos da melhor maneira possível. O autoconhecimento é um grande desafio para todos. As pessoas costumam apontar falhas nos outros indivíduos, mas pouquíssimas delas avaliam como lidam com algum desafio. À luz dessa realidade, o coaching educacional é uma ótima ferramenta para a promoção desse autoconhecimento, conduzindo os envolvidos no processo ao ponto onde todos almejam alcançar: o sucesso.

Para consolidar as ideias aqui expostas, foi explicitado no primeiro capítulo da referida pesquisa os conceitos básicos sobre o coaching, passando pelas considerações gerais até o foco das discussões: o coaching educacional, mostrando as principais características da metodologia coaching, bem como as semelhanças desse estudo com a gestão de pessoas.

No segundo capítulo, foi feito um link entre as ferramentas utilizadas no coaching educacional com as características citadas pelos autores que discorrem sobre a gestão escolar de maneira geral, afirmando as hipóteses presentes neste artigo com relação à utilização de novas metodologias no auxílio à administração de recursos humanos no ambiente escolar, sendo reforçadas as confirmações das hipóteses desse artigo nas considerações finais da referida produção acadêmica. O capítulo também oferece exemplos de aplicabilidade de técnicas típicas de cursos de formação em coaching, para pessoas envolvidas nos trabalhos da equipe escolar, cujo gestor-coach, participa, motiva e é motivado por sua equipe a cada trabalho que logram êxito.

2 GESTÃO ESCOLAR E COACHING EDUCACIONAL:
CAMINHOS PARALELOS EM BUSCA DO SUCESSO DA EQUIPE

Para conhecer o conceito de coaching educacional, faz-se necessário familiarizar-se com alguns termos utilizados nesse processo: a) coaching, o processo ou a metodologia propriamente dita; b) coach, profissional que conduz o processo e; c) coachee, cliente que passa pelo processo de coaching, cujas características de cada um deles serão elucidadas neste artigo.

Todas as áreas da vida de um indivíduo requerem o mínimo desses conhecimentos, por isso, há vários tipos de coaching, segundo José Roberto Marques (2014):

Coach de carreira
Coach de vendas
Coach de relacionamentos
Coach financeiro
Coach de negócios
Coach esportivo
Coach educacional

Neste trabalho, far-se-á um breve passeio nas veredas do coaching educacional, mostrando à gestão escolar que administrar uma instituição de ensino pode ser muito mais fácil do que tem se mistificado ao longo da história da gestão escolar. O gestor deve, acima de tudo, agir no eu mais profundo de seus subordinados, fazendo uso de técnicas que proporcionem acesso a essas informações tão pessoais de cada um.

Ser coach é, antes de tudo, saber gerir a si próprio com maestria; é conhecer suas falhas, porém, não preocupar-se em conhecer seus limites, mas superá-los. Um gestor escolar, ao conduzir sua equipe, não pode subestimar os limites de cada um, mas sim desafiar as pessoas a buscarem a superação de suas limitações.

Ser gestor exige autoconhecimento, autocontrole e capacidade de motivar pessoas, e este deve empenhar-se e fazer uso de sua posição hierárquica para motivar e dar subsídios para que sua equipe trabalhe em prol de algum resultado. Ele conduz a equipe ao sucesso, envolvendo-se, corrigindo falhas e valorizando qualidades. Daí surge, etimologicamente falando, o conceito de coach. Esta palavra inglesa de origem húngara (kocsi) que significa conduzir tem ganhado cada vez mais espaço no ambiente educacional.

Ser coach é conduzir pessoas. E é nisso que o coaching educacional auxilia os indivíduos. O coach não ensina ninguém; apenas desperta nas pessoas a capacidade que cada uma tem em dar resolução aos desafios cotidianos. A educação é uma área democrática, que aproveita bagagem de várias outras áreas, e o coaching educacional ganhou definitivamente seu espaço nas instituições de ensino. Para fins informativos, vale reforçar que ao longo desse trabalho direcionaremos em muitos trechos o termo coach à figura do gestor e coachee, aos respectivos subordinados, fazendo uso do neologismo gestor-coach.

Como seres humanos, as pessoas estão sempre em busca de algo. A motivação move a humanidade na busca por seus objetivos. Por esse motivo, Kimsey-House et. al. (2015, p.7) defende a ideia que

Às vezes, as pessoas querem mais da vida — mais paz mental, mais segurança ou causar mais impacto no trabalho. De vez em quando, querem menos — menos confusão, menos estresse ou menos pressão financeira. Em geral, buscam o coaching porque esperam alcançar melhor qualidade de vida — mais plenitude, melhor equilíbrio — ou pretendem aprender um novo processo para conquistar seus objetivos de vida. Qualquer que seja essa razão individual, tudo começa com uma avaliação minuciosa da motivação do coachee.

De fato, as palavras dos autores abrem um leque de possibilidades de associação da metodologia coaching com a gestão escolar. O estudo em questão defende, antes de tudo, que todas as pessoas são naturalmente criativas, engenhosas e capazes. Um gestor-coach saberá perceber e extrair de sua equipe o que ela é capaz de realizar. Mas primeiro precisa fazê-los acreditar que podem fazer qualquer coisa, desde que tenham os objetivos sincronizados e bem estabelecidos.

Segundo José Roberto Marques, diretor do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), coaching é um processo onde verdadeiramente duas ou mais pessoas se conectam numa sabedoria consciente e inconsciente, onde o melhor de um e o melhor do outro se encontram em um nível subjetivo de atenção guiada. É aí que acontecem os mais impressionantes resultados alcançados. Quando as pessoas trabalham utilizando o máximo de sua atenção e interação, os resultados vêm de forma surpreendente, em um curto espaço de tempo. Em uma instituição de ensino, os processos interpessoais acontecem a todo instante, por isso, se faz tão necessária a utilização da metodologia coaching entre os envolvidos nos processos. No ambiente escolar, a criação é uma das principais atividades desenvolvidas por todos, e se o produto dessa criação não sair como desejado, os objetivos traçados certamente não serão alcançados.

Dinsmore (2007, p.23) diz que:

Um coach é apaixonado pelas questões das pessoas, gosta de observar e entender os motivos por trás dos comportamentos, aprecia e sente-se feliz ao perceber o desenvolvimento de seu coachee. É um incentivador e ao mesmo tempo firme no rumo que levará em direção aos seus objetivos.

Em concordância com o autor, percebe-se novamente a relação do coach com um gestor escolar. As pessoas produzem e interagem o tempo inteiro. Em organizações onde há muitas pessoas, as interações e indisposições são muito frequentes, e sabe-se que funcionários produzem menos quando são submetidos a situações que não lhes ofereçam o mínimo de conforto. Na sociedade capitalista, as grandes empresas precisam buscar meios para aumentarem sua produção diminuindo os custos o máximo possível e melhorando o bem-estar de seus colaboradores. Paz (2004) apresenta uma definição de bem-estar organizacional, que consiste na “satisfação de necessidades e realização de desejos dos indivíduos no desempenho do seu papel organizacional” (p.138). Nessa definição, a autora deixa clara a necessidade de proporcionar meios que possibilitem um bom ambiente para produção de seus colaboradores. Dialogando com Paz, percebemos a segunda relação do coaching educacional com a gestão escolar: conhecer as insatisfações de cada um, buscando trabalhar a melhor maneira possível de minimizar o problema partindo do eu para o todo.

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“Não tem jeito, o que todo mundo busca é ser feliz, experimentar a sensação de bem-estar e plenitude. Acredito que esta sensação, a cada dia que passa, seja mais valorizada que há tempos atrás” (MARQUES, 2015, p.97).

De fato, nos dias atuais, cada vez mais estudos deixam a sociedade informada sobre os mais variados problemas que interferem na produtividade humana. O coaching busca resgatar a supervalorização pessoal de cada indivíduo, mostrando-os que os problemas surgem para que possamos resolvê-los da melhor maneira possível.

O coaching, assim como uma gestão escolar comprometida e preocupada com seus subordinados, trabalha no melhoramento das produções das pessoas. Muitos não sabem o potencial que têm dentro de si, por isso, produzem aquém do esperado. Coaching reúne uma série de recursos que utilizam técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas áreas na busca de efetivos resultados: administração, gestão de pessoas, psicologia, neurociência, recursos humanos, planejamento estratégico, etc. Conhecer as pessoas é o principal caminho para a obtenção do sucesso, portanto, discorreremos sobre como a metodologia coaching pode influenciar coaches e coachees no melhoramento de seu rendimento.

3  FERRAMENTAS DO COACHING QUE PODEM SER UTILIZADAS PELA GESTÃO ESCOLAR NA OBTENÇÃO DE RESULTADOS POSITIVOS

O caminho que leva um indivíduo ao sucesso requer um planejamento a curto, médio e longo prazo. Traçar objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais, exige uma boa capacidade de percepção dos elementos que podem estar ou já estão ao alcance.

Uma vez definidos os objetivos de nossa vida em geral — família, trabalho, grupo de amigos, etc. — temos que compatibilizar nossas ações com esses objetivos. Assim, como nosso tempo é sempre curto, temos que fazer somente as coisas essenciais, isto é, aquelas que mais colaboram, naquele momento, para que atinjamos o nosso objetivo determinado. (FILHO, 1988, p.71)

Um gestor escolar trabalha com metas a todo momento. Mais que isso: para que seus objetivos profissionais sejam alcançados, ele precisa de agentes que independem da sua ação direta. Sob esta situação, questiona-se: como fazer com que as pessoas se empenhem para que os objetivos, comuns a todos, sejam atingidos? O coaching pode proporcionar ao gestor mecanismos que o deem subsídios para fazer a equipe produzir mais e com qualidade. Kimsey-House et. al. (2015) destaca o coach como o sujeito que executa uma prestação de serviços que exige compromisso e presença (p.22). Este conceito derruba uma característica muito marcante nos modelos tradicionais de gestão, cujo diretor delega, mas não participa diretamente das atividades, apenas cobrando sem dar suas efetivas contribuições para o bem comum. Comprova-se, então, uma utilização eficaz da metodologia coaching na gestão escolar: o coach precisa estar presente contribuindo para a mudança proposta, ou seja, sua participação deve fazer a diferença e, sobretudo, ajudar os outros a atingir o seu potencial.

Kimsey-House et. at (2015) também chama a atenção dos leitores no que diz respeito a determinadas qualidades que o coach deve compartilhar com os coachees: confidencialidade, confiança, falar a verdade e dar abertura e espaço. O coaching inicia quando o coach orienta o coachee que ele é o principal autor de seu processo de autodescobertas. Não há uma forma padronizada para essa etapa: alguns cursos de formação de coaching fazem uso de entrevistas ao próprio coachee em apenas uma seção, ou entrevistam colegas de trabalho, funcionários ou familiares do coachee. Fazendo uma ponte com a gestão escolar, quanto mais o gestor conhecer a realidade de seus coachees, maior êxito terá no trabalho de despertar o ser produtivo e empenhado que ele é.

Os autores ainda dão sugestões de algumas perguntas que podem ser feitas na sondagem dos coachees:

“Em que ponto você quer fazer a diferença em sua vida?”, “O que você mais valoriza no seu relacionamento com os outros?”, “O que funciona melhor para você quando consegue fazer mudanças bem-sucedidas?”, “Em geral, em que ponto você costuma ficar paralisado?”, “O que motiva você?” (KIMSEY-HOUSE, 2015, p.35).

Infelizmente, é notável que grande parte dos gestores não conhece a força que essas perguntas exercem no processo de motivação de sua equipe. Quando um gestor pergunta a um subordinado: “O que você mais valoriza no seu relacionamento com os outros?”, está transmitindo segurança e confiança para o coachee, do que se perguntasse em uma situação semelhante: “Como você se relaciona com as pessoas no ambiente de trabalho?”. Tal situação reforça ainda mais a necessidade de os gestores escolares conhecerem e utilizarem a metodologia coaching em sua escola.

3.1 A iniciação do coachee na fase das descobertas: “Você está aqui: onde é aqui?”

Para a inicialização do trabalho com um coachee, o coach deve tomar algumas medidas preventivas. Como foi visto anteriormente, conhecer a história e algumas de suas características no dia a dia profissional e pessoal é importante, mas o coach deve despertar no coachee o desejo de perceber-se no processo como um ser que está redescobrindo todo o potencial que tem dentro de si mesmo, deixando para trás a percepção negativa que tinha de si mesmo. Frases como “Este é o seu ponto de partida de hoje em diante. Como você se percebe hoje?”. A autopercepção ajudará o coachee a acompanhar e monitorar os seus avanços. Nesse caminho de transformação, segundo Marques (2016, p.88):

Temos a oportunidade de evidenciarmos nosso estado atual, nosso ponto de partida. Olhamos para nós e realmente nos vemos. Geralmente levamos um susto, pois negligenciamos as nossas dores, nossas dificuldades, nossos problemas, nosso corpo, nossa mente, nosso espírito, nossa família, nosso trabalho e nossos amigos. Nós nos descuidamos de nós mesmos, mas não tomamos consciência disso.

Em quase todas as instituições, pode perceber-se a seguinte situação: profissionais que exercem as mesmas funções há anos com marasmo, sem ânimo e fechados para mudanças veem novas pessoas chegando à mesma instituição com vontade de fazer o melhor, de descobrir coisas novas e redescobrirem-se. Esses funcionários “estáticos” ainda não perceberam que essa nova pessoa pode ser ele mesmo! O gestor-coach, identificando pessoas que estejam no mínimo abertas a se autoavaliarem, pode trabalhar com elas o que chamamos nesse trabalho de Semirreta da vida de um coachee, conforme a figura a seguir.

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Na figura, é possível perceber o resumo do antes e depois da percepção do indivíduo inserido no processo de coaching. O gestor, ao fazer uso de tal metodologia, além de melhorar os resultados da instituição a qual está à frente, proporciona aos seus coachees a possibilidade de eles perceberem-se e melhorarem como pessoas, incluindo suas vidas pessoais. O coaching em instituições de ensino é sem dúvida, uma ferramenta a qual o gestor deve interessar-se em conhecer, pois se desenvolvida corretamente, só trará ganhos para a escola, levando-a ao que realmente todos desejam — aqui incluímos pais, alunos, docentes e funcionários em geral — o sucesso!

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Considerações finais

O objetivo da presente pesquisa foi dar subsídios aos gestores escolares para aplicarem as técnicas do coaching educacional nas vivências cotidianas da instituição a qual estão à frente. Pôde ser percebido no decorrer da pesquisa o quanto o uso do coaching educacional pode agregar valor aos envolvidos na comunidade escolar.

Por ser uma discussão contemporânea, coaching ainda é desconhecido por parte das pessoas que acreditam que administrar uma escola resume-se a postar-se atrás de um birô e delegar tarefas. A pesquisa mostrou que algumas técnicas utilizadas em um curso de formação em coaching, se aplicadas com competência e precisão pelo gestor-coach, trazem benefícios incalculáveis, sendo estes também voltados à qualidade de vida pessoal dos envolvidos no processo. O gestor, tanto quanto seus subordinados, deve se autoperceber como parte que compõe o processo. Todos são autores do que é produzido na escola, por isso, devem sentirem-se como tal, e o coaching educacional age como um espelho revelador da responsabilidade de cada um.
Infelizmente, gerir uma instituição ainda tem sido uma tarefa realizada da maneira que acredita-se ser mais fácil: impondo o autoritarismo ou a autoridade, cobrando resultados que nem sempre podem ser alcançados tendo em vista a capacidade de organização, planejamento e sincronismo que as pessoas se encontram na instituição.

A pesquisa também nos alerta sobre a necessidade da busca de novas ferramentas que auxiliem qualquer que seja o processo educacional que esteja sendo desenvolvido, pois o bem comum a todos os educadores — a educação — merece todas as atenções e esforços que visem a sua melhoria.

1 Doutor em Educação pela Universidad Internacional Tres Fronteras (PY).
manoelmoura7@gmail.com.

2 Graduado em Pedagogia pela Faculdade Osman Lins (FACOL), pós-graduado em Gestão Escolar com Ênfase em Recursos Humanos pela FACOL. Professor de cursos de especialização.
franca.augusto@outlook.com.

Referências

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FILHO, Luiz Almeida Marins. Administrar, hoje: um guia prático com base em estudos de antropologia empresarial sobre administração de empresas nos dias atuais. 14ª ed. São Paulo: Editora Harbra Ltda, 1988.

KIMSEEY-HOUSE, Henry; KIMSEEY-HOUSE, Karen; SANDAHL, Phillip. Coaching coativo: mudando negócios e transformando pessoas. [tradução: Cristina Sant’Anna]. 3ª ed. São Paulo: Évora, 2015.

LÜCK, Eloísa. Liderança em gestão escolar. 2ª ed. São Paulo: Vozes, 2008.

MARQUES, José Roberto. Coaching positivo: Psicologia positiva aplicada ao coaching. 2ª ed. Goiânia: Editora IBC, 2015.

______. Ser de luz: Os mais inspiradores artigos de José Roberto Marques. Goiânia: Editora IBC, 2016.

______. Quais os tipos de coaching? Disponível em: Acesso em: 05 jun. 2017.

PAZ, M. G. T. Poder e saúde organizacional. In A. Tamayo (Org.). Cultura e saúde nas organizações. Porto Alegre: Artmed, 2004.

ROMA, Andréia; LIRA, Gilson; SANTOS, Neuza; FILHO, Ronald Dennis Pantin (coordenadores). Bíblia do Coaching: profissionais da área do coaching apontam caminhos e estratégias sobre o poder desta ferramenta para alcançar o sucesso na vida pessoal e profissional. São Paulo: Leader, 2015.

SANTOS, Graça. Coaching educacional: ideias e estratégias para professores, pais e gestores que querem aumentar seu poder de persuasão e conhecimento. São Paulo: Leader, 2012.

SILVA, Mary Aparecida Ferreira da. Métodos e técnicas de pesquisa. Cajamar, SP: Ibpex, 2005.

ZAIB, José; GIBBLER, Jacob. Manual de Coaching Educacional. São Paulo: Leader, 2012.

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