Edição 44

LEI No 45.649/08

Comissão aprova oficialização de Hino à Negritude

Elton Bonfim

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“O objetivo é reconhecer a trajetória do negro na formação da sociedade brasileira.” (Vicentinho).

A Comissão de Educação e Cultura aprovou, na última quarta-feira (15), o Projeto de Lei nº 2.445/07, do deputado Vicentinho (PT-SP), que oficializa o Hino à Negritude, do poeta e professor Eduardo de Oliveira, em todo o território nacional.

A proposta original prevê que o hino seja executado em todas as solenidades dirigidas à raça negra, mas, em voto em separado, a relatora, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), acolheu a sugestão dos deputados Lobbe Neto (PSDB-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP) e suprimiu essa determinação.

De acordo com Vicentinho, o projeto foi apresentado originalmente em 1966 pelo então deputado Dr. Teófilo Ribeiro de Andrade Filho. Foi reapresentado em 1993 pelo ex-deputado Nelson Salomé e, em 1997, pelo também ex-deputado Marcelo Barbieri. Segundo o autor, a proposição foi aprovada em todas as comissões, mas, “por razões calcadas apenas na resistência ao reconhecimento da necessidade de se preencher uma lacuna histórica da nossa sociedade, não foi adiante”.

Sentimento de fraternidade

O deputado tomou a iniciativa de apresentar novamente o projeto em 20 de novembro de 2007, Dia Nacional da Consciência Negra. Vicentinho argumenta que o objetivo é reconhecer a trajetória do negro na formação da sociedade brasileira.

“Não temos símbolos que enalteçam e registrem o sentimento de fraternidade entre as diversas etnias que compõem a base da população brasileira”, afirma.

Em seu relatório, a deputada Fátima Bezerra esclarece que a palavra negritude foi empregada pela primeira vez em 1934, pelo poeta francês Aimée Césaire. O poeta, que nasceu na Martinica, exaltava os valores da cultura africana e combatia o colonialismo. “Alguns intelectuais negros adotaram a expressão e passaram a utilizá-la como identidade étnica, bandeira de luta, estandarte de orgulho das suas origens”, acrescenta a parlamentar.

Tramitação

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Hino à Negritude (Cântico à Africanidade Brasileira)
Eduardo de Oliveira

I
Sob o céu cor de anil das Américas,
hoje se ergue um soberbo perfil.
É uma imagem de luz
que em verdade traduz
a história do negro no Brasil.
Esse povo, em passadas intrépidas,
entre os povos valentes, se impôs
com a fúria dos leões,
rebentando grilhões.
Aos tiranos, se contrapôs.
Ergue a tocha no alto da glória
quem, herói, nos combates, se fez,
pois que as páginas da História
são galardões aos negros de altivez.
(bis)

II
Levantado no topo dos séculos,
mil batalhas viris sustentou
esse povo imortal
que não encontra rival
na trilha que o amor lhe destinou.
Belo e forte na tez cor de ébano,
só lutando se sente feliz.
Brasileiro de escol,
luta de sol a solenidades
para o bem de nosso país.
Ergue a tocha no alto da glória
quem, herói, nos combates, se fez,
pois que as páginas da História
são galardões aos negros de altivez.
(bis)

III
Dos Palmares, os feitos históricos
são exemplos da eterna lição
que, no solo Tupi,
nos legara Zumbi,
sonhando com a libertação,
sendo filho também da Mãe-África,
aruanda dos deuses da paz.
No Brasil, este axé
que nos mantém de pé
vem da força dos Orixás.
Ergue a tocha no alto da glória
quem, herói, nos combates, se fez,
pois que as páginas da História
são galardões aos negros de altivez.
(bis)

IV
Que saibamos guardar estes símbolos
de um passado de heroico labor.
Todos, numa só voz,
bradam nossos avós:
viver é lutar com destemor.
Para frente, marchemos impávidos,
que a vitória nos há de sorrir.
Cidadãs, cidadãos,
somos todos irmãos
conquistando o melhor por vir.
Ergue a tocha no alto da glória
quem, herói, nos combates, se fez,
pois que as páginas da História
são galardões aos negros de altivez.

http://www2.camara.gov.br/homeagencia/materias.html?pk=%20127350
http://www2.camara.gov.br/homeagencia/materias.html?pk=117646

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