Edição 33

Matérias Especiais

Construção familiar, uma tarefa permanente

Patrícia Isabella

Diante do mundo globalizado em que vivemos, acreditar na família torna-se, para algumas pessoas, algo utópico; para outras, algo que pode ser real, apesar de desafiador, pois enfrentamos, todos os dias, obstáculos que podem ser encontrados no cotidiano, tais como a riqueza técnica e a pobreza moral. A primeira marca o mundo através de seus extraordinários avanços da ciência e da tecnologia, como os estudos sobre Marte, a clonagem, as descobertas sobre as células-tronco, o transplante de órgãos, etc. Na segunda, observamos o desprezo pelos valores morais.
Encontramos a família ladeada por esses obstáculos citados. A educação tornou-se algo de conquista, tarefa bem mais ampla do que imaginamos, pois, quando amamos alguém, queremos o melhor para ele; com certeza, um mundo diferente deste que nós vemos. Então, para termos um ambiente harmonioso, temos de começar em casa, formando cidadãos conscientes, críticos, éticos, solidários.
Para obtermos uma construção familiar como queremos, precisamos nos deter em três pontos que servirão como alicerces para uma convivência familiar harmoniosa:
O amor – No lar, os filhos devem ter segurança do amor dos pais, para se sentirem importantes e, assim, terem credibilidade do seu valor como pessoa, pois a auto-estima consiste na valorização do ser humano. Assim, também como o amor entre o casal, os filhos devem sentir que os pais se amam, caso morem juntos, ou, se não morarem juntos, que se respeitam, pois existe alguém que vai ligá-los para o resto da vida, já que não existe “Ex-pai”, “ex-mãe” e “ex-filho”. O clima harmonioso facilita uma boa educação, pois nele residem o diálogo e o respeito.
O desenvolvimento das potencialidades positivas, ou seja, os valores morais – A forma mais eficaz de educar é através do exemplo, pois a criança se espelha nas atitudes dos pais. Então, a utilização desses valores, ou seja, essas potencialidades positivas, deve começar dos pais. Como diz o conceituado psicólogo Luiz Schettini, “temos de ser o que queremos ver nos nossos filhos”. Bem, com essas potencialidades desenvolvidas, os nossos filhos estarão mais seguros diante dos desafios que a vida irá impor, e aí, então, caminharão sozinhos e se tornarão pessoas felizes e independentes. Como diz Içami Tiba, no livro Quem ama educa, “os filhos são como navios, e os pais são como um porto seguro para eles até que se tornem independentes”. Apesar de querermos os filhos junto a nós, é preciso educá-los para navegarem sozinhos.
Nadar contra a corrente da massificação – A educação, neste mundo em que nos encontramos, é uma constante construção, é fazer com que nossos filhos descubram o valor da sua essência e possam valorizar a essência dos outros, mostrar-lhes que cada ser humano é único e que precisa se expressar e ter liberdade.
Claro que é uma tarefa difícil e desafiadora, mas, se existirem duas pessoas que tenham o mesmo ideal por amor, então fica mais fácil. É preciso saber que nos eternizamos através das marcas que deixamos nos outros, e as pessoas mais marcadas por nós são os nossos filhos, por isso queremos deixar marcas positivas, que possam levá-los a uma independência segura, ajudá-los a serem mais gente e seres humanos realizados. Sendo assim, eles também terão as mesmas preocupações com seus filhos, e os nossos netos serão, também, adultos felizes.
“Toda criança vem com a mensagem de que Deus não desistiu do homem.”

Tagore

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Patrícia Isabella é vice-presidente da EP Seccional de Campina Grande/PB.

Fonte: Escola de Pais do Brasil – Seccional de Campina Grande/PB – Revista Programa – Novembro / 2006 – Edição nº 14 – pág. 11

www.escoladepais.org.br

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