Em Saberes Docentes e autonomia dos Professores, sete ensaios são integrados, tendo como fio condutor uma instigante reflexão que se unifica na busca do diálogo entre as distintas vertentes teóricas (ex.: a pedagogia da competência e a epistemologia do saber docente) como foco do debate em questão.

A partir da análise da ação docente, o objetivo desta obra é contribuir para o debate contemporâneo em que se tenta compreender o que é ser professor, quais os saberes que forjam a prática dos professores e contribuem para a afirmação da identidade e da autonomia docentes.

O professor, ao agir no imediatismo do seu fazer docente, elabora saberes que lhe são próprios e que se definem por uma epistemologia específica do ser docente, constituindo o que se pode denominar, em sua complexidade, racionalidade pedagógica. Em torno dessa racionalidade peda-gógica, busca-se apreender o sentido do que move a ação do professor e lhe atribui conteúdo, crenças e juízos críticos, interpretando a fundo a intimidade da prática docente.

Uma escola não consegue realizar suas tarefas sem o funcionamento da portaria, da cantina, da administração e dos demais serviços. O trabalho de formação dos educandos não é exclusivo de orientadores, pastores e capelães. Estes têm um papel relevante como os professores de todos os segmentos, desde a Educação Infantil até a última série de estudos na escola. Para uma instituição de ensino que compreende o mundo dentro do pensamento sistêmico e complexo, todos os seus serviços estarão interligados, formando uma grande rede.

Daí decorre uma questão administrativa importante que cada estabelecimento estudará: cada pessoa dentro da escola é um educador em escala diferente, em grau diferente, porém nunca dissonante.

Podemos afirmar que a primeira razão que poderá justificar a leitura desta obra tem a ver com o modo como se reabilita o exercício docente como um trabalho decisivo para que os alunos possam ser efetivamente protagonistas do processo educativo que lhes diz respeito. A segunda razão prende-se ao fato de se propor não só dispositivos e procedimentos pedagógicos concretos que permitam realizar tal propósito, mas também uma reflexão sobre as potencialidades e as limitações desses aspectos. Responde-se, assim, às objeções daqueles que entendem que o protagonismo discente seria incompatível com o protagonismo docente, da mesma forma que se avança com propostas concretas que permitem compreender que de fato já é possível à escola assumir-se como um espaço politicamente mais democrático, socialmente mais justo e culturalmente mais significativo.