Edição 81

Como mãe, como educadora, como cidadã

E a paciência, como vai?

Zeneide Silva

Lembro-me com carinho de um fato que aconteceu comigo, de que ao lembrar acho graça (como se usa muito hoje em dia: kkkkkk).

Certa vez, fui à Livraria Cultura aqui no Recife e, quando cheguei para estacionar, havia um movimento nas imediações da livraria para distribuição de camisas, pois no dia seguinte haveria uma corrida.

criancas_professora_es_fmtParei um pouco para encontrar um local, e, nesse momento, apareceu um senhor indicando uma vaga. Percebi que teria dificuldade para estacionar (fazendo baliza, sempre peço ajuda aos flanelinhas). Então, falei sobre minha dificuldade e pedi ajuda, e ele se prontificou a ajudar. Comecei a tentar estacionar o carro, porém o espaço era muito apertado. Colocava o carro para frente e para trás várias vezes, até o momento em que ele bateu no vidro do meu carro; baixei o vidro, então o senhor me perguntou: “A senhora sabe mesmo dirigir?”. “Por quê?”, respondi. Ele continuou: “A senhora vai pra frente e pra trás, e não sai do canto”. “Eu não lhe disse que tivesse paciência comigo?”. “Senhora, a questão não é paciência. Eu quero ensinar, a senhora é que não quer aprender.” Sorri internamente e disse-lhe: “Mas o senhor agora vai ter paciência para me ajudar”. “Então vamos logo”, respondeu ele. Enfim, estacionei.

Passei um bom tempo sempre me lembrando desse senhor, de sua impaciência e de sua cara abusada e refleti que em nossas escolas existem pessoas com a mesma personalidade.

Chegam para trabalhar trazendo cargas negativas, problemas familiares e, logicamente, impaciência. Sabemos que não se pode generalizar, não são todos os educadores que agem dessa maneira. E que também não podemos colocar uma venda em nossos olhos achando que em nossa sala de aula tudo ocorre numa perfeita harmonia.

Se optamos por trabalhar em Educação, temos por obrigação fazer de nossa prática um alicerce para que novas mudanças aconteçam em nossa sociedade, sempre com muita paciência.

A agitação do mundo, a tecnologia, vêm nos deixando sem referencial de uma prática voltada principalmente para a formação de nossos alunos.

Educadores, procurem ter mais paciência com seus alunos, pois eles são reflexo de uma família impaciente, de uma juventude impaciente.

Precisamos de educadores que transformem nossas salas de aula com paciência e persistência. Confiamos em vocês.

P.S.: Algumas vezes, quando vou à livraria, encontro com aquele senhor e tenho vontade de perguntar: “E a paciência, como vai?”.

cubos