Edição 12

Espaço pedagógico

ENTREVISTA

Para aprofundar mais a questão da informática na educação, Construir Notícias entrevistou Mário Pool, pedagogo em Multimeios e Informática Educativa, que desenvolveu uma tese de mestrado sobre o tema e que atua como coordenador de informática na Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul.

Construir Notícias – Quais são as vantagens oferecidas pela informática educacional?

Mário Pool – A busca por processos e experiências educacionais que possam aumentar o envolvimento e o comprometimento dos alunos de forma prazerosa na busca da construção do conhecimento torna-se a cada dia um hábito mais freqüente entre os educadores e pesquisadores da educação. Pensar em informática educacional é pensar em um recurso atual que poderá no futuro tornar-se a alternativa para uma mudança de paradigmas das concepções de espaços e métodos de ensino usados hoje no atendimento de nossos alunos. As salas de ambiente informatizado, por possuírem uma peculiaridade na sua forma e concepção de construção coletiva do conhecimento, pode tornar-se o ambiente ideal para uma prática construtivista eficaz, e desta forma ganhar a capacidade de desenvolver no aluno uma nova identificação e sentido na sua relação com o mundo.

CN – Há quanto tempo o senhor utiliza a informática como ferramenta de ensino?

MP – A minha primeira experiência do uso da informática como ferramenta de ensino aconteceu ainda na minha graduação, em 1986, quando existia na universidade um laboratório de informática no qual realizávamos experimentos e simulações de matemática, física, desenho técnico e lógica. Mas foi a partir de 1990 que comecei a utilizar, junto aos alunos, o computador como um dos recursos no processo cognitivo. A curiosidade pelo manejo da máquina gerava muito interesse e muita expectativa nos alunos, mesmo se tratando de uma disciplina até então tida como “chata”. Sem perceber, o chato tornava-se agradável.

CN – Nesse período de utilização da ferramenta, já se pode perceber resultados satisfatórios? Como mensurá-los?

MP – Os resultados passaram a ser percebidos imediatamente. No momento em que o professor utiliza um recurso diferenciado que abre espaço para um desafio diante de uma turma de alunos, pode-se dizer que a primeira etapa do processo de ensino e aprendizagem já está alcançada, esta etapa é o que chamamos de mobilização. Tudo o que vier depois é produção do conhecimento. O computador ainda é incapaz de tomar decisões e fazer escolhas sobre a subjetividade pura, pois esse tipo de ação muitas vezes envolve a relação interpessoal, afetiva e sentimental sobre aquele momento em que o grupo está reunido. Essas variáveis só podem ser discutidas e avaliadas diante de trocas, cedências, discussões e avaliações que a máquina ainda não está preparada para resolver. O computador precisa ser alimentado com informações corretas, a partir daí ele poderá devolver esas informações de forma organizada ou elencadas a outras informações correspondentes. Hoje, quando um aluno se apropria do recurso da informática para gerar um trabalho escolar ou um simples desenho, com certeza, entre a decisão de usar a máquina e o resultado final do trabalho, ocorreram inúmeras tomadas de decisão e aprendizados paralelos que não percebemos, a menos que nos aprofundemos numa pesquisa de observação.

CN – Qual a opinião dos alunos?

MP – A opinião dos alunos é a mais variada possível, depende muito da faixa etária e da relação que este aluno estabelece com a máquina. Com certeza, num grupo de alunos em que a maioria convive com o computador, você vai encontrar entre eles aquele que não se interesse pelo recurso ou até mesmo que banalize o estado da máquina. Mas entre todos os recursos, o computador ainda é hoje o mais completo, uma vez que trabalha com todas as mídias (imagem, som, animação, etc.) e pode finalizar o produto do seu trabalho numa reprodução concreta (impressão no papel), tudo isso ainda depende muito de como os recursos tecnológicos são apresentados e conduzidos diante dos alunos, pois se não houver técnica, objetividade, metodologia e conhecimento, com certeza os alunos passarão a ser seletivos e poderão detestar a máquina quando esta não estiver disponível para jogar ou navegar na Internet.

CN – Os softwares Educandus são algumas dessas ferramentas já utilizadas em quase todos os estados do País. Como o sr. avalia a contribuição deles na aprendizagem dos alunos? Gostaríamos de saber também as vantagens que os sistemas Educandus trazem para os professores.

MP – Os softwares Educandus trazem um diferencial que é aquela vontade a mais entre professor e aluno de ir buscar novos experimentos e exemplos para descobrir como os fenômenos das ciências em geral acontecem. Foi através dos softwares da Educandus que consegui envolver os alunos em várias pesquisas, tais como: Educação ambiental, robótica, biologia e física. Os programas da Educandus foram construídos de forma que a resposta das questões apresentadas precisam ser trabalhadas e discutidas muitas vezes antes que a afirmativa correta seja apresentada. Nesse tipo de software, o professor ganha tempo, pois a elaboração do problema já está dada pelo programa, e usa esse tempo ganho para o raciocínio coletivo de como equacionar e alcançar a melhor solução para o que está sendo apresentado. Outra vantagem que descobri usando os softwares da Educandus é que as simulações propostas podem ser reproduzidas ou observadas no cotidiano dos alunos, facilitando assim a abstração e a relação entre o concreto e o virtual.

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