Edição 09

Matérias Especiais

FAMÍLIA VILAS BOAS

Irmãos: Álvaro, Cláudio, Leonardo e OrlandoFamília de brasileiros que, em meados do século XX, distinguiram-se como sertanistas e na defesa dos valores culturais dos índios. 14:387 Xingu, Rio 14:470
Orlando Villas Boas, indigenista e sertanista paulista. Pioneiro no trabalho de contato e proteção aos índios brasileiros.

Orlando Villas Boas (12/1/1916-12/12/2002) nasce em Santa Cruz do Rio Pardo. Filho de pai advogado e fazendeiro, passa infância em locais tranqüilos, rodeados por matas e rios. Muda-se para São Paulo já adolescente e em 1943 decide abandonar a cidade grande para participar da expedição Roncador-Xingu, junto com os irmãos Cláudio e Leonardo. O objetivo da expedição, que dura de 1943 a 1960, é desbravar regiões desconhecidas do Centro-Oeste e da Amazônia, localizando lugares adequados para futuras cidades. Nesse período, Orlando participa do contato com diversas tribos indígenas, entre os xavantes (1948), os jurunas (1949), os kayabis (1951), os txucarramães (1953) e os suyas (1959). Defende a instalação de um parque indígena, o que é atendido em 1961 com a criação do Parque Nacional do Xingu. Dirige o parque de 1961 a 1967 e toma parte nas negociações para a convivência pacífica das 18 nações indígenas lá instaladas. Participa ainda dos primeiros contatos com os txikãos (1964) e os kranacarores (1973). Aposenta-se em 1975, mas continua a trabalhar e a defender o direito dos índios de viverem em uma sociedade separada da dos brancos. Publica diversos livros, entre eles Marcha para o Oeste, contando a expedição Roncador-Xingu, ganhador do prêmio Jabuti 1995 de melhor livro-reportagem. Em 1997 lança o Almanaque do Sertão, em que narra seus 45 anos de andanças pelas matas brasileiras. A Funai (Fundação Nacional do Índio) o demite por fax no início de 2000 por acumular um salário com uma aposentadoria, o que não seria permitido. Mesmo com convites, para voltar, prefere aceitar uma proposta da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Cláudio Villas Boas (8/12/1918-1/3/1998), paulista de Botucatu, acompanha Orlando na expedição Roncador-Xingu. Chefia o grupo responsável pelo primeiro contato em território dos xavantes (1948). Também participa dos encontros com outros grupos indígenas e trabalha no Xingu até 1975. Divide com Orlando a autoria da maioria dos livros, com destaque para o premiado Marcha para o Oeste.

Leonardo Villas Boas (1918-1961), igualmente natural de Botucatu, participa da Roncador-Xingu. Enfraquecido por doenças tropicais, morre de miocardite reumática.

Álvaro Villas Boas (1926) nasce em São Paulo e trabalha no Xingu em 1961 e 1962. Passa, então, a residir na capital paulista, apoiando as viagens dos irmãos. Chega a assumir a presidência da Funai por um curto período de tempo, em 1985.

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