Edição 32

Matérias Especiais

Fraternidade e Amazônia

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A Amazônia será tema da Campanha da Fraternidade em 2007, com o lema Vida e missão neste chão!

Em 2002, a CNBB constituiu a Comissão Episcopal para a Amazônia com o objetivo de ajudar toda a Igreja no Brasil a voltar os olhos para a Amazônia e a tomar consciência dos grandes desafios da evangelização naquela região. A escolha do tema Fraternidade e Amazônia é expressão da mesma preocupação pastoral do episcopado. A Campanha da Fraternidade de 2007 poderá ser uma ocasião privilegiada para que também todo o Brasil tome consciência mais aprofundada sobre a complexa problemática da Amazônia e se volte para lá com políticas e iniciativas eficazes.

Ao falar em Amazônia, vem imediatamente à memória a preocupante questão ambiental: grandes rios e florestas imensas, devastação do verde e ameaça à riquíssima biodiversidade. Acompanhamos com apreensão a ocupação, muitas vezes predatória, das terras amazônicas, sem que seu complexo e delicado ecossistema seja respeitado. O egoísmo e a ganância na exploração das riquezas, o descuido e a imprudência ameaçam seriamente esse patrimônio natural, que não é somente dos brasileiros. A devastação da Amazônia configura-se como uma perda e uma ameaça para toda a humanidade.

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A Amazônia também faz pensar em questões sociais e antropológicas: indígenas perturbados e agredidos em suas culturas; esvaziamento do território, já tão pouco povoado; crescimento caótico dos centros urbanos; ocupação de vastas áreas com projetos agropecuários; conflitos pela ocupação e posse das terras. O impacto da urbanização, da economia e da cultura globalizadas sobre as populações locais gera migrações, desenraizamento social, cultural e religioso; no coração da Amazônia, e não apenas na área de Manaus, apresentam-se os problemas sociais típicos de áreas metropolitanas e industriais do centro- sul do País: falta de infra-estrutura e de serviços públicos nas novas áreas de povoamento e nas explosivas realidades urbanas, desemprego, violência e degradação dos costumes.

A Amazônia, além disso, representa, para a Igreja, um conjunto de desafios novos postos à sua ação evangelizadora. As migrações levaram para a Amazônia centenas de milhares de pessoas de todas as partes do Brasil; surgiram novas áreas de povoamento, que necessitam de assistência religiosa às populações e de estruturas de vida eclesial.

As dioceses e prelazias daquela região, no passado, eram geralmente socorridas por missionários estrangeiros, que lhes serviam com recursos humanos e materiais vindos de fora do País; hoje, essas forças ficaram drasticamente reduzidas, e as igrejas da Amazônia ainda não estão em condições de enfrentar sozinhas a sua imensa tarefa evangelizadora.

Como atender adequadamente às comunidades católicas esparsas pelo vasto território? A ação intensa de grupos religiosos não-católicos está questionando seriamente a capacidade e a agilidade de nossa Igreja católica em atender devidamente às necessidades religiosas dos seus próprios fiéis. Chegou a hora de uma grande ação solidária de toda a Igreja no Brasil para a evangelização da região amazônica. O apoio e o revigoramento daquela Igreja local tornaram-se urgentes e requerem a ajuda de voluntários e missionários das outras regiões do País, além de recursos econômicos e logísticos.

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Vida e missão neste chão! A Igreja católica esteve presente no meio dos povos amazônicos desde o início da evangelização do Brasil e quer agora aprofundar sua presença e ação no meio deles. O lema aponta para os objetivos e a dupla preocupação da Campanha da Fraternidade de 2007. De um lado, fraternidade efetiva e corresponsabilidade na defesa e promoção da vida, que se manifesta de maneiras tão exuberantes e de tantos modos na Amazônia; por outro lado, fraternidade em relação à Igreja local, com todas as suas organizações e expressões, para que ela esteja em condições de assumir sua missão de anunciar o Evangelho da vida e da esperança aos povos amazônicos.

A CF de 2007 poderá ser um grande momento para trazer a Amazônia para dentro do coração da Igreja no Brasil e de todos os brasileiros; será ocasião também para suscitar iniciativas e ações eficazes de valorização e defesa daquela vasta e ameaçada região brasileira. Antes que seja tarde demais.

Texto extraído do site www.cnbb.gov.br.

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