Edição 93

Como mãe, como educadora, como cidadã

“Gentileza gera gentileza.” Será que gera ou é utopia?

Zeneide Silva

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Penso que o Profeta Gentileza e muitas outras pessoas nunca imaginaram que o nosso mundo chegaria ao que estamos vivendo hoje. Só se vê agressividade, falta de respeito, violência, destruição dos lares. Tudo isso é muito triste e preocupante.

Pergunto-me: o que podemos fazer para contribuir para um mundo melhor através da nossa prática? Penso, penso, penso… e nada.

Não me considero uma pessoa pessimista; pelo contrário, acredito nas pessoas, acredito nos educadores e principalmente nas famílias, mesmo diante do que está acontecendo. Vejam o que aconteceu comigo enquanto tentava ser gentil.

46_como_maeEstava no centro da cidade, estacionei meu carro e fui a uma livraria; quando voltei, havia um senhor querendo uma vaga. Aproximei-me dele e falei que já estava saindo, mas precisava de apenas cinco minutos para pegar uma encomenda em frente ao estacionamento. Ele agradeceu e disse que esperava, já que havia dado várias voltas e não conseguira vaga.

Procurei ser rápida e quando voltei vi que ele tinha se afastado para que eu pudesse sair. Nesse momento, outro senhor estacionou por trás do meu carro. Decidi descer do veículo e informá-lo que já havia alguém aguardando a vaga. Este senhor foi altamente grosseiro comigo, dizendo que não estava me perguntando nada, que não queria aquela vaga e que eu poderia tirar a porcaria do meu carro… Fiquei sem ação, procurando ser gentil com os dois senhores. Nesse momento, veio o flanelinha e pediu que ele não fosse grosseiro comigo. Entrei no carro, agradeci ao flanelinha e acenei para o senhor que aguardava a vaga.

No caminho fiquei pensando nesse senhor, imaginando como seria seu dia a dia, com sua família, seus amigos, sua vizinhança… enfim, se foi um momento dele ou se ele era realmente assim mesmo.

Voltando para casa, pensei em Guilherme, meu sobrinho-neto, de 1 ano e 10 meses. Quando ele está fazendo trela e a sua mãe reclama, ele levanta a mãozinha demonstrando o gesto de PARE e depois balança os dedinhos dizendo “Nan, nan, nan”… Eu deveria ter tido essa atitude com o senhor grosseiro: levantar a minha mão e dizer “Pare” àquele senhor, depois reclamar por ter sido tão mal-educado, prepotente, arrogante, impaciente. Deveria dizer que ele mudasse, ajudasse e escutasse mais. Deveria, como meu sobrinho-neto, juntar meus dedinhos e desejar a ele tudo de bom, como meu pequeno Guilherme faz ao dizer “Eu amo você”.

Educadores, façamos um movimento usando nossa mãozinha para dizer “Pare de reclamar” e, depois, juntemos nossos dedinhos para dizer “Eu te amo”.

Tente, faça essa experiência e crie em sua sala de aula um momento de agradecer por tudo. Você certamente fará uma grande diferença no mundo, vivenciará e acreditará que, com certeza, gentileza gera gentileza.

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