Edição 36

Matérias Especiais

Grito de Justiça

Nildo Lage

grito_justica

Independência! Independência!
Onde estás, que não respondes?
Onde ocultas a tua face?

Por que reprimes o teu grito de liberdade, que “OUVIRAM, DO IPIRANGA, AS MARGENS PLÁCIDAS”?

Converteu-se em gemidos de dor, em lamentos de derrota… num pedido de arrego… para receber a clemência dos credores? Ou esperas a reação “DE UM POVO HERÓICO, O BRADO RETUMBANTE” para salvar a tua honra?

“E O SOL DA LIBERDADE EM RAIOS FÚLGIDOS” que “BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE”? Foi asfixiado pelas sombras da mentira? Encoberto pelo Véu da Corrupção? Brilha em outro céu? Ou seus raios eram artificiais e perderam o fulgor?

E “O PENHOR DESSA IGUALDADE”, que garantia tanta justiça… honestidade, despencou no abismo da desigualdade, impelido pelas mãos da desonestidade… Destruindo o que“CONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO FORTE”.

Se “EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE!”, por que vivo preso às correntes da maldade, padecendo pelo corredor da miséria… da fome… do desemprego… do salário humilhante que“DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE! “Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA. SALVE! SALVE!”?

Por que ignoras o chamado do teu filho que brada por justiça?

“BRASIL”… se és “UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDO!”, por que vivo um pesadelo constante? Mergulhado na escuridão do esquecimento… nas trevas do analfabetismo…

levando uma vida subumana?

Por que dizes “DE AMOR E ESPERANÇA À TERRA DESCE”?
Se de violência e terror o teu filho padece!

“SE, EM TEU FORMOSO CÉU RISONHO E LÍMPIDO, A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE!”, por que paira sobre mim a nuvem sombria da infelicidade?

Realmente, és “GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA!”, mas reduzido pela força da pobreza, pela impunidade dos nossos representantes que usam o dinheiro público em benefício próprio…

“ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO, COLOSSO…”, mas se mostras horrendo, covarde e inconsistente… Vulnerável ante as turbulências que exigem justiça.

“O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA!”, mas o teu presente retrata incerteza… instabilidade…

Por que a “TERRA ADORADA” proporciona tanta dor?

Se “ENTRE OUTRAS MIL, ÉS TU, BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA!”, por que ignoras a minha existência? Podas os meus direitos de cidadão? Reprimes o meu grito de Justiça?!

“DOS FILHOS DESTE SOLO, ÉS MÃE…”; sou aquele ignorado, lançado na sarjeta… que sonha em ser acolhido no teu seio e ser, pelo menos, reconhecido como cidadão…

“GENTIL… PÁTRIA AMADA BRASIL…”, que não retribui o meu amor e o que faço para te engrandecer.

“DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO!”, espero o milagre da mesa farta, sonho com o abrigo seguro… Devaneio com o dia em que os políticos farão do poder um instrumento de cidadania…

“AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO!”, ouço uma canção que fala de mensalão, de cuecas recheadas de dólares, malas cheias de reais… Caixa dois… e não vejo…

“FULGURAS, Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA, ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO.”

“DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA!…” que se estremece ante o som do medo… que se rende ao domínio dos traficantes…

“TEUS RISONHOS LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES…”, que enfeitam o desalento do teu povo que a cada dia fica mais pobre… sem liberdade… sem autonomia…

“NOSSOS BOSQUES TÊM MAIS VIDA!”, que se extinguem pela ambição, pelo desrespeito à própria vida.

“NOSSA VIDA, NO TEU SEIO, MAIS AMORES!” Vidas que são esquecidas, sentimento que proporciona apenas infelicidade… decepção… ira…

“Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA… SALVE! SALVE!”, volta teus olhos para teus filhos que imploram seus direitos.

“BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO!” Ou pelo menos uma esperança para um povo que sonha em ser alguém.

Que “O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO” não seja uma arma para destruir quem te defende, mas um escudo para amparar o ente que te ama.

“E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA!”, para me iluminar e me proporcionar uma vida justa, que sou a sua essência, o teu escudo, a tua arma…

Para que eu tenha “PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO”.

Se o presente não é vivido com dignidade! Mas… “SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE”, que seja para destruir o mal. “E VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA.”

Se “NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE!”, então permita que eu viva com liberdade e segurança.

“TERRA ADORADA!”, deixe-me tirar do seio o meu sustento.

“ENTRE OUTRAS MIL”, seja pelo menos justa com teu filho.

“ÉS TU, BRASIL”, onde quero viver sem violência, com justiça social… com igualdade…

“Ó PÁTRIA AMADA!” Por que não me ouves?

“DOS FILHOS DESTE SOLO, ÉS MÃE”. Sou apenas mais um que busca o direito de viver em paz.

Sê “GENTIL, PÁTRIA”, que me faz sonhar com dias melhores. Sê mais do que uma nação…

Que o “BRASIL! DE TODOS” seja uma nação para “TODOS”.

cubos