Edição 11

Projeto Didático

Imagine o que ainda vem por aí!

Brennand é um artista pernambucano reconhecido no mundo inteiro por sua obra. Entretanto, acredita que o sentimento de eterna frustração é a sensação que todo escultor e pintor deve sentir ao analisar a sua obra, porque não existe nada acabado, pronto. Diante dessa postura, imagine o que ainda vem por aí!

Junto com nomes muito importantes da arte, como: Ariano Suassuna, Janice Japiassu, Quinteto Armorial, Antônio Madureira, Deborah Brennand e outros, concebeu e deu vida ao Movimento Armorial, que fundamenta-se na identidade local, procurando fazer uma arte erudita, mas valorizando a raiz do popular. Buscou, inclusive, que a arte desenvolvida nesses parâmetros se perpetuasse por sua qualidade.

Nesta época, Brennand pintava, trata-se da sua primeira fase, a Floral. Hoje definida por ele mesmo como uma preparação para os seus murais. Propunha uma “deformidade” das flores, folhas, frutos, sementes, caules e raízes com coloridos múltiplos, que, na verdade, era a ampliação destas formas. Formas que tinham algo veladamente erótico e sexual, é como se fossem também uma preparação para o trabalho que desenvolveria depois. A pintura também foi uma preparação para a escultura, pois se assemelham às formas humanas, à anatomia do homem e da mulher. Este posicionamento é bastante próprio e característico seu, já que ele coloca para si a importância do papel investigativo de encontrar ou traçar uma linha, um fio condutor, para tudo e com tudo.

Sua obra atual, tanto na escultura como na pintura, é polêmica, carregada de suas idéias sobre sexualidade, erotismo e pornografia. Nos seus quadros mais atuais, a beleza da mulher adolescente é explorada, assim como Balthus o fez. Justifica esta escolha porque é o entusiasmo e a verocidade da paixão que marca, é esta a lembrança que fica, todo o fulgor da juventude.

Acredita que o homem é o único animal que não se permite experimentar sua sexualidade livremente, por causa disso, muitas vezes, se inibi diante do outro. É através do erotismo que o homem reage à esta condição imposta por ele próprio e pela sociedade, que o homem alimenta o seu instinto reprodutivo. E quando esta concepção de sexualidade é repaginada, reelaborada, dialoga com a pornografia, que visita a sexualidade primitiva e é tida como a “única linguagem universal” conhecida por ele.

Brennand se auto-define como feudal, supersticioso e pornográfico.

Um pouco da história de Brennand

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu em 11 de junho de 1927, no Recife, Pernambuco. Após concluir secundário, desistiu de ingressar na Faculdade de Direito e começou a estudar pintura. Conquistou o 1º Prêmio no Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco, em 1947 e 1948. Foi a Paris, onde freqüentou o atelier de André Lothe e Fernand Léger. Viajou à Bélgica, à Suíça, a Portugal e à Espanha. Em Barcelona, a arquitetura e as esculturas de Gaudí o impressionaram tanto que acabaram influenciando sua obra futura. Em 1953, na Umbria, Itália, fez estágio numa fábrica de faiança para aperfeiçoar o seu conhecimento na arte cerâmica.

Quando retornou ao Brasil, começou a trabalhar intensamente, realizando exposições de pintura e cerâmica em vários museus e galerias de todo o País. Executou murais em edifícios no Recife e no exterior. Em 1971, começou a reformar uma velha fábrica de tijolos e telhas fundada pelo seu pai, com cerca de 10.000 m2 de área coberta, transformando-a num espaço místico e mágico que até hoje é recriado pela sua inquietação de artista.

O ceramista Francisco Brennand recebeu no ano de 1993 o Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, outorgado pela OEA – Washington/USA, pelo conjunto e singularidade do seu trabalho.

Fonte: www.brennand.com.br

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