Edição 50

Matérias Especiais

O professor pode ser fonte de motivação para o aluno?

Niusarte Virginia Pinheiro

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A motivação do aluno para os estudos é considerada um fator de suma importância
para o êxito escolar. Podemos definir motivação como a força propulsora
interior a cada pessoa que estimula, dirige e mobiliza, ou seja, conduz o sujeito
à ação com empenho e entusiasmo.

Na literatura, encontram-se dois tipos de motivação: a) Motivação
intrínseca: baseada em um interesse pessoal. Possui
como características a autonomia e o autocontrole. Por
exemplo: o aluno estuda História da África para entender
sua condição de negro. b) Motivação extrínseca: baseada em
recompensas materiais e sociais. Quando o sujeito se dirige
a um determinado objetivo estimulado por aspectos corre-
latos que dele podem resultar. Por exemplo: o aluno estuda
História da África para ser aprovado no vestibular.

Destacamos três fatores que podem influenciar significativamente
a motivação:

• O significado que o conteúdo e a disciplina têm
para o aluno

O significado do conteúdo e da disciplina varia de acordo
com as metas e os objetivos de vida de cada um. Caso não
se perceba a utilidade, o interesse e o esforço tendem a diminuir
à medida que o aluno se pergunta que serventia tem
aquilo que o professor lhe ensina. É importante colocar para
os alunos problemas ou interrogações, despertar a curiosidade
deles, mostrando a relevância que pode ter a realização
da tarefa, que é essencial.

É imperativo que o professor conheça o aluno e sua história
de vida. Assim, o educador poderá ficar próximo dele, saber
seus interesses e sonhos para, a partir daí, preparar aulas
atrativas e significativas que atenderão às necessidades e
aos interesses da turma.

• As implicações da autoestima para a motivação

A elevada autoestima estimula o aprendizado. O estudante
que goza de elevada autoestima aprende com mais alegria e
facilidade. Quem se julga incompetente e incapaz de aprender
aproxima-se de toda nova tarefa de aprendizagem com
uma sensação de desesperança e medo.

Alunos desmotivados, com baixa autoestima, costumam desenvolver
atitudes como “não sei fazer, não adianta tentar,
não vou conseguir…”. Eles necessitam de uma orientação
educacional que inclua estímulos socioafetivos que favoreçam
o desenvolvimento do autoconhecimento, da identidade
pessoal e, com ela, a elevação da autoestima, para
reconstruir seus projetos de estudo e de vida.

• A motivação do professor

Tendo em vista que a atividade acadêmica se realiza de
forma coletiva e em um contexto social, o professor deve
criar um “ambiente motivador”. Isso significa desenvolver
em sala de aula situações de aprendizagem em que o aluno
tenha papel ativo na construção do conhecimento, usando
adequadamente os recursos didáticos, a avaliação formativa,
as estratégias de ensino e o conteúdo, proporcionando
atividades desafiadoras, etc. Entretanto, o professor é, por
excelência, o principal agente motivador. Ele precisa estar
motivado, ter compromisso pessoal com a educação, demonstrar
dedicação, entusiasmo, amor e prazer no que faz.

O educador deve ser aquele que estabelece uma relação de
afetividade com o aluno, que busca mobilizar a energia interna
dele. Se o clima de calor humano desenvolvido pelo
professor é percebido no processo de interação, passando a
imagem de pessoa digna de confiança, amistosa, é provável
que os estudantes se esforcem para corresponder às suas expectativas.
Comentários do tipo “você não aprende mesmo!”
ou “você não quer nada, não tem jeito!” danificam a autoestima
do aluno e reforçam o sentimento de incompetência.

A qualidade das relações estabelecidas no interior da sala
de aula tem implicações na motivação do aluno. As pessoas
procuram sentir-se aceitas pelos outros. Podemos chamar
isso de motivação de filiação, ou seja, a necessidade que a
pessoa tem de se sentir aceita e valorizada.

É preciso levar em consideração que fatores socioeconômicos
e biológicos também influenciam a motivação. O professor
não pode considerar o problema do desinteresse do
aluno apenas como uma questão psicológica. A falta de motivação
pode ocorrer, também, pela não satisfação de necessidades
como fome, cansaço e afeto. O importante é avaliar
cada caso e procurar resolvê-lo na medida do possível.

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 Questões para debater

1- Qual é a relação que existe entre motivação e rendimento
escolar?
2- Onde podemos buscar apoio para melhorar nossa auto-
estima?
3- O professor é realmente importante na motivação para
o estudo?

Niusarte Virginia Pinheiro é pedagoga, mestre em Ciências da
Educação, professora na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri (UFVJM), em Teófilo Otoni/MG.
Contato: niusarte@yahoo.com.br.

Fonte: www.mundojovem.com.br

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