Edição 107

Mensagem Final

Os filhos do quarto

Cassiana Tardivo

Antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares, hoje temos perdido eles dentro do quarto!

Quando brincavam nos quintais, ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e, ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes.

Quando entravam em casa, não existia uma TV em cada quarto nem dispositivos eletrônicos em suas mãos.

Hoje, não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias, as crianças estão ali, cada uma dentro de seu quarto, e, por isso, pensamos estarem em segurança.

Quanta imaturidade a nossa.

Agora, ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos quais são…menino_escuro_smartpho_opt

Perdem, literalmente, a vida, ainda vivos em corpo, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros que em nada contribuem para formação de crianças seguras e fortes para tomar decisões moralmente corretas e de acordo com os valores familiares.

Dentro dos quartos perdemos os filhos, pois não sabem nem mais quem são ou o que pensa sua família, já estão mortos de sua identidade familiar…

Se tornam uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles têm sido influenciados e os pais nem sempre sabem o que seus filhos são.

Você hoje pode ler este texto e amar, mandar para os amigos.

Pode enxergar nele verdades e refletir. Tudo isso será excelente.

Mas, como psicopedagoga, tenho visto tantas famílias doentes, com filhos mortos dentro do quarto, então faço a você um convite, e, por favor, aceite!

Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do celular, do computador, do fone de ouvido, convido você a comprar jogos de mesa, tabuleiros, e ter filhos na sala ao seu lado por no mínimo 2 dias estabelecidos na sua semana à noite (além do sábado e domingo).

E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas e os pensamentos e tenha a grande oportunidades de tê-los vivos, “dando trabalho”, para que eles aprendam a viver em família, se sintam pertencentes ao lar e não precisem se aventurar em brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco da adrenalina que antes tinham com as brincadeiras no quintal!

Cassiana Tardivo é psicopedagoga.
https://www.cassianatardivo.com.br/psicopedagoga-zona-sul-sp.html

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