Edição 102

Projeto Didático

Os jogos no processo de aprendizagem

Beatriz Torres da Silva

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Brincadeiras como pular corda, amarelinha, esconde-esconde, jogar bola fazem parte do dia a dia das crianças, mas quero mostrar aqui jogos na aula de Matemática que, de várias formas, também podem fazer parte da vida das crianças, tirando delas aquela sensação de rotina e de obrigação.

De acordo com Borin (1996), um dos motivos para a introdução de jogos nas aulas de Matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e se sentem incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, na qual é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo que esses alunos falam sobre Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. “A noção de jogo aplicado à educação desenvolveu-se vagarosamente e penetrou, tardiamente, no âmbito escolar, sendo sistematizada com atraso, mas trouxe transformações significativas, fazendo com que a aprendizagem se tornasse divertida”, comenta Schwartz (1966).

Os jogos exercem um papel muito importante na construção de conceitos matemáticos por se constituírem em desafios aos alunos, pois é através dos jogos que os alunos trazem suas dúvidas e questionamentos, fazem tentativas, acertam, erram, se surpreendem, se frustram, raciocinam, mudam de estratégias, se arriscam e constroem novos conhecimentos à medida que vão evoluindo em seus aprendizados.

Alguns pesquisadores, como Kamii e DeVries (1991), Kamii e Joseph (1995), Kamii e Livingston (1995), Kamii e Housman (2002), apresentam as vantagens significativas do uso de jogos no trabalho com a Matemática, principalmente nas séries iniciais. A autora Kamii salienta que os jogos podem substituir atividades enfadonhas como folhas de intermináveis “contas” que acabam sendo bastante repetitivas, uma vez que basta aplicar uma técnica específica para resolvê-las.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática apontam como aspecto mais relevante no trabalho com jogos o fato de que provocam desafios genuínos nos alunos, gerando interesse e prazer e, por isso mesmo, recomendam que eles façam parte da cultura escolar. Assim, os jogos não devem ser atividades “extras”, usados apenas depois que o professor já “venceu o conteúdo proposto” (STAREPRAVO, 2009).

Por isso, devemos motivar os nossos alunos a ter uma visão diferente em relação à Matemática. Assim como nós, eles precisam entender que a Matemática pode, sim, ser uma disciplina gostosa de se aprender, e, para que isso aconteça, devemos optar pelos jogos matemáticos. Temos que introduzi-los no nosso dia a dia mesmo que tenhamos de mudar nossas metodologias e rotina e mesmo que seja mais trabalhoso do que levar para a sala de aula uma folhinha xerocada com uma série de problemas que damos para os alunos resolverem. Como o problema ilustrado acima, afinal “Aprender é modificar o que o aprendiz já possui, é poder interpretar o novo de forma peculiar, para poder integrá-lo e torná-lo seu.” (STAREPRAVO, 2009).

No entanto, para que o ato de jogar na sala de aula se caracterize como uma metodologia que requer planejamento e que favoreça a aprendizagem, o papel do professor é essencial. Sem intencionalidade pedagógica do professor, corre-se o risco de se utilizar o jogo sem expor seus aspectos educativos, perdendo grande parte de sua potencialidade. Por esse motivo, é preciso ter muito cuidado ao escolher o jogo; devemos estudá-lo bem antes de colocá-lo em prática e também temos de ter bastante cuidado para não torná-lo algo obrigatório.

Abaixo, seguem algumas atividades realizadas com uma turma de 5º ano no Centro Educacional Tempo de Aprender, onde sou professora e coordenadora pedagógica. A Editora Construir tem sido minha maior fonte de inspiração. Sendo assim, eu não poderia deixar de compartilhar com vocês essas orientações didáticas que tanto têm me ajudado no trabalho em sala de aula.

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Beatriz Torres da Silva é Pedagoga.

Referências

SILVA, Beatriz Torres da. Brincando com Números e Operações. Monografia.

STAREPRAVO, Ana Ruth. Jogando com a Matemática: Números e Operações. Rio de janeiro: Amará, 2009.

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