Edição 22
Projeto Didático
Pablo Picasso
“A pintura não existe ‘para decorar apartamentos’, ela é um instrumento de guerra ofensiva e defensiva.”
(Pablo Picasso)
Pablo Ruiz y Picasso, o artista mais famoso e também o mais versátil do século 20, nasceu em Málaga, no sul da Espanha, em 25 de outubro de 1881. Iniciou-se nas artes plásticas com o pai, José Ruiz Blasco, professor de desenho.
Aos quinze anos de idade, ganhou seu primeiro prêmio oficial e, aos dezenove, fez sua primeira viagem a Paris, onde passaria a residir a partir de 1904. Na capital francesa, conheceu numerosos artistas e intelectuais e ali iniciou sua carreira como um dos mais férteis e originais pintores do século 20. Picasso jamais guardou fidelidade a um estilo de pintura. Por isso, passou por diversas fases, tais como a azul, a rosa, a negra, a cubista, entre outras, em que, apesar da diversidade de estilo, o artista sempre deixava transparecer suas preocupações com o destino do homem. Picasso definia a sua própria criação pictórica sensível a todas as idéias e participante de todos os acontecimentos de seu tempo. Foi o mais completo exemplo de singularidade. Partindo do Naturalismo para o Expressionismo, deste para o Classicismo ou o Romantismo, ardente cubista ou terno abstrato, Picasso permaneceu, acima de estilos e movimentos, um criador inesgotável, inventor de formas que podia abandonar a qualquer instante para perseguir uma idéia inédita ou explorar uma nova técnica. O repúdio a toda regra e a constante busca de novas soluções colaboraram para a descontinuidade e enorme variação de sua obra.
Picasso assimilou as influências de vários grupos de pintores que trabalhavam à sua volta e conseguiu criar uma forma extremamente pessoal da representação da tragédia do seu país de origem, a Espanha. Ao lado de Marc Chagall e Joan Miró, Picasso tornou-se um dos grandes nomes da arte moderna.
Criador inesgotável, Pablo Picasso foi, durante toda a sua longa existência (morreu em 1973, aos 92 anos de idade), um artista de vanguarda.
Em 1907, lançou, juntamente com Georges Braque, um dos mais importantes movimentos artísticos do século 20: o Cubismo. Em 1914, quando este já estava consolidado, Picasso enveredou por outro caminho, adotando um estilo de feição mais pessoal e sem compromisso com nenhum movimento.
A experimentação cubista desenvolve-se até o final da década de 20, mas já estilizada, como em Três Máscaras de Músico, de 1921, ou em Compoteira e Violão, de 1924. Em seguida, Picasso realiza uma pintura semi-abstrata, como em O Pintor e seu Modelo, de 1927. A partir de 1930, após o Cubismo já quase decorativo e um estágio neoclassicista, seus quadros apresentam formas de ritmo forte, às vezes espasmódico, que prenuncia a explosão dramática de 1937 com Guernica, grande composição em preto e branco com imagens convulsas e estilhaçadas que denunciam o bombardeio da cidade espanhola de Guernica pela força aérea alemã.
As fases seguintes são de tendências diversas, que incluem reiterações do Cubismo, distorções figurativas entre o Cubismo e o Expressionismo, como em Mulher Sentada, de 1942, e, em tudo, um vigoroso repúdio à guerra e à violência, como na tela O Ossuário, de 1944–1948, ou nos murais para a capela de Vallauris, Guerra e Paz, de 1952.
Os temas dos quadros de Picasso são os mais variados, abrangendo desde figuras de mendigos, cenas eróticas, nus artísticos, retratos, cenas do cotidiano, até touradas e temas de protesto contra as guerras e a opressão política e social. A seguir, apresentamos alguns dos seus famosos quadros:
Picasso fez uma rápida viagem a Paris em 1900. Mas foi no ano seguinte que ele se apaixonou pela cidade, expôs ali pela primeira vez com sucesso e começou a colecionar um bando de dedicados amigos e seguidores parisienses. A partir de 1904, Paris seria seu lar durante as próximas quatro décadas. Os nítidos contornos e a modelagem simplificada de Criança com Pombo, pintado durante esse período decisivamente importante, refletem a influência de artistas como Gauguin e Cézanne, cujos trabalhos ainda eram vistos com desconfiança pelo sistema acadêmico; o toque de sentimento no quadro é Picasso.
Kunstmuseum, Basiléia – A têmpera é exemplo de uma reflexão mais rigorosa sobre a estrutura interna do que é genuíno. Ao se limitar, praticamente, a simples objetos sem importância, como as naturezas-mortas, as compoteiras, os instrumentos musicais, o pintor representa a realidade com uma pureza que vem diretamente do ensinamento de Cézanne e de seu equilíbrio entre o sentido e a razão.
Museu Ermitage, São Petersburgo. Em 1909, Picasso passa suas férias numa localidade próxima a Saragoça e pinta algumas de suas obras-primas. Esta tela é uma vista construída exclusivamente com os volumes elementares das casas; a perspectiva é realçada progressivamente, com as formas sendo dispostas sobre uma superfície plana. A gama cromática é bastante reduzida. Com essa obra, Picasso cria um novo estilo, no qual as realidades visuais se reduziam a seus elementos geométricos. Ao voltar para Paris, ele descobriu que seu amigo Georges Braque estivera trabalhando em linha quase idêntica. Os dois artistas formaram uma das mais famosas parcerias da história da arte, e nasceu o Cubismo.
Apesar das divertidas contorções da figura humana, essa cena tem a frescura de um cartaz de praia. Vale a pena lembrar que não se costumava nadar no mar nem se falava em banho de sol antes da Primeira Guerra Mundial. Esse quadro foi inspirado por uma visita a Biarritz, que iniciou uma série de verões passados à beira-mar, sendo Picasso pioneiro da popularidade alcançada mais tarde por balneários hoje famosos como Juan les Pins e St. Tropez. As fotografias ensolaradas de Picasso, atarracado e de peito nu, acompanhado pela musa do momento, fez dele um dos poucos artistas do século 20 capaz de ser reconhecido imediatamente por milhões de pessoas.
Naturezas-mortas, arranjos de objetos totalmente sob controle do artista, eram o principal veículo para o Cubismo de Picasso, embora, ao contrário do amigo e parceiro Georges Braque, ele também às vezes aplicasse a fragmentação cubista da realidade aos retratos. Aqui, de forma insólita, atacou uma natureza-morta com uma veia relativamente tradicional, não-cubista. Mas Picasso quase nunca nos deixa esquecer de que o que estamos vendo é feito pelo homem, prejudicando deliberadamente qualquer aspecto “fotográfico” de suas obras ao deixar inacabados fragmentos e sombreados. As molduras da parede, elegantemente austeras, podem sugerir um crescente interesse do artista pelo Classicismo ou, talvez, apenas refletir o estilo de vida confortável e respeitável que adotara depois do casamento com Olga.
*Criança com Pombo (1901)
Óleo sobre tela
*Fruteira e Frutas (1908)
* Fábrica em Horta de Ebro (1909)
Óleo sobre tela
* Banhistas (1918)
Óleo sobre tela
* Natureza-morta sobre Cômoda (1919)
Óleo sobre tela
Referências Bibliográficas
Conhecer Universal. São Paulo: Abril Cultural. v. 13, 1982.
Enciclopédia do Mundo Moderno. Artes e Indústria. São Paulo: Verbo, 1983. v. 5.
HARRIS, Nathaniel. Vida e Obra de Picasso. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.
Picasso e o Cubismo. Coleção de Arte. São Paulo: Globo, 1997.