Edição 95

Como mãe, como educadora, como cidadã

Pare de reclamar!

Zeneide Silva

A gratidão transforma vidas, e, se tudo estiver difícil, agradeça ainda mais!

Ouvi dois senhores conversando no elevador sobre a esposa de um deles. Ele estava contrariado por ter passado o domingo todo chateado com ela, sem curtir esse dia prazeroso.

Ele contou que saiu para comprar algumas coisas para o almoço e, no meio das compras, trouxe uma bandeja com doze ovos, dentre eles dois podres. Pronto, a confusão estava feita: a mulher reclamou tanto que ambos perderam o domingo, o almoço em família, as brincadeiras… E isso foi levado por ele até o dia seguinte, enquanto comentava com o amigo.

Ele insistentemente afirmava que a mulher se prendera apenas aos dois ovos podres, mas nem deu a devida importância à manga que ele também havia trazido — que era a preferida de sua esposa.

Nesse momento, pensei em nós, mulheres. Desculpem-me as amigas mulheres, mas reclamar demais é de fato um comportamento nosso. Há um provérbio da Bíblia que diz: uma esposa que vive resmungando é como água que pinga sem parar.

Não fiquem tristes com o que vou dizer. Vejam minhas palavras com amor, até porque este comentário também serve para mim.

Reclamamos demais:

Por estarmos trabalhando cansadas, querendo férias, dias de folga, loucas para que a sexta-feira chegue logo — e começamos a segunda-feira já cansadas…

Ao invés de agradecermos pelo nosso trabalho, por sermos úteis e estarmos contribuindo para um mundo melhor.

Do nosso peso, da roupa que não cabe mais, por não conseguirmos parar de comer, do regime da lua que não está dando certo (mas comemos tudo, menos a lua)…

Ao invés de agradecermos pelo alimento e termos cuidado com a alimentação que não nos faz bem.

Dos filhos, dos alunos, do esposo, do namorado…

Ao invés de agradecermos a dádiva de toda mulher, de ser mãe, esposa, educadora e, acima de tudo, lutadora.

Do salário que não dá para nada todos os meses…

Ao invés de agradecermos, pois, mesmo ele sendo pouco, foi fruto do nosso trabalho, e certas situações poderiam ser evitadas por nós mesmas, como, por exemplo, usar cartões de crédito em demasia.

Do carro que está muito velho…

Ao invés de agradecermos, pois, mesmo ele sendo velho, nos é muito útil.

De não termos tempo para nada e muitas vezes não sermos capazes nem de organizar uma agenda…

Ao invés de agradecermos pela vida, pois cada minuto, cada hora é uma benção.

Por estarmos menstruadas…

Ao invés de agradecermos por não ter tido uma gravidez indesejada.

Por não termos tempo para fazer a feira…

Ao invés de agradecermos por ter dinheiro para fazer a feira.

Por não gostarmos do calor nem de andar com sombrinha em dias de chuva…

Ao invés de agradecermos, pois precisamos tanto da chuva quanto do sol.

Das dores nas pernas, nos braços, na cabeça…

Ao invés de agradecermos por estarmos vivas!

Temos uma lista quilométrica de reclamações, porém uma de uns dez centímetros de agradecimentos. Devemos parar de fazer tanta reclamação e aproveitar cada minuto aqui na terra, lembrando a música Trem-bala, de Ana Vilela, quando nos diz:

Segura teu filho no colo.
Sorria e abrace teus pais enquanto estão aqui.
Que a vida é trem-bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir.

Então, minhas amigas, mães e educadoras: antes que o trem de nossa vida chegue até a nossa parada, vamos aproveitar nossa estadia aqui, lembrando de agradecer, sempre!

Obrigada, obrigada, obrigada.

 

cubos