Edição 10

Matérias Especiais

Por falar em adoção

Construir Notícias – Qual a sua concepção sobre adoção na realidade nordestina?
Dr. Schettini – A adoção é uma maneira incomum de ter filhos. No caso, não importa a maneira; importante é dar uma família a um filho que, por qualquer razão (que também não importa) não conseguiu tê-la.

CN – Quais as questões mais conflituosas presentes no processo de adoção?
DS – Se estamos falando do processo psicológico, sem dúvida, é lidar com o medo da rejeição, tanto da criança adotada como dos pais adotantes.

CN – Em sua experiência no consultório, atendendo crianças e adolescentes, filhos adotivos dão mais trabalho que filhos biológicos?
DS – Não. Filho, em geral, dão trabalho, cada um com sua história. A adoção não se constitui um problema. Pelo contrário, está mais próxima da solução do que do problema.

CN – Quando e como se deve contar à criança que ela é adotada?
DS – O mais cedo possível, mesmo que ela seja um bebê. Há, entretanto, uma época bastante favorável para se falar a ela com clareza e objetividade sobre a história da sua origem: entre dois e três anos de idade. O “como”, já foi dito: com clareza e objetividade, isto é, dizendo a verdade sem medo.

CN – No processo de adoção, quando o casal está pronto?
DS – Quando a adoção deixa de ser apenas um sonho, isto é, quando o casal descobre que o filho não pode ser mais evitado.

CN – O filho adotivo necessariamente tem que fazer psicoterapia?
DS – Não. Psicoterapia precisam as pessoas que têm alguma dificuldade para as quais não encontram sozinhas uma solução. Isso independe de serem ou não adotadas.

CN – Na adoção existe espaço para o amor incondicional?
DS – Sem dúvida, porque o amor só existe se for incondicional. Caso contrário, será simplesmente um gostar ou uma expressão de posse.

CN – Existe relação entre filho adotivo e aluno-problema?
DS – Também não. É muito fácil para as pessoas que lidam com crianças com algumas dificuldades colocar o problema na conta da adoção. Os não adotados têm problemas semelhantes.

CN – O que dificulta e o que facilita uma adoção de sucesso?
DS – O que dificulta é o medo. O que facilita é o afeto.

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