Edição 30

Projeto Didático

Projeto Transplante e Doação de Órgãos

Profa. Alessandra Peçanha de Araújo
Profa. Edilma Maria Gurgel Mendes
Profa. Ivanize Nogueira
Profa. Maria Verônica Josias Cabral

“Dar-vos-ei um coração novo e, em vós, porei um espírito novo;
tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.”

Ezequiel 36:26

1. Justificativa

O Instituto Reis Magos – IRM, escola particular situada à Rua Brasília, 712, no bairro do Alecrim, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, é composto de uma clientela de classe média baixa, com alunos desde o maternal da Educação Infantil ao 3º ano do Ensino Médio. É uma escola aberta ao diálogo e conta com o apoio dos pais e da comunidade escolar, pois defende um trabalho participativo.

O IRM propicia um ambiente de construção do conhecimento e desenvolvimento das inteligências com suas múltiplas competências e também defende o resgate de conteúdos vivos, concretos e indissociáveis das realidades sociais.

Em 1998, os alunos de 1ª a 8ª séries do Ensino Fundamental foram responsáveis pelo levantamento de dados da opinião pública sobre a doação de órgãos. Através de pesquisas, chegaram à conclusão de que, em nosso estado, nessa época, só se realizavam transplantes de córneas e que muitos pacientes necessitavam também de outros órgãos.

Por isso, este ano, surgiu novamente a necessidade de fazermos uma pesquisa sobre o assunto apenas com alunos de 4ª a 8ª série do Ensino Fundamental, para verificarmos as constantes evoluções no mundo da Medicina no Rio Grande do Norte. Hoje alguns hospitais da capital, como o Natal Hospital Center e a Promater, já estão equipados para transplantes de rins, medula, córnea e coração.

Tal pesquisa relatou que, atualmente, no Brasil, para ser doador, não é necessário deixar por escrito nenhum documento. Basta comunicar aos familiares o desejo da doação, pois esta só acontece após a autorização familiar.

O tema ainda é muito polêmico pela falta de cultura da doação, que intensifica os mitos e preconceitos, contribuindo para aumentar o número de pacientes em listas de espera por um órgão para transplante.

Outro dado pesquisado é que o número aproximado de pessoas que aguardam a doação de um órgão no País é de 50 mil aproximadamente. Todos esses dados se confirmaram com a palestra sobre transplante e doação de órgãos, proferida pela Dra. Francinete Guerra, coordenadora da Central de Transplantes de Órgãos do Rio Grande do Norte.

A coordenadora afirma que o Rio Grande do Norte apresentou, mais uma vez, recorde de transplantes de órgãos realizados. Afirmou ainda que o sucesso no setor de transplantes se deve à conscientização da população e ao apoio que recebe da imprensa, da Secretaria de Saúde Pública; ao trabalho que é feito junto às famílias; e também à colaboração das escolas para a divulgação de doações. Isso é o que torna abrangente o enfoque em relação ao assunto.

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A espera por um milagre é constante; não só no Estado do Rio Grande do Norte, mas, também, em todo o Brasil.

2. Objetivos do Trabalho

Conhecer mais o assunto Transplante e Doação de Órgãos, como forma de contribuir para a formação de um cidadão consciente de suas ações solidárias e cooperativas, através das diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal —, utilizando-se de diversas fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos.

3. Conteúdos Curriculares

Os alunos pesquisaram o assunto e passaram a compreender melhor a importância da doação de órgãos e tecidos. Com esse trabalho, eles buscaram informações sobre as doenças que levam ao transplante e os órgãos que podem ser transplantados.

Foi importante orientar os alunos sobre o que, onde e como observar, pois a observação científica envolve um olhar atento para algo que se tem a intenção de ver e coletar dados relevantes.

A elaboração de perguntas, a busca e coleta de dados por meio de observação direta e indireta, a experimentação, a entrevista, as visitas, a leitura de imagens e textos relacionados, tudo isso foram procedimentos importantes para o ensino e a aprendizagem.

Além de permitir ao aluno obter informações para a elaboração de suas idéias e atitudes, contribuiu para o desenvolvimento de autonomia com relação à obtenção do conhecimento.

O fato de registrar as observações por escrito ou por meio de desenhos permitiu que os alunos construíssem uma sistematização dos dados, característica fundamental do método científico.

O trabalho foi realizado em grupo e de maneira interdisciplinar nas áreas de Ciências, Matemática e Português, e as informações obtidas foram registradas por intermédio de desenhos, fotos, quadros, tabelas, listas, maquetes, explicações escritas em panfletos e poemas.

Houve bastante empenho por parte dos alunos, e isso podemos comprovar através dos trabalhos confeccionados por eles.

4. Metodologia

O projeto foi desenvolvido pelos alunos de 4ª a 8ª séries do Ensino Fundamental, e as atividades foram distribuídas de acordo com o nível de cada série. A modelagem dos órgãos foi confeccionada por alunos das 4as séries; a criação e distribuição de panfletos, com os alunos das 5as séries; a visita a hospitais que realizam transplantes feita por alunos das 6as séries; entrevistas com médicos feitas pelos alunos das 7as séries; os alunos das 8as séries montaram uma enquete nas ruas para saber a opinião da população; confecção do livro de poemas Doe órgãos, doe vida pelos alunos de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental.

Todo esse trabalho foi mediado pelas professoras Alessandra (Matemática), Edilma (Português), Verônica, Clívia e Ivanize (Ciências). A culminância do trabalho se deu com a panfletagem, o plebiscito, o lançamento do jornal e a publicação do livro de poemas Doe órgãos, doe vida, este coordenado pela professora Edilma. Os trabalhos serão apresentados pelos alunos a toda a comunidade escolar no início do 3º bimestre.

Os recursos didáticos utilizados foram livros, revistas, pesquisas na Internet, filmes, visita a hospitais e palestra sobre transplante e doação de órgãos.

Nas aulas-passeio, os alunos produziram textos criativos e participaram de debates entre eles. Assim, o conhecimento passa a ser visto como fruto da construção pessoal do aluno, mediado pelo professor.

O espaço escolar também contribuiu para a realização do trabalho, pois dispomos de sala adequada para os trabalhos em grupo, sala de leitura, biblioteca, sala de vídeo, sala de informática e um pequeno laboratório, onde podemos realizar aulas práticas.

Os educadores envolvidos conduziram o projeto de forma flexível, abrindo mão de alguma etapa prevista ou incorporando novas etapas, dependendo da produção dos alunos. O produto final torna visíveis os processos de aprendizagem e os conteúdos aprendidos.

5. Avaliação

A avaliação foi feita através de observação, confecção e apresentação dos trabalhos pelos alunos em sala de aula. Com isso, o aluno deixou de ser um mero espectador para tornar-se atuante e participante nesse processo.

Outro instrumento usado foi a auto-avaliação durante o projeto, que permitiu ao professor e aos próprios alunos conhecerem as dificuldades e as aquisições individuais, despertando, assim, nos discentes, o desejo de saber que estimulou a reflexão nas aulas.

Nesse trabalho, tivemos também a oportunidade de analisar o processo de ensino–aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo e socioafetivo dos nossos alunos, permitindo-lhes questionar e chegar a suas próprias conclusões, sem conhecer antecipadamente as respostas “corretas” — do ponto de vista científico —, principalmente no início do trabalho.

Consideramos o trabalho supervalioso, no que diz respeito às mudanças do olhar e da escuta dos discentes e docentes em relação ao assunto. Se tivéssemos de repeti-lo, acrescentaríamos o tempo de pesquisa e aperfeiçoaríamos alguns dados relacionados ao avanço da Medicina.

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Referências
A VIDA em ação. IstoÉ, São Paulo, p. 88-89, 20 out. 2004.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CÉLULAS da esperança. Veja, São Paulo, p. 84-85, 24 mar. 2004.
SUPER intrigante. Superinteressante, São Paulo, p. 24, 24 jan. 2005.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Transplante. Disponível em: http://www.ufpe.br/utihc/transplante.htm. Acesso em: 3 mar. 2005.

Projeto realizado no Instituto Reis Magos – Natal/RN
Autoras:
Alessandra Pessanha de Araújo – licenciada em Matemática (UNP – Universidade Portiguar), especialista em História da Matemática (UFRN), professora da rede particular de ensino.
Edilma Maria Gurgel Mendes – professora de Língua Portuguesa das redes pública e particular de ensino, sendo licenciada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora itinerante nas escolas com alunos com necessidades especiais. Concluindo o curso de Especialização em Educação Especial Inclusiva pela Facinter.
Maria Verônica Josias Cabral – licenciada em Pedagogia (UFRN), especialista em Educação Especial Inclusiva (Facinter), professora da rede particular de ensino.
Ivanize Mª Alves Nogueira – licenciada em Biologia (UFRN), professora das redes de ensino particular e pública (nesta trabalha com alunos com necessidades especiais).

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