Edição 32

Matérias Especiais

Vocabulário Indígena

Acará – designação genérica de grande família de peixes da Amazônia. Alguns deles, como o acará-disco e o bandeira, são peixes de aquário muito valorizados.

Aluá – refrigerante feito de farinha de arroz ou milho torrado, fermentado em potes de barro.

Amapá – árvore de cuja casca se extrai um leite com propriedades medicinais usado no tratamento contra asma, bronquite e outras infecções pulmonares. Também acelera a cicatrização dos ferimentos.

Arrastão – rede que vai até o fundo do rio, puxada por um barco, usada para capturar peixes.

Arribação – diz-se de quando o peixe sobe o rio para desovar; piracema.

Arumã – planta cujas fibras são ótimas para fazer trabalhos de cestaria, muito procurada pelos índios e artesãos.

Banzeiro – movimento das águas do rio provocado por vento, passagem de barcos ou pela pororoca.

Barco de recreio – embarcação comercial utilizada para transporte de carga e de passageiros.

Barracão – refere-se ao armazém onde o seringalista guarda a mercadoria vinda da cidade, que vende ou troca com o seringueiro.

Beiju – espécie de bolo arredondado e achatado, de massa de mandioca ralada ou de seu amido, feito no próprio forno ainda quente de farinhada ou em frigideira, no fogão.

Beiradão – palavra usada pelos ribeirinhos para designar as ribanceiras, partes altas das margens dos grandes rios amazônicos, onde constroem suas casas.

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Bicho-folha e bicho-pau – insetos que parecem gravetos ou folhas e que usam do mimetismo para imitar características gerais de seu hábitat e proteger-se de predadores.

Bobó – peixe de escamas cor-de-cobre; vive grudado em pedras ou madeiras nos rios. É base de um caldo na culinária tradicional amazônica.

Boiúna – ser mitológico com chifres e olhos de fogo que mora no fundo dos rios da Amazônia e afunda os barcos de pescadores.

Brincante – pessoa que brinca num boi-bumbá.

Bumbódromo – local onde se realiza a Festa do Boi de Parintins; é dividido nos setores azul, onde ficam os simpatizantes do Boi Caprichoso, e vermelho, onde ficam os torcedores do bloco do Boi Garantido.

Cachoeira – na Amazônia, o termo é freqüentemente usado para denominar corredeiras.

Cabeceira – lugar onde nasce um rio ou riacho; nascente.

Canarana – gramínea que cresce às margens dos rios, lagos e paranás. Desenvolve-se de tal forma, nas águas barrentas, que chega a obstruir as passagens das bocas de lagos e paranás, dificultando a navegação.

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Capoeira – vegetação de áreas em regeneração onde a floresta original foi derrubada. É normalmente dominada por espécies pioneiras como a embaúba e o lacre. Muitas vezes, chamada também de floresta secundária.

Caraíba – palavra indígena para homem branco.

Caraná – palha para fazer telhados.

Carapanã – espécie de mosquito de picada irritante; muriçoca. É também o nome de uma tribo de índios tucanos.

Casco – canoa feita de um só tronco de árvore escavado a machado e alargado ao calor do fogo.

Caxiri – bebida alcoólica feita da mandioca fermentada.

Cipó-titica – espécie de cipó usada para cestaria.

Colocação – área escolhida pelo seringueiro, dentro da mata, para fazer sua casa. Não deve ser muito distante das seringueiras onde ele habitualmente coleta látex.

Cobra-grande – cobra legendária, gigantesca, que habita os grandes rios amazônicos.

Contrário – o boi adversário da Festa do Boi de Parintins; os brincantes, em razão da rivalidade, recusam-se a chamar o adversário pelo nome, tratando-o apenas por “contrário”.

Cuia – fruto da cuieira. Faz-se um vaso — espécie de tigela — do fruto sem o miolo, onde é servido o tacacá.

Cunhã – mulher, em tupi.

Cunhã-poranga – mulher bonita, em tupi.

Curare – veneno utilizado pelos indígenas nas pontas de flechas. Usado para abater animais.

De bubuia – flutuando na água, boiando.

Defumação – processo feito para tirar a umidade do látex e matar os fungos, hoje substituído por outras técnicas. O seringueiro fazia uma bola de látex, com o auxílio de uma vara, e deixava-a próxima ao fogo para defumar.

Endêmica – espécies que têm uma distribuição limitada a uma determinada região ou país.

Epífitas – plantas que vivem sobre outras sem prejudicá-las, usando-as apenas como apoio.

Gaiola – barco de borda baixa com superestrutura alta e avarandada. Típica navegação dos rios amazônicos, famosa pelo grande número de redes estendidas em seu interior, onde os passageiros dormem.

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Garimpo – na Amazônia, existem os de terra firme e os de aluvião. Nos de terra firme, encontram-se pepitas de ouro, diamantes, pedras preciosas e minérios. Os de aluvião ocorrem nas margens e nos leitos dos rios e é onde se busca o ouro em pó, misturado à areia e à lama.

Geleiro – barco de pesca que carrega gelo nos porões para que o peixe não estrague.

Goma – subproduto da mandioca, usado para fazer a tapioca.

Jaçanã – pequena ave que costuma viver sobre plantas aquáticas.

Jambu – erva utilizada na culinária da região amazônica, principalmente no tacacá, conhecida por ter a propriedade de “amortecer” a língua.

Jaraqui – peixe abundante no Rio Amazonas, comum na alimentação da população de ribeirinhos. É servido em caldeiradas ou frito.

Jaú – é um dos maiores peixes de couro do Brasil. Um adulto pode chegar a 1,5 m e atingir até 120 kg.

Jusante – o sentido em que correm as águas de uma corrente fluvial.

Juta – planta originária da Índia, tem sua fibra usada para fazer tecidos rústicos e estopa. Já foi um importante produto da economia da região amazônica.

Juteiro – indivíduo que planta e trabalha a juta, vendida a quilo para as indústrias.

Malhadeira – rede de pesca que se estende nos locais de passagem dos peixes; o caboclo a tece com linha resistente e malhas largas para capturar peixes de porte médio.

Maloca – aldeia indígena. Também usada para designar casa de habitação índia, que aloja diversas famílias.

Malva – fibra do tipo da juta, de cor mais clara; tem finalidades medicinais.

Manejo – programa que visa o uso de recursos naturais a longo prazo, de forma sustentável, ou seja, de maneira a representar um menor custo ambiental e um maior ganho social.

Maromba – armação de madeira onde se põe o gado durante as enchentes.

Mateiro – homem que conhece muito bem a região de floresta.

Matrinxã – peixe que mede em torno de 25 cm, de carne saborosa, normalmente consumido assado. Também conhecido como jatuarana.

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Mimetismo – capacidade que algumas espécies têm de imitar o ambiente onde vivem, por meio da cor ou da forma do corpo.

Moqueado – defumado; carne deixada para secar sobre fogo lento que produz fumaça.

Muiraquitãs – artefatos talhados em forma de animais que são encontrados no baixo Amazonas e aos quais se atribui a função de amuleto.

Mujica de peixe – espécie de peixe moqueado, cozido com pimenta e beiju.

Mumbaca – folha de árvore usada como prato para comer.

Murta – pequena árvore da qual se aproveita a madeira e a casca, que serve para a indústria de cosméticos.

Nascente – fonte de um curso de água, também chamada cabeceira.

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Pacu – peixe encontrado em quase todas as regiões do Brasil. Prefere frutos, mas come quase tudo. Sua carne é muito apreciada pelos ribeirinhos.

Pajé – curandeiro e “feiticeiro” das tribos indígenas.

Palafita – casa construída sobre estacas altas, nos lagos e nas áreas sujeitas a inundações.

Panema – indivíduo que não tem sucesso na caça, na pesca e em qualquer outra atividade.

Piabeiro – pescador de peixes ornamentais.

Piaçava – palmeira cuja base da folha possui fibras utilizadas para fazer vassouras.

Pequi – fruto oleaginoso e aromático do pequiá, usado na culinária.

Piracema – período em que vários cardumes de diferentes espécies de peixes se agrupam e sobem para as cabeceiras dos rios durante a desova.

Piracuí – farinha de peixe.

Piraíba – o maior peixe de couro de água doce da Amazônia.

Piramutaba – peixe de carne saborosa muito comum nos rios amazônicos, semelhante ao bagre.

Pirarara – peixe liso, de couro; tem o dorso escuro com faixas amarelas ao longo do corpo; chega a medir até 1,30 m de comprimento.

Poronga – lamparina feita com folha de ferro estanhado, a querosene, guarnecida de um anteparo que não ofusca o usuário e protege a chama do vento. Usada pelos seringueiros, na cabeça, para recolher o látex.

Quiriri – torpor, tristeza.

Ramal – estrada secundária de terra, ou picada, que dá acesso às árvores de pau-rosa.

Rebojo – redemoinho fluvial.

Regatão – barco de comércio, também usado para festas.

Remanso – refluxo fluvial.

Ribanceiras – partes altas das margens dos rios amazônicos.

Ribeirinho – habitante das ribanceiras dos rios, lagos e paranás amazônicos; vive em casas de palafitas, em função das cheias dos rios.

Roçado – área de aproximadamente 100 m², onde o caboclo ou índio faz agricultura de curto ciclo para sua subsistência, plantando mandioca, cará, batata-doce, melancia, melão, jerimum, maxixe, mamão, milho e banana.

Santo Daime – bebida alucinógena feita com a mistura de dois cipós, utilizada em ritual religioso.

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Seringueira – árvore de cujo látex se produz a borracha.

Seringueiro – indivíduo que se dedica à coleta do látex, sangrando a árvore e recolhendo o líquido que serve para fazer a borracha.

Socós – pequena ave que vive perto de rios, lagos ou áreas alagadas.

Surubim – denominação comum a vários peixes que apresentam a cabeça grande e longos barbilhões.

Tacacá – espécie de sopa, feita com papa de goma de tapioca, tucupi, pimenta-de-cheiro, alho, sal, camarão seco e jambu.

Tapioca – massa alimentícia extraída da mandioca, que pode ser transformada em farinha ou polvilho.

Toada – composição musical específica para a apresentação do boi-bumbá de Parintins.

Tracajá – pequena tartaruga amazônica que ainda faz parte do cardápio dos ribeirinhos.

Tucumã – grande palmeira, provida de espinhos, que produz um fruto oleoso muito apreciado pelo caboclo.

Tucupi – líquido amarelado que resulta da prensagem da mandioca brava. É tóxico se não for cozinhado por, no mínimo, uma hora. Serve de base para o tacacá.

Tipiti – espécie de cesto cilíndrico usado pelos índios para extrair o sumo da mandioca.

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Tuxaua – chefe indígena, cacique.

Urucum – fruto de urucunzeiro, de cujas sementes se extrai um líquido vermelho, muito usado pelos índios para pinturas do corpo nas caçadas ou festividades.

Urutu – cesto, geralmente feito por índios.

Vazante – período em que os rios apresentam menor volume d’água.

Voadeira – bote de fibra ou alumínio pequeno e leve movido a motor de popa.

Extraído do Guia Philips – Amazônia Brasil. Esse guia faz parte do projeto Philips Brasilis,
que tem por objetivo incentivar a cultura, a arte, os patrimônios histórico e ambiental brasileiros.
Site: www.horizontegeografico.com.br.

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