Edição 01

Matérias Especiais

A função educativa dos Contos de Fadas

É possível conjecturar que os contos de fadas exerçam fascinação sobre a criança justamente por permitirem que ela responda a algumas questões básicas que faz a si mesma. Como diria, talvez, uma criança: “Os personagens pensam como eu sobre o que eu penso”. Howarth (1989) levanta algumas dessas indagações, quais sejam:

– Quem sou eu? Essa questão pode ser respondida através da identificação com o personagem, ou, até mesmo, ser trabalhada através de identificações progressivas.

– Como eu posso resolver meus problemas? Os contos trazem mensagens implícitas que ajudam a criança a buscar respostas para superar suas dúvidas, de acordo com o seu estágio de desenvolvimento emocional.

– Como eu deveria agir? Os contos transmitem a noção de certo e errado e as conseqüências das más ações realizadas tanto pela criança como por outros.

– Será correto pensar ou sentir essas coisas? Os contos funcionam como válvula de escape para a explosão dos sentimentos.

Vários estudos, portanto, já têm demonstrado que o contato com os contos de fadas beneficia a criança, não só permitindo que ela fortaleça o seu autoconceito, que cresça em sua habilidade de ser flexível a novos comportamentos que lhe parecem desagradáveis, como também colabora para que sua imaginação e criatividade floresçam dentro dos limites de uma estrutura familiar que lhe inspire confiança.

Esse tipo de literatura, além de se direcionar ao pequeno leitor, o faz levando em conta o desenvolvimento da criança e suas maneiras peculiares de sentir, ver e perceber o mundo. Esse mundo tem características muito especiais, sendo cheio de mistérios, onde o material e o espiritual estão entrelaçados, em que fantasia e realidade muitas vezes se confundem, estando, portanto, muito próximo do mundo das estórias.

Não podemos deixar de ressaltar também que, embora o objetivo primordial dessa literatura não seja a instrução, é inegável que ela se constitui em um dos recursos válidos de ensino na transmissão de conhecimentos e valores, assumindo também um caráter pedagógico. Higgins (1970) considera que a estória pode ter uma poderosa influência na educação da criança; aliás, segundo esse autor, a literatura é melhor do que qualquer outra disciplina do currículo para integrar o mundo material e o espiritual num todo unificado.

Finalmente, podemos concluir que os contos de fadas se constituem em um tipo de literatura para a qual não existem barreiras de tempo, cultura e civilização, sendo um poderoso auxiliar no desenvolvimento da personalidade infantil, exercendo, portanto, uma função educativa uma vez que, através deles é possível ensinar a criança a controlar seus medos e emoções e a viver de forma sadia e equilibrada.

Adaptação Jornal da Alfabetizadora – Ano V – nº 29.pag. 10

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