Edição 70

Gestão Escolar

A gestão educacional e a sustentabilidade do planeta

Marcelo Freitas

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É crescente a cobrança da sociedade para que as empresas atuem de forma socialmente responsável. Não é pequeno o número de pessoas que entendem ser obrigatório o engajamento delas nas questões sociais. De fato, esse engajamento não é obrigação das empresas, mas, sim, um dever do Estado. Entretanto, integrar ações sociais à estratégia de gestão das organizações tem sido um exercício de amadurecimento da cidadania corporativa.

Se, nos segmentos produtivos da cadeia empresarial, essa mudança de consciência tem se alastrado rapidamente, no caso das escolas ela assume ares de condição. Pressuposto do seu cotidiano e ponto indispensável no seu mapa estratégico. Educação é, reconhecidamente, o melhor caminho para oferecer respostas a problemas como a desigualdade social, a má utilização dos recursos naturais e públicos e a formação da consciência em relação ao meio ambiente, à ética e à biodiversidade.

Nesse particular, com seu potencial técnico, experiência no campo da pesquisa e capacidade de mobilização, as instituições educacionais podem, e devem, contribuir mais incisivamente para o desenvolvimento sustentável. Elas têm de assumir seu papel de agente de transformação cultural. Devem, portanto, praticar a chamada gestão responsável.

Para incorporar essa nova forma de atuar, os gestores educacionais devem transpor obstáculos e vencer alguns desafios: comprometer-se, profundamente, com a criação de valores para toda a sociedade, e não só para os seus controladores e/ou associados; reconhecer a importância de estabelecer parcerias e integrar redes sociais com empresas, ONGs e com o setor público; construir novas relações com seus diversos públicos, e não somente com os consumidores, suportadas em atitudes e ações socialmente responsáveis; investir, de maneira contínua, no aperfeiçoamento e aprendizado de seus colaboradores.

Para inspirar a equipe e engajar a comunidade nessas criações, um bom começo é incorporar ao cotidiano da escola ações que tenham referenciais como, por exemplo, as Metas do Milênio (veja mais em www.objetivosdomilenio.org.br). Conteúdos programáticos e posturas gerenciais alinhados aos principais objetivos estabelecidos pela ONU em 2000 direcionam o esforço de toda a comunidade educativa e contribuem de maneira concreta para o seu alcance. Trata-se de um imenso campo de possibilidades de ação para as escolas. Se não todas elas, a maioria esmagadora das Metas tem relação direta com a Educação e com as atividades e os projetos que podem ser desenvolvidos pela comunidade educativa. O foco desses programas, aliás, vem sofrendo uma significativa mudança no tocante à abrangência e à formação de parcerias. É cada vez maior o número de instituições engajadas, o que facilita a formação de uma rede social ampla, capaz de mobilizar comunidades e influenciar o Poder Público na elaboração de políticas consistentes.

Não seria nada mau para a escola liderar esse movimento e contribuir para o desenvolvimento sustentável do Planeta, não é mesmo?

Gerir a escola de maneira socialmente responsável, portanto, é buscar a sua sustentabilidade de forma coerente, com princípios éticos e com a construção de valores sociais. A adoção de algumas premissas e atitudes facilita a implementação de uma gestão eficiente e constitui, nesse sentido, um caminho para o sucesso (veja abaixo).

10 passos para uma gestão socialmente responsável

1. Ter a responsabilidade social assumida por toda a escola.
2. Incluir as ações sociais no planejamento estratégico.
3. Evitar o caráter assistencialista das ações.
4. Estimular a sustentabilidade dos projetos.
5. Buscar os maiores resultados com os menores custos.
6. Alinhar as iniciativas à natureza da escola.
7. Alinhar as iniciativas à história e à experiência da escola com responsabilidade social.
8. Adotar projetos que possibilitem a avaliação e o acompanhamento de resultados.
9. Ter foco no longo prazo.
10. Optar por ações que gerem uma imagem positiva para a gestão, o que contribuirá para garantir a sua continuidade.

Fonte: Nestlé/Adaptado

Marcelo Freitas é consultor nos segmentos de Educação e do Terceiro Setor. Diretor da Corporate Gestão Empresarial e coordenador do Movimento Escola Responsável, é palestrante, articulista e autor de livros de empreendedorismo para o Ensino Médio.
Endereço eletrônico: marcelofreitas@yahoo.com.

 

Revista Gestão Educacional. Ano 8. Nº 87. Curitiba: Humana Editorial, agosto, 2012.

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