Edição 83

Em discussão

A importância da MATEMÁTICA no aprendizado de BIOLOGIA e QUÍMICA

André Flávio Lira Queiroz

tpl_imagem_verticalA interdisciplinaridade é fundamental na formação do educando, visto que é necessário saber interpretar e resolver problemas matemáticos associados às diversas circunstâncias do nosso cotidiano. Para a maioria das pessoas, a Matemática é considerada uma disciplina de difícil entendimento, pois envolve números e cálculos. O conhecimento de conceitos matemáticos no contexto social mostra de forma nítida a importância dessa ciência no cotidiano dos estudantes. Autores como Fialho, Gasperi, Myriam, entre outros, mostram como essa disciplina interfere no aprendizado de outras matérias escolares. Diante disso, observa-se como a Matemática precisa ser trabalhada de forma interdisciplinar.

Durante minha participação como docente da área de Exatas no Projeto Travessia — um importante projeto educacional de aceleração de estudos do Governo do Estado de Pernambuco em convênio com a Fundação Roberto Marinho —, pude constatar a dificuldade de alguns alunos acerca do entendimento de conteúdos de matérias como Biologia e Química, quando entretecidos direta ou indiretamente em questões matemáticas. Logo surgiu a indagação: qual é a importância da Matemática no aprendizado da Química e da Biologia?

O estudo da Matemática favorece a aquisição de habilidades que permitem ao educando pesquisar estratégias para solucionar situações-problema envolvendo outras áreas, neste caso, a Biologia e a Química. Ele também contribui para a formação cultural e para o desenvolvimento do raciocínio.

A ação da Matemática em outras disciplinas ocorre com a interdisciplinaridade. Pode-se perceber com clareza o uso dos conteúdos matemáticos na vida escolar e social de cada aluno.

Esse saber leva os alunos do Ensino Fundamental e Médio a desenvolverem seus vários aspectos, tornando-os capazes de compreender a linguagem matemática e tudo o que a envolve. O objetivo é compreender os conceitos básicos da Matemática para integrá-los a outros conteúdos.

Dessa forma, devem-se inserir essas disciplinas escolares de maneira que o discente possa identificar as três fases de desenvolvimento das ciências. Essas fases têm o objetivo de mostrar ao aluno um conhecimento de forma crítica e sistemática, estabelecendo uma relação de práxis. É necessário que crianças e adolescentes sejam instigados a pensar e explicar sobre as ciências.

Para entendê-las melhor, necessitamos compreender as fases do desenvolvimento dessas disciplinas científicas, que se apresentam como:

Fase pré-paradigmática: é o conhecimento científico que possui estrutura mínima, sendo disponível para vários objetivos sociais.

Fase paradigmática: é o conhecimento que começa a se estabelecer e visa à construção de uma teoria com coerência com os conhecimentos obtidos na fase pré-paradigmática.

Fase pós-paradigmática: é o conhecimento científico que adquire maturidade teórica e entra em um processo rápido no qual a preocupação maior é atingir os objetivos sociais.

O estudo dessas ciências engloba várias áreas, como a Física e Matemática, que, quando aplicadas independentemente, acabam se transformando em saberes fragmentados; porém, quando trabalhadas com interação, conduzem o aluno a ter conhecimento de forma ampla.

Muitos adolescentes e jovens têm dificuldade em aprender Química e Biologia por não saberem Matemática. As aulas desta disciplina deverão ser ministradas para a prática e envolver a interdisciplinaridade, pois, sem atividades desse tipo, os adolescentes não terão domínio de outras linguagens.

Para ensinar, é necessário que haja o conhecimento da disciplina, do conteúdo e da didática. A didática é fundamental no aprendizado da Química, da Biologia e também da Matemática, pois ela é uma ferramenta pela qual o processo de ensino e aprendizagem acontece, levando os alunos a perceberem suas necessidades e a criarem seus próprios mecanismos.

Aprender não é mais um processo que ocorre somente no âmbito escolar, mas também nas práticas sociais, através da interdisciplinaridade.

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A interdisciplinaridade é uma maneira de desenvolver um trabalho envolvendo o conteúdo de uma disciplina com várias outras áreas de conhecimento. Tal proposta é apresentada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e auxilia no processo de ensino e aprendizagem do aluno. Seu objetivo é integrar os conteúdos e mostrar ao aluno uma concepção de conhecimento único.

Ao trabalhar com a interdisciplinaridade, o professor propicia ao aluno a articulação de um saber crítico-reflexivo. Além disso, essa forma de aprendizagem concede uma nova postura diante dos saberes, pois pretende assegurar a construção de um conhecimento globalizante.

Portanto, ao abordar conteúdos de Química e Biologia, o professor deverá ser um construtor de opiniões, e não apenas um transmissor de conteúdos. A cada novo aprendizado, ele precisará dar novos significados de aprendizagem, e esta deverá ser significativa para o cotidiano do aluno.

A finalidade dessas ciências é desenvolver a capacidade de pensar lógica e criticamente. Elas podem contribuir de forma clara e concisa para o mundo que sonhamos e que queremos. Assim, a escola deverá ser o lugar onde, de forma sistemática e orientada, o aluno aprenda a se relacionar, a ler e a interagir com a sociedade e onde se constroem cidadãos com perfil intersocial evolutivo.

André Flávio Lira Queiroz tem Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata/Universidade de Pernambuco (FFPNM/UPE) e é especialista em Metodologia do Ensino da Biologia e Química pela Uninter.
Endereço eletrônico: prof.andreflavio@gmail.com.

Referências

FIALHO, Neusa Nogueira. Jogos no Ensino de Química e Biologia. Curitiba: Ibpex, 2011.
ZALESKI, Tânia. Fundamentos Históricos do Ensino de Ciências. Curitiba: Ibpex, 2009.
BRASIL: Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, volume 03. MEC/SEF, 1997.

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