Edição 11

É dia...

Aprendendo a ter e ser amigo

Formar amigos pode parecer um assunto ultrapassado ou que não merece tanta importância, mas nunca esteve tão presente nas salas de aula quanto nos últimos anos.

Atualmente, é constante ouvirmos pelos corredores das escolas sobre a formação global dos alunos, baseada em valores éticos, que servirão para a formação de cidadãos responsáveis e atuantes na construção da vida individual e coletiva. O que fazer diante desse tipo de formação? Como formar um cidadão com todas essas características?

Presume-se que a família, a escola e a sociedade, em parceria, exercem papéis indispensáveis para consolidar esta formação. Em meio a tantas evoluções e modernidade, nós, professores, continuamos, ao longo do tempo, com a grande missão de contribuir nesse processo, que, muitas vezes, é esmagada pelo cumprimento de prazos. Estamos sempre nos dedicando a muitas coisas ao mesmo tempo e nesta relação surgem queixas, culpas, ressentimentos que sobrecarregam o dia-a-dia de todos. Falta tempo até para nós mesmos. Imagine para formar amigos!

Mas, não podemos deixar esse barco navegar sozinho. Agora, mais do que nunca, precisamos entender e saber o que fazer. Precisamos lembrar dos nossos alunos como indivíduos que carregam princípios, valores e que precisam de orientações fundamentais para agir em sociedade.

Como podemos, então, encaixar a valorização das amizades em nosso planejamento de sala? Não é tarefa simples integrar os conteúdos às atitudes, aos valores e aos traços de personalidade de cada indivíduo. O importante é tentar buscar estratégias que tornem o planejamento uma “parceria real”. Como, por exemplo, submeter o quanto antes, os alunos aos momentos e às situações que demonstrem seu modo de agir, pensar e sentir com o próximo. Ser o facilitador dessa socialização trará benefícios significativos para todos.

Diante isso, afirmo que ser professor é, acima de tudo, ser amigo e saber fazer amigos. O fundamental é entender que na convivência todos devem ser valorizados.

Algo muito gratificante em ser professor, além de acompanhar a formação do aluno, é verificar que aquilo que você plantou, brotou. Principalmente no que diz respeito a viver em harmonia com todos, seja em casa, na rua ou no trabalho.

Precisamos aprender a manter as amizades. Precisamos ensinar nossos alunos o valor disso para a vida. Desenvolvê-las leva tempo, exige convivência, coisas que mexem com a estrutura emocional de cada indivíduo. Para tanto é importante que os alunos se sintam à vontade ao realizá-las.

Durante os 12 anos que estive em sala de aula, percebi o quanto é necessário estimular a convivência entre os alunos para que se tornem bons amigos. Para eles, os pensamentos e os caminhos podem ser diferentes… Os anos podem passar, mas sempre haverá a alegria que envolve uma conversa agradável e sincera.

Como sugestão, vão dicas que servem de guia para o desenvolvimento de aulas, em qualquer série e em qualquer tempo, que estimulem a construção da amizade. Você poderá substituir, adaptar ou acrescentar a essas sugestões outras idéias, do modo que achar mais conveniente. Mas, lembre-se: procure ser o facilitador dessa integração. Mãos à obra. Os amigos têm pressa!

TODOS
Buscar o equilíbrio na formação de amizades.
Valorizar e reconhecer todos os trabalhos, sem discriminação.
Respeitar o ponto de vista do outro.
Colaborar e ajudar quem necessita.

ALUNOS
Considerar todas as relações de amizade.
Entender e aceitar as diferenças individuais.
Assumir e interpretar suas próprias atitudes, justificando-as para si mesmo e para os outros.
Saber que são agentes responsáveis pelo processo de construção das amizades.
Discutir as diferentes formas de se relacionar melhor.
Socializar sempre o resultado das atividades com os colegas.

PROFESSORES
Organizar e controlar diferentes momentos de relacionamentos entre os alunos.
Certificar-se de que os alunos estão se relacionando para o bem comum da
turma e do ambiente escolar.
Ajustar os comportamentos e as atitudes e através do diálogo.
Garantir a máxima aproximação de todos os alunos, obviamente sem imposições.
Propor aos alunos que cooperem para soluções de problemas ou conflitos coletivos.
Estimular os alunos a procurarem se relacionar com os das outras turmas.

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