Edição 05

Músicas

Aquarela

Toquinho – Maurício Fabrizio – Gudo Morra.
Vinícius de Moraes

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da
mão e me dou uma luva
e se faço chover, com dois
riscos tenho um guarda-chuva.
Se um pinguinho de tinta
cai num pedacinho azul do papel
num instante imagino uma
linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havai, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sempre indo,
e se a gente quiser ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho
um navio de partida
com alguns bons amigos
bebendo de bem com a vida
De uma América a outra
consigo passar num segundo
giro um simples compasso
e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente
o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida,
depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela
que um dia enfim descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
(que descolorirá)
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
(que descolorirá)
Giro um simples compasso
e num círculo eu faço o mundo
(e descolorirá)

cubos