Edição 122

Espaço pedagógico

As contribuições do Método Teacch no ambiente escolar

Aline Gleicy Lopes de Oliveira

Introdução
Atualmente, é notório o crescente número de casos de transtornos comportamentais entre crianças. De acordo com pesquisa do Inep divulgada em reportagem do G1 em 2019, “O número de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que estão matriculados em classes comuns no Brasil aumentou 37,27% em um ano”. Tal aumento está diretamente relacionado aos avanços legais que proíbem escolas públicas e privadas de recusar a matrícula de alunos com TEA ou com qualquer outro transtorno. No entanto, não basta permitir o acesso à sala de aula regular e o convívio social com crianças neurotípicas, é necessário que a comunidade escolar esteja preparada para incluí-los, de forma eficaz, em todo o processo de desenvolvimento, seja pedagógico, seja emocional ou social.

Segundo Leo Kanner, psiquiatra norte-americano, o autismo teria como desordem fundamental a incapacidade de estabelecer relações normais com as pessoas e de reagir normalmente às situações desde o início da vida. Já para a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012,

É considerada pessoa com Transtorno do Espectro Autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos: I – Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II – Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.espaco-pedagogico (2)

Também podemos afirmar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição de saúde caracterizada por alteração do neurodesenvolvimento que, de acordo com o Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), pressupõe dois principais critérios: a) déficits persistentes na comunicação social e na interação social em contextos diversos; b) padrões de interesses, atividades ou comportamentos restritos e repetitivos. Sabe-se ainda que cada ser que se enquadra no espectro possui características singulares, variando segundo o nível de comprometimento intelectual, motor, fonoaudiológico, emocional e social, bem como possibilidade de haver comorbidades associadas ao espectro.

Essa grande diversidade existente entre os indivíduos autistas tende a justificar a falta de métodos que proponham o desenvolvimento do ensino-aprendizado de forma eficaz. Tal fator, associado à deficiência de informações sobre o tema na formação acadêmica dos professores, colabora para criar entraves em sala de aula, podendo ocasionar o insucesso acadêmico desses jovens, principalmente durante as séries finais no Ensino Fundamental. Assim, percebe-se a necessidade de conjecturar análises que possibilitem a construção de práticas pedagógicas capazes de auxiliar no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem de alunos autistas, permitindo a estes o êxito acadêmico.espaco-pedagogico (1)

De acordo com Martha Hübner, professora do Instituto de Psicologia (IP) da USP e diretora do Centro para Autismo e Inclusão Social (Cais), o uso de técnicas baseadas nas terapias comportamentais é o único tratamento embasado em evidências científicas que promovem resultados eficazes no progresso de indivíduos com TEA. Assim, entendendo que o contexto educacional é significativo para as vivências e as aprendizagens de tais indivíduos, faz-se necessário que a comunidade pedagógica também adote métodos de ensino e aprendizagens adaptados e direcionados para a demanda comportamental, para que, assim, as escolas se tornem aliadas no desenvolvimento das crianças com TEA. Certamente, se considerarmos o adequado suporte dos educadores e as devidas transformações do ambiente escolar, as escolas serão uma infindável fonte de êxitos na jornada acadêmica das pessoas com TEA.

Diante de tantos desafios a serem vivenciados em uma sala de aula inclusiva, faz-se necessária a adoção de práticas pedagógicas estruturadas e baseadas na terapia comportamental e que apresentem evidências científicas, para promover o adequado desenvolvimento do ensino-aprendizagem de jovens autistas. Entre tais práticas, temos visto a adoção, por instituições especializadas, do Método TEACCH (Tratamento e Educação para Pessoas com Autismo ou com Déficits Relacionados à Comunicação), que parte do princípio de que toda e qualquer situação apresentada deve ser estruturada, possibilitando uma sequência e um tempo preestabelecidos e que faz uso intensivo de recursos visuais, promovendo previsibilidade, compreensão e foco a crianças e jovens autistas.

Assim, temos por principal objetivo apresentar o Método TEACCH e como este pode ser útil no processo de ensino-aprendizagem de crianças e jovens autistas. Também temos como propósito demonstrar a importância da formação em tal método para a carreira docente e para o melhor desenvolvimento das instituições de ensino e, ainda, apontar o quão benéfica a adoção do Método TEACCH tem sido no desenvolvimento e na aprendizagem de estudantes autistas.

Confiando que crianças e adolescentes autistas também merecem a oportunidade de se tornar independentes e de ser protagonistas de suas escolhas e tendo ciência de que o diagnóstico e as intervenções precoces são o primeiro passo para a garantia do neurodesenvolvimento da criança com TEA, faz-se de suma importância o investimento, desde a Educação Infantil, na adoção de métodos com bases científicas que promovam a aprendizagem, a autonomia e o desenvolvimento do indivíduo autista. Ainda que no Brasil as escolas não tenham um caráter terapêutico, é necessário que haja, nas instituições de ensino, métodos adequados para alcançar o ensino e a aprendizagem das crianças e adolescentes autistas. Por isso, mostraremos a rica possibilidade que há em formar psicopedagogos e professores no Método TEACCH e o quão pode ser transformadora a sua adoção na vida acadêmica das pessoas com TEA.

Conhecendo o Método TEACCH

O Tratamento e a Educação para Crianças com Autismo ou Déficits Relacionados à Comunicação (TEACCH) teve origem no ano de 1960 com o Doutor Eric Schopler, que iniciou a Divisão TEACCH como um projeto de pesquisa vinculado à Divisão de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte. O projeto promoveu tantos avanços e ajudou tantas famílias, através das descobertas baseadas nas evidências científicas resultantes das pesquisas realizadas para o tratamento das pessoas autistas, que se tornou um programa de Estado. O Centro TEACCH possui sete clínicas, sede administrativa e centro de investigação científica, bem como um programa de apoio ao emprego para adolescentes e adultos com TEA, além de uma acomodação residencial para adultos. Ou seja, o governo do Estado da Carolina do Norte (EUA) custeia e financia o atendimento com o Método TEACCH das pessoas diagnosticadas com TEA.

O método promove uma aprendizagem individualizada, partindo do princípio da compreensão de como a criança com TEA aprende, quais são seus pontos fortes (habilidades desenvolvidas) e suas áreas de interesses para, então, produzir recursos e sistemas de trabalho que a estimulem em seu processo de aprendizagem. Não se trata de um currículo, mas, sim, de um planejamento de trabalho educacional baseado em evidências científicas e em práticas da terapia comportamental. Como afirma a terapeuta ocupacional, psicopedagoga, Mestre e Doutora em Psicologia do Desenvolvimento, autora de livros e profissional de referência no Brasil sobre o Método TEACCH Viviane de Leon (2016, p. 25), “TEACCH é uma frameware, ou seja, uma estrutura, uma base, uma forma de ensinar à pessoa com TEA a funcionar no mundo com mais entendimento”.

O projeto promoveu tantos avanços e ajudou tantas famílias, através das descobertas baseadas nas evidências científicas resultantes das pesquisas realizadas para o tratamento das pessoas autistas, que se tornou um programa de Estado.

Segundo Leon, são três os principais aspectos do TEACCH, sendo eles:

1 – Parceria com os pais, valorizando a participação da família durante a aprendizagem, criando uma estrutura pedagógica e de escuta aos pais e familiares.

2 – Promoção de serviços para toda a vida. O método se preocupa em gerar autonomia e habilidades comportamentais para que o indivíduo com TEA se torne protagonista de sua própria vida. O método tem como lema TEACCH is lifespan (TEACCH é para toda a vida), deixando claro que o programa se preocupa em promover aprendizagens eficazes desde a infância à vida adulta.

3 – Ensino estruturado, utilizando uma série de técnicas com o objetivo de organizar o ambiente e as atividades para atender à individualidade da forma de aprender de cada ser.

Sabe-se que o indivíduo com TEA, além de apresentar déficit na reciprocidade emocional e padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, também demonstra disfunções cognitivas, como a dificuldade na aprendizagem implícita, o déficit de atenção seletiva, a falha na teoria da mente e a carência nas funções executivas. Por isso, o Método TEACCH faz uso, em todo o processo de ensino, da aprendizagem explícita, da atenção direcionada para informações importantes, utiliza conteúdos visuais para apoiar a disposição e o planejamento das atividades e do ambiente, torna o meio previsível e coordenado com agendas, murais e sistemas de trabalho e ainda preza pela estrutura do ambiente para apoiar a organização e o planejamento diário.

O método tem como base o ensino estruturado, a fim de respeitar e valorizar as habilidades cognitivas das pessoas com TEA, pois, como afirma Viviane de Leon (2016, p. 27):espaco-pedagogico (3)

Quando organizamos o ambiente, a criança consegue ter pistas e entender melhor o que deve fazer. A criança compreende melhor o que e como deve fazer, e a partir disso regula seu comportamento e responde ao que está sendo solicitado.

No ensino estruturado, valoriza-se a organização da estrutura física do ambiente, assegurando um local organizado, com pistas sinalizadoras visuais, espaços delimitados por faixas, cadeiras, móveis, divisórias, etc. O ambiente é organizado em settings (cenários) de trabalho, sendo, no Método TEACCH, quatro os settings mais importantes: o setting de trabalho individual, onde o indivíduo atua junto com o terapeuta/professor/familiar (a depender do recinto), aprendendo novas habilidades; o setting de trabalho independente, no qual o indivíduo coloca as habilidades aprendidas em prática, realizando a tarefa sozinho; o setting de atividades de relaxamento ou sensorial, a fim de evitar que a pessoa com TEA desenvolva comportamentos disruptivos ou aprenda a moderá-los; e, finalmente, o setting de transição, onde ficam expostos a agenda ou o mural de exercícios diários, o que promove previsibilidade e autonomia para a pessoa com TEA.

Educação com o Método TEACCH

Como já sabemos, o indivíduo autista possui demasiados prejuízos na interação social e na comunicação, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritivos. Diante das características relacionadas e dos déficits ocasionados pelo transtorno, a pessoa com TEA pode se enquadrar em diferentes níveis do espectro, de acordo com o grau de dependência que apresenta, conforme descrito no quadro abaixo:

Gravidade Comunicação social Interesses restritos
e comportamentos repetitivos
Nível 1 (pouco dependente) Sem ajuda, apresenta déficits perceptíveis na comunicação social. Dificuldade em iniciar interação e claros exemplos de respostas atípicas e insucesso na manutenção. Parece pouco interessado no contato social. Rituais e comportamentos repetitivos que interferem significativamente em um ou mais contextos. Resiste na interrupção e redirecionamento dos focos de interesse.
Nível 2 (dependência moderada) Notório déficit na comunicação social. Dificuldade social mesmo em locais estruturados com ajuda. Pouca busca por interação, com resposta reduzida ou anormal à interação social. Comportamentos repetitivos, preocupações e rituais fixos aparentes para o observador eventual, com interferência em diversos contextos. Frustração quando interrompido e dificuldade em redirecionar interesses.
Nível 3 (muito dependente) Severo déficit na comunicação, com baixa funcionalidade, pouca busca na interação e mínima resposta à interação social. Preocupações, rituais fixos e comportamentos repetitivos que interferem em todas as esferas. Importante estresse na interrupção de rotinas, dificuldade no redirecionamento das atividades voltando rápido ao foco de interesse.

Fonte: DSM-5, 2014. Apud ACAMPORA, 2019

 

Diante do descrito na tabela, podemos perceber o quão pode ser diverso o estudante enquadrado no Transtorno do Espectro Autista, ficando claro que é necessário que toda a equipe de pedagogia esteja preparada para ensinar e para promover o engajamento e a aprendizagem desse aluno, ou desses alunos, pois a cada ano aumenta o número de crianças com TEA matriculadas nas escolas regulares.

Vale lembrar que o indivíduo com TEA apresenta falhas cognitivas graves que alteram o seu processo de aprendizagem. Tais falhas estão atreladas a dificuldade na aprendizagem implícita, déficit na atenção seletiva, falha na teoria da mente e também falha nas funções executivas. No entanto, tais lapsos cognitivos podem ser compensados quando são utilizados métodos adequados ao comportamento autístico e há concentração nas potencialidades cognitivas do indivíduo em seu processo de aprendizagem.

Focar o processo de aprendizagem no potencial da criança é de suma importância para promover a aprendizagem efetiva, como nos apresentou Vygotsky ao conceber o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que é constituída pela distância existente entre o nível de desenvolvimento real (no qual a criança é independente) e o nível de desenvolvimento potencial (no qual a criança precisa de ajuda para se desenvolver). A ZDP observa as potencialidades da criança em sua aprendizagem, sem se ater exclusivamente à sua idade cronológica, mas valorizando suas etapas de desenvolvimento cognitivo e seu potencial de aprendizagem; assim, espera-se da criança aquilo que se vê estar em avanço potencial.espaco-pedagogico (1)

O Método TEACCH possui tal aspecto valorizador dos potenciais de aprendizagem. Para iniciar o ensino através do TEACCH, é preciso utilizar ferramentas avaliativas para identificar como está o desenvolvimento da criança, quais são suas habilidades, suas defasagens, bem como seu nível de compreensão e suas dificuldades em compreender, avaliando-se ainda os aspectos comportamentais. Leva-se em conta seus aspectos cognitivos no momento da avaliação, e não exclusivamente as expectativas biológicas associadas à idade cronológica. A partir de então, cria-se um programa individualizado, pois, se a mente é diferente, o método também precisa ser diferenciado, respeitando as individualidades e potencialidades de cada criança.

O método foi criado para promover aprendizagem em ambientes generalizados (clínica, família, escola, trabalho, sociedade); por isso, torna-se ideal para ser aplicado no ambiente escolar, pois ele valoriza as capacidades cognitivas individuais de cada estudante para promover o aprendizado. No entanto, é preciso que toda a equipe docente e psicopedagógica institucional conheça o método para aplicá-lo com eficácia.

Como já mencionado, para que haja aplicabilidade desse método, é preciso que se tenha um ambiente estruturado e organizado a fim de promover previsibilidade, evitar distrações e excesso de estímulos sensoriais, minimizando, assim, comportamentos disruptivos que atrapalham no processo de ensino-aprendizado. Tendo em vista que uma das características do transtorno é o déficit na atenção seletiva e nas funções executivas, diminuir estímulos sensoriais promoverá foco no que realmente importa, fator que se tornará aliado para a aprendizagem.

A aplicação do Método TEACCH no ambiente escolar pode ser um potencializador excepcional do processo de ensino-aprendizagem das crianças com TEA. Podemos averiguar que a aplicação do método estruturado é capaz de promover: “[…] uma informação clara e objetiva das rotinas; manter um ambiente calmo e previsível; atender à sensibilidade do aluno aos estímulos sensoriais; propor tarefas diárias que o aluno é capaz de realizar; promover a autonomia” (BRASIL, 2008, apud PEREIRA e PEREIRA).

Os benefícios do TEACCH ficam ainda mais claros quando observamos exemplos reais de sua aplicabilidade no processo de ensino-aprendizagem, como é o caso do ensino estruturado adotado na Asas-PB, associação criada por pais de autistas que “[…] atende doze crianças, entre as faixas etárias de 5 a 13 anos, assistidas por 3 professoras, que os auxiliam nas atividades pedagógicas e da vida diária” (PEREIRA e PEREIRA, p. 6). As autoras afirmam que, por meio da aplicação do TEACCH, as crianças atendidas apresentaram maior autonomia em suas rotinas diárias; melhoraram em suas relações sociais; aprenderam a coordenar seus comportamentos, diminuindo, assim, os comportamentos inadequados; e ainda apresentaram grande melhoria em seu processo de comunicação.

Também é exemplo da eficácia do TEACCH na aprendizagem o Cempa, em Sobradinho, na Bahia, que, através de intervenções psicoeducacionais baseadas no ensino estruturado e na aplicação diária do Método TEACCH, tem proporcionado o aprendizado, a comunicação e o autocontrole de crianças com TEA. Aplicando o ensino estruturado com a organização do espaço físico, o uso de agendas individualizadas e de sistemas de trabalho que valorizam as habilidades individuais, bem como valorizando as atividades visualmente estruturadas, o Cempa tem promovido com sucesso o desenvolvimento pedagógico de diversas crianças, favorecendo a alfabetização, o desenvolvimento da fala e melhorias comportamentais significativas.espaco-pedagogico

No entanto, para que nossas crianças autistas alcancem verdadeiros aprendizados e sejam protagonistas de suas escolhas profissionais e sociais, é preciso que haja capacitação profissional adequada e sensibilização de toda a comunidade escolar para que haja aprendizados acadêmicos e sociais. Atualmente vemos que muitos dos problemas de aprendizagem são agravados pelas dificuldades de ensinagem, “termo usado no campo da psicopedagogia para se referir a abordagens inadequadas do professor, a falta de disponibilidade ou inflexibilidade” (KORTMANN e BORBA, in CAIERÃO e KORTMANN, 2015, p. 88). Sendo assim, acreditamos que é possível promover progressos pedagógicos significativos para o indivíduo autista, mas é preciso que haja capacitação e sensibilização profissional, é preciso que a escola passe a olhar os conteúdos com as lentes do autismo, parafraseando a Dra. Viviane de Leon.

Conclusões

A partir do presente estudo, percebemos o quão se faz necessário o investimento na capacitação de docentes e psicopedagogos para atuar com crianças autistas, tendo em vista que a legislação brasileira obriga a inclusão, mas que as escolas, em sua maioria, não estão preparadas para receber e promover o ensino-aprendizagem dessas crianças. Sabemos que existem ainda muitas escolas que não enxergam as potencialidades de tais estudantes e que não possuem profissionais capacitados para individualizar e estruturar o ensino de forma que possa tornar a aprendizagem possível para estudantes com TEA.

No entanto, é possível visualizar exemplos reais da promoção eficiente da aprendizagem e do desenvolvimento de crianças autistas a partir da utilização correta do Método TEACCH e de todas as etapas que envolvem o modelo de ensino estruturado, desde a organização do ambiente, passando pelo uso de agendas e sistemas de trabalho com atividades individualizadas até o forte uso de apoio visual para concretizar e efetivar a comunicação. Sendo tal método baseado em evidências científicas, comprovamos seus bons resultados ao atuar valorizando as habilidades de cada indivíduo para promover o aprendizado efetivo.

Posto isso, percebemos que, ao favorecer a aprendizagem através do Método TEACCH, não apenas possibilitamos o desenvolvimento para o universo acadêmico, mas também tornamos exequível a atuação autônoma e produtiva de tais crianças na vida adulta, de forma a garantir que adultos autistas tenham a oportunidade de potencializar suas habilidades e saibam lidar com suas limitações a ponto de viverem livremente na sociedade, tendo a chance de ocupar o seu espaço no mercado de trabalho e na sociedade da qual fazem parte. Esta é a grande missão da educação: promover uma aprendizagem para a vida, respeitando as individualidades e valorizando as aptidões de cada estudante, tornando, assim, a escola um ambiente verdadeiramente inclusivo e equitativo.

BNCC

Aline Lopes é psicopedagoga, aplicadora do Método TEACCH, licenciada em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenadora pedagógica do Educandário Francisca Sales.
E-mail: alineefs2020@gmail.com

Referências

ACAMPORA, Bianca. Psicopedagogia clínica: o despertar das potencialidades. 4. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2019.

BORBA, B. M. R.; KORTMANN, G. L. Psicopedagogia na universidade: uma abordagem sistêmica familiar. In: CAIERÃO, Iara; KORTMANN, Gilca Lucena (Org.). A prática psicopedagógica: processos e percursos do aprender. Rio de Janeiro: Walk, 2015.

LEON, Viviane de (Org.). Autismo como transtorno do implícito e seus possíveis desdobramentos terapêuticos. Curitiba: Pólis Civitas, 2020.

LEON, Viviane de. Práticas baseadas em experiência para aplicação do TEACCH nos Transtornos do Espectro do Autismo. São Paulo: Memnon, 2016.

PALANGANA, Isilda Camaner. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância social. 6. ed. São Paulo: Sumus, 2015.

PEREIRA, Cyelle Carmem Vasconcelos. PEREIRA, Ceylla Fernanda Vasconcelos. Aplicações do ensino estruturado como método de inclusão escolar para crianças autistas em uma associação de João Pessoa-PB. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cintedi/2014/Modalidade_4datahora_22_10_2014_11_51_28_idinscrito_1446_f898e0cf1c9245adeaf63aa53765cfbe.pdf. Acesso em: 19 de maio de 2021.

TENENTE, Luiza. Número de alunos com autismo em escolas comuns cresce 37% em um ano: aprendizagem ainda é desafio. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/04/02/numero-de-alunos-com-autismo-em-escolas-comuns-cresce-37percent-em-um-ano-aprendizagem-ainda-e-desafio.ghtml. Acesso em: 11 de maio de 2021.

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