Edição 77

Matérias Especiais

De quem é a bola? Dos pais ou da escola? Um jogo na educação escolar…

Rosangela Nieto de Albuquerque

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De quem é a bola?

Na contemporaneidade, em que a velocidade e o dinamismo dos processos existenciais, educativos e vivenciais permeiam a busca pela melhor preparação do sujeito — pois, neste novo paradigma social, exige-se um sujeito formado, informado, conectado e preparado para viver relações em grupo —, a escola tem o grande desafio de formar sujeitos. Os pais, consequentemente, trabalham, estudam, buscam seus objetivos e a tão significativa felicidade, e, nesse corre-corre da busca, do encontro, chegam os questionamentos: “E a família?”, “E os filhos?”, “Quem faz o quê?”, “De quem é o papel de educar?”, “Como deve ser o modelo educacional?”, “Como o sistema político atual prepara os sujeitos para o futuro?”, “Nessa lógica, de quem é o papel da Educação?”, “De quem é a bola?”.

Nesse dinamismo de “quem educa quem” e “como se educa”, há um jogo de empurra-empurra de responsabilidades, de definição de papéis na Educação da criança, que, nesse jogo, é “a bola”. No mundo capitalista, predatório e globalizado, na busca pelo “ter”, pela famosa felicidade, onde fica a qualidade da formação do sujeito? Pais, professores, coordenadores, gestores escolares, líderes, representantes do governo são os responsáveis pelo futuro das crianças, sujeitos individuais e sociais. E a escola, nesse contexto, tem a tarefa principal de contribuir para a atuação pedagógica, com a participação efetiva de todos.

Certamente, o sucesso da criança no ambiente escolar está articulado à tríade pais-escola-aluno, elementos fundamentais para proporcionar resultados satisfatórios no processo de aprendizagem. Participar ativamente da vida escolar dos filhos, vivenciando seu papel efetivo de pais (pai e mãe) e contribuir para o sucesso da práxis pedagógica é o desafio contemporâneo. Muitas vezes, os pais ou “atropelam” o processo pedagógico ou se ausentam de suas responsabilidades — “jogando a bola” para a escola. Até onde os pais devem e podem ir? Como eles podem contribuir com o desenvolvimento de seu filho sem intervir no processo pedagógico e sem jogar a bola para a escola?

Família e escola como células do processo educativo

A família é a única instituição social presente em todas as civilizações e a unidade essencial em todas as sociedades. Hoje, grandes transformações vêm ocorrendo no panorama familiar, mudanças sociais, econômicas, científicas e tecnológicas, e, também as representações sociais de modelo de família.

De modo geral, “A evolução das sociedades ocidentais deu origem às chamadas novas formas de família” (BALL, 2001); para Giddens (2004, p. 174), são “mudanças nos padrões familiares, que seriam inimagináveis para as gerações anteriores”. Na verdade, há uma multiplicidade de famílias e formas de agregados familiares que tornam a contemporaneidade tão singular que o conceito de família tem sofrido alterações profundas. Conforme Perrenoud (2005), para usarmos o termo família é importante que levemos em consideração que não existe um modelo familiar mais ou menos universal; será mais apropriado falar em famílias. Certamente, família se trata de um sistema complexo “em constante evolução e de longa duração”.

Nesse tecido permeado de complexidades, o contexto familiar também reverbera na escola, e nem sempre família e escola partilham as responsabilidades que lhe cabem; os pais sutilmente, muitas vezes, aplicam e repassam seu papel à escola, mais especificamente aos professores. Esses pais, inseridos num sistema econômico capitalista, justificam sua ausência com a desenfreada necessidade de buscar melhores condições financeiras para melhor educar seus filhos.

A família funciona como uma célula no processo educativo, responsável pela construção e aquisição de identidade pessoal, que são desenvolvidas através do ato educativo familiar e social, e das diversas funções de transmissão de valores éticos, estéticos, religiosos e culturais (MENDONÇA, 2008). O fundamental do papel da família é integrar com as instituições sociais a preservação biológica, psicológica, social, cultural e religiosa, contribuindo assim para a formação de seus indivíduos, principalmente em processo de formação, como as crianças e os adolescentes.

Vale pontuar que, no modelo atual de sociedade, muitas crianças e adolescentes passam o seu tempo livre em “frente ao computador, assistindo à televisão ou jogando videogame e, quando chegam à escola, demonstram dificuldades, até mesmo para correr ou saltar” (MOREIRA & PEREIRA, 2008, p. 45). Destaca-se ainda que, na Educação pública, as salas de aula são superlotadas, tendo como principal consequência a dispersão dos alunos. Além da falta de recursos materiais e de equipamentos para o desenvolvimento de um trabalho adequado.

Escola e família, de forma compartilhada, devem promover sempre um tempo e espaço de troca, de partilhas com o grupo, e, com isso, a escola, através das estratégias de inclusão da família na práxis educativa, reconhece as especificidades dos alunos, além de promover um aprendizado sobre as dinâmicas psicopedagógicas e psicossociais dos alunos.

Dessa forma, escola e família promovem a integração no contexto sociocultural e histórico dos alunos, observando ainda que estes estão em permanentes transformações. O professor deve estimular a participação dos alunos, e, neste processo, acaba também transformando as experiências que vivenciam no mundo extremamente dinâmico. Os alunos, segundo Bourdieu (1989), são levados a desafiar a solidão e a exclusão, uma vez que eles são originais e podem se expressar.

Nessa interação/integração, a família e a escola aprendem a tirar os ruídos da comunicação, levando os alunos a produzirem um diálogo aberto e interativo, uma vez que a expressão e o relacionamento são um instrumento de comunicação. Por isso, ela não se reduz à linguagem, menos ainda à linguagem estruturada e codificada numa língua. Ela ultrapassa os códigos linguísticos e é mais eficiente realizando-se no silêncio, no contato dos corpos, nos olhares, nos ambientes (MARCONDES, 2004).

Na visão pedagógica, os pais devem envolver-se nos problemas dos filhos no ambiente escolar e em todo o seu aprendizado, intervindo de forma incisiva nas dificuldades que eles estão enfrentando, por exemplo, seja na leitura, na escrita ou na interpretação, e também se relacionar e interagir com o meio e consigo mesmo. Ainda é fundamental observar e monitorar os comportamentos inadequados e indesejados que a criança possa vir a apresentar. No enfrentamento dessas novas dinâmicas sociais oriundas do progresso, a escola, muitas vezes, assume o papel de acolhimento familiar, no qual a criança passa a ter os professores como pais, pois sente-se desamparada e abandonada. Nesse jogo, a escola assume a bola e tem como meta fazer o gol. Para tal, deve engajar pais, aluno e escola no seu processo de aprendizado.

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O papel social da escola

A escola, para obter sucesso no ensino, necessita da participação dos pais em todos os processos de aprendizado de seus filhos, em reuniões de pais e mestres, feiras educativas e atividades científicas extracurriculares, apresentações de atividades sociopedagógicas, na elaboração do planejamento educacional dos alunos, no acompanhamento do conselho educacional e da merenda escolar (se for o caso), como também realizar visitas sistemáticas aos seus filhos no espaço escolar.

Segundo Perrenoud (2005, p. 44), cabe ainda à família “dar atenção aos espaços interno e externo da escola e aos módulos de negociações do estabelecimento de ensino, observar as normas, as regras e as decisões” que norteiam a coexistência do estabelecimento de ensino, além de mobilizar a comunidade para ser participante ativa em todo o processo educacional das crianças e dos adolescentes. E intervir quando houver falha na aplicação do papel tanto pelo Estado como pela escola. Dessa forma, a família assume o papel de controle social (BAUMAN, 2007).

Na dinâmica do controle social, em que a família passa a cobrar o cumprimento dos papéis das instituições responsáveis, às vezes há contribuições valiosas no processo educativo, outras vezes gera um movimento de fragilização. A escola, quando assume responsabilidades que não são suas, deixa de assumir seu verdadeiro papel e corrobora para a vertente de pais fragilizados pelo sistema, “alegando a impossibilidade do cumprimento das exigências” (MENDONÇA, 2008, p. 21).

Dessa forma, os pais, que são responsáveis pela “bola”, contemplam o acompanhamento do processo de ensino dos filhos, diminuindo assim a sobrecarga dos professores, ou seja, a família evita que os professores assumam também as responsabilidades dos pais. Certamente, pais, escola e professores, quando assumem apenas o seu papel, proporcionam aos alunos o desenvolvimento de comportamentos assertivos, aqueles indicados para crianças e adolescentes que vivem em ambiente estável. Assim, há minimização de comportamentos evadidos, violentos e negligentes. Como, ainda, minimiza e erradica o bullying, o preconceito e a discriminação, seja ela religiosa, cultural, social, sexual, de gênero, de raça entre tantas.

O descumprimento das normas institucionais pelos alunos passa de responsabilidade da escola para todos: família, escola, professor, comunidade e Estado (TORRES, 2001). Da mesma forma o descumprimento dos acordos e normas estabelecidos pela instituição de ensino, junto aos alunos e à família.

O papel da família é exigir o respeito e o cumprimento às leis, tanto pelos seus membros quanto pelas instituições escolares, “A Lei protege tanto quanto limita a realização dos seus projetos” (PERRENOUD, 2005, p. 50). A família interage com a escola obedecendo, normatizando, controlando e disciplinando os seus membros. Ela partilha com a escola, e vice-versa, todos os aparatos psicológicos, sociais e culturais que rodeiam os alunos, como o sofrimento, a angústia, os desejos, as limitações e a resiliência. Como ainda, a religiosidade e o acesso ao capital. Todo esse conjunto de elementos que envolvem os alunos quando são fortalecidos gera como principal resultado o aprendizado. É importante definir os papéis da escola e dos pais para que não se “jogue a bola”.

Nesse caso, a escola não olha apenas a dificuldade, mas o que a gera, ou seja, ela passa a acolher, também, as situações complexas dos alunos (questões comportamentais, psicopatologias, histórias de vida sofridas, etc.), o que, nesse contexto, vai inferir o fortalecimento do contrato social entre família e escola. Segundo Perrenoud (2005), a escola é responsável pela aprendizagem ou não aprendizagem; e, em situação de reprovação e inversão do comportamento, “toda escola tem mais a perder do que ganhar”, e, certamente, todos perdem: a comunidade, o Estado, o país e a sociedade (PERRENOUD, 2005, p. 50).

Deve-se compreender que escola e família têm o dever de compartilhar e valorizar a ação da criança como um todo, com a preocupação do professor voltada à exploração, à descoberta do novo, à combinação de elementos do dia a dia, numa práxis pedagógica construtiva, e não meramente voltada apenas ao erro e ao acerto. Dessa forma, há um favorecimento e um desenvolvimento das capacidades e habilidades de todos, considerando para tanto os diferentes graus de interesse e conhecimento.

E o “jogo”? De quem é a “bola”? A dificuldade são dos pais, e não dos alunos

A relação entre família e escola deve transcorrer democraticamente, pautada no conhecimento de cada membro em seu efetivo papel e numa dialética em que os momentos de interação se compartilham com a didática e a pedagogia, que certamente serão favoráveis ao aprendizado. Nesse contexto, promover a compreensão da família no que tange ao seu papel, que também “faz parte da comunidade escolar, e não de um império”, como citado por Perrenoud (2005, p. 42), é parte do processo educativo. Contudo, muitas vezes, os pais, como membros da família, institucionalizam os seus papéis, cobrando da escola ou do Estado os seus deveres, e, claro, obedecendo às leis comuns e negociando a sua autonomia. Segundo Bauman (1998), a escola como membro do Estado, por sua vez, cobra da família o cumprimento das normas e condutas necessárias para um bom aprendizado dos seus alunos. E de quem é a “bola”?

Nessa interação família-escola-Estado, o papel dos membros da família — num primeiro momento, os pais (e não só a mãe) — é de acompanhar seus filhos na escola; participar sistematicamente da sua frequência, das suas tarefas, atividades e aulas; orientar e observar a conduta de seus filhos de acordo com as Leis e Normas, e, certamente, também zelar pela segurança, autonomia, liberdade de expressão dos indivíduos, além de exigir que a escola cumpra o seu papel. E qual é o papel da escola?

A escola, além de se responsabilizar pelo aprendizado dos seus alunos, deve garantir a concepção de ensino e aprendizagem que está “condicionada” vários aspectos do desenvolvimento da criança tais como: moral, afetivo, cognitivo, social, cultural e motor. Então, observa-se que a responsabilidade dos pais e educadores está permeada pela necessidade de uma educação compartilhada e de não “empurrar a bola”…

Todos sabem que o desempenho escolar individual de cada aluno depende não apenas do seu rendimento em sala de aula e da competência dos professores, mas também do seu apoio e da base familiar. A relação entre família e estudos e, certamente, a maneira como a família de cada aluno se comporta em relação ao seu desempenho escolar são diretamente reverberadas nos resultados obtidos pelas crianças e pelos adolescentes, independentemente de classe social. Uma base familiar sólida, com pais que se interessam e participam na execução das tarefas escolares, faz com que o aluno tenha resultados satisfatórios em todos os âmbitos de sua carreira escolar.

Observa-se hoje, entretanto, duas características de dificuldades significativas entre pais, alunos e escola. A primeira são os pais que participam demasiadamente, em menor quantidade evidentemente, mas, que muitas vezes, por excesso de ansiedade, interferem no processo pedagógico e causam alguns conflitos no ambiente escolar. Afinal, para eles, os pais são educadores, e “todos sabem educar”, é o que se pode chamar de Pedagogia da Interferência, com a qual os pais desejam que a escola faça que “eles acham que é o certo”, pois, pagam a escola (mais comum na rede particular de ensino).

A outra característica é apresentada pelos pais que “empurram a bola” para a escola. Esses pais “cobram” da instituição que ela eduque seu filho, em seus vários aspectos, dando-lhes a educação familiar (comportamento, hábitos, atitudes, valores, crenças), a educação formal, escolar, de formação do indivíduo e, muitas vezes também, até a educação religiosa, realizando cobranças que não são pertinentes ao papel da escola. Esses pais se pautam na premissa de que precisam trabalhar, geralmente compensam a ausência com prêmios (brinquedos), e, muitas vezes, quando a criança apresenta dificuldade, como justificativa, contratam professores particulares para suprir-lhes as carências cognitivas. Essas atitudes, no entanto, não são para todas as classes sociais, depende do status social da família.

Nesse jogo não há vencedores. Para o sucesso da vida escolar da criança, é imprescindível que os pais estejam presentes na hora do estudo, que busquem motivá-la para obter bons resultados e demonstrem que confiam na escola, em seus professores e na práxis educativa vivenciada pela criança. A escola deve assumir seu efetivo papel e orientar os pais acerca dos limites pedagógicos.

O grande problema nessa questão, no entanto, é saber a medida exata com que os pais devem, de fato, se envolver: a criança deve saber que pode contar com os adultos responsáveis em sua vida para ajudá-la, mas jamais para assumir suas responsabilidades. Observa-se, portanto, que alguns pais executam as tarefas para os filhos (resolvem seus deveres de casa, pesquisam seus trabalhos para entregar) ou quando estes falham em executá-las, procuram o professor para tratar do assunto, em vez de deixar a criança assumir a responsabilidade pelos seus atos. Há casos de o aluno apresentar notas baixas e o professor ser inquirido pelos pais a respeito, como se este decidisse as notas arbitrariamente e estas não fossem resultado do esforço e da dedicação do aluno. Esse tipo de envolvimento dos pais é prejudicial, tanto no âmbito escolar — já que a criança não estará realmente aprendendo o que a tarefa objetivava — como no campo pessoal, uma vez que o aluno não perceberá que suas ações têm consequências.

Considerações finais

Sabe-se que é fundamental a participação dos pais na carreira escolar das crianças e dos adolescentes, certamente é imprescindível, mas ao mesmo tempo é necessário que esse envolvimento seja de qualidade — ressaltando que o essencial é a qualidade do tempo em que os pais se dedicam aos filhos. É preciso que os pais, figuras de referência, e profissionais do âmbito escolar, que lidam com crianças e adolescentes, coloquem-se no lugar do jovem, compreendam a sua realidade e entrem em contato com suas inseguranças, para, ao senti-lo, tentar juntamente com ele a possibilidade de mudança. É através do sentir que se conquista a possibilidade de interagir de modo verdadeiro e, com isso, produzir mudanças. A parceria entre afetividade e verdade possibilita a transfiguração do comportamento, de acordo com Schettini.

Na Educação compartilhada entre família e escola, todos assumem de fato o seu papel: o aluno como sujeito ativo e capaz de aprender; o professor como mestre com conhecimentos para ensinar; a família como primeira instituição capaz de indicar os caminhos dos seus membros; os pais como primeiros professores em condições do ensino de seu filho; a escola como segunda instituição de ensino e aprendizado; a sociedade para cobrar o cumprimento dos papéis; e o Estado como regulador do sistema. Cabendo a todos avaliar os currículos e a sala de aula de forma a adequar a Educação às demandas contemporâneas.

De forma cooperativa, família e escola podem experimentar o vivido, realizar coalizões uma com a outra e compartilhar os papéis na Educação. É importante que não se jogue a “bola” de um lado para o outro…

O compartilhamento entre escola e família ensina a criança a vivenciar os sentimentos abrindo oportunidade e ensinando-a a ser reflexiva. Em vez de apenas reagir aos acontecimentos à sua volta, como uma bola sendo jogada. Além disso, essa relação cria e fortalece os vínculos; nesse momento em que todos estão juntos, o aluno perceberá que alguém se preocupa com ele.

Deve-se entender ainda que a educação escolar é diferente da familiar, não sendo possível uma substituir a outra. Cabendo citar que o papel da escola é o ensino, preparando para o mercado de trabalho, para a cidadania, para a pesquisa e a transformação da sociedade. E o da família é preparar os seus membros para a vida, instruindo para o bom caráter e auxiliando a inclusão nos grupos sociais. Os pais não podem delegar o seu papel ao Estado nem a escola delegar o seu papel à família. Não devem jogar a “bola” um para o outro…

É importante que a família e a escola estejam interligadas na promoção de uma Educação de qualidade, encontrando soluções para os diversos tipos de problema que possam surgir no decorrer do processo de aprendizado do aluno.

Ressalte-se ainda que os educadores contribuem nesse processo desempenhando o seu papel e conquistando o apoio da família, trazendo-a para a escola. Além de ampliar o espaço de reflexão através da roda de diálogo entre pais/responsáveis, professores, equipe pedagógica, funcionários, gestores escolares e jovens; a interação face a face é fundamental para o aprimoramento e fortalecimento do vínculo entre os educadores em geral.

Diante disso, escola e família dividirão problemas e compartilharão as suas soluções de forma integrada e participativa, diagnosticando as potencialidades e fragilidades do modelo educacional, além de elaborar um plano de intervenção quando os problemas persistirem. Dessa forma, a escola poderá não só inserir os familiares como também toda a comunidade que reside no entorno da escola.

É importante investir em uma Educação em que família e escola andem de mãos dadas, com tarefas distintas; no entanto, com objetivos semelhantes. Garantindo, portanto, o desenvolvimento cognitivo, social e cultural, para que haja uma transformação na Educação como um todo, em que família e escola tenham como a principal ferramenta a Educação Sociocultural e sua estrutura pautada na Capacitação Multidisciplinar. Cada escola, em conjunto com os pais, deve encontrar formas peculiares de relacionamento que sejam compatíveis com a realidade de todos os envolvidos no processo de educar — pais, professores, alunos, gestores, educadores —, a fim de tornar esse espaço físico e psicológico um fator de crescimento e de real envolvimento entre todos os formadores. A escola não pode permitir que, no processo educativo, a dificuldade sejam os pais, e não os alunos. O importante é assumir a “bola” e fazer o “gol”.

Rosangela Nieto de Albuquerque é Pós-doutora em Educação (Ph.D.), doutoranda em Psicologia Social, Mestra em Ciências da Linguagem, professora em cursos de graduação e pós-graduação, psicopedagoga clínica e institucional, coordenadora do curso de Pedagogia, coordenadora dos cursos de pós-graduação, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão, gestora educacional e pedagoga. Endereço eletrônico: rosangela.nieto@gmail.com.

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