Matérias Especiais

Escola dos sonhos

Meire Aparecida Pedersoli

A história da educação brasileira está fundamentada na história política dos períodos: Colônia, Império e República. Durante essa trajetória, passamos por várias mudanças e reformas na educação, que foram dando à escola um perfil de acordo com a época.

Se analisarmos o desenvolvimento das instituições no decorrer do tempo, podemos dizer que a escola é a única entidade que mantém suas características sem evoluir — sala de aula, apagador, giz, quadro-negro e professor —, embora a era da tecnologia impulsione novas metodologias. Devido à pouca infraestrutura física e à falta de equipamentos, impera,
ainda, o modelo de escola tradicional em todo o País.

Temos necessidades urgentes de construir uma escola diferente para atender à sociedade em mudança. Precisamos de uma instituição na qual os valores humanos sejam defendidos e a igualdade e a vivência sejam planejadas, que esteja livre do ranço do autoritarismo e promova a integração pacífica da comunidade. Esse convívio democrático é algo complicado! Exige que a escola inove, implemente ações integradoras
com todos os agentes participantes, envolvendo órgãos, instituições e organizações através de parcerias e de um novo trabalho.

Então, como construir essa escola? Inicialmente, é preciso que os gestores e o colegiado entendam e aceitem a democracia.
Esse estilo de gestão é muito difundido; contudo, pouco aplicado dentro das instituições. Sua filosofia contempla alunos ativos, que interagem e se dedicam a pensar, construir, criar, e não apenas a decorar a matéria. Esse não seria o modelo ideal para nossas crianças e nossos jovens?

O que queremos é que a escola:

A. Promova pessoas e desenvolva as relações interpessoais, cognitivas, afetivas e éticas através do conhecimento não reproduzido, mas constituído com a compreensão da realidade e a participação em relações pessoais, políticas e culturais diversificadas.

B. Socialize os alunos, buscando a integração deles com a sociedade, a participação na vida social, o desenvolvimento de padrões e atitudes, ampliando seus conhecimentos,tornando-os seres políticos, conscientes de seus deveres e direitos, e participativos.

C. Esteja disposta a aprender sempre. A escola deve promover uma educação universal que provoque a motivação para aprender. Ela precisa ser aberta, acessível a todos, articular o saber com a comunidade num relacionamento que promova o desenvolvimento pleno do aluno como pessoa, cidadão, trabalhador.

A escola tem de perder suas características tradicionais e trabalhar com qualidade, juntamente com seus profissionais, para fazer a educação acontecer.

Enfim, a instituição deve ser o lugar onde o saber acontece, segundo Paschoal Lemme. Um saber que prepara para a vida e que educa o perfil do futuro cidadão. Dessa forma,
as ações precisam estar voltadas para a motivação dos estudantes e a definição das características da clientela.

Moacyr Gadotti sempre disse: “O ato educativo se dá com a desordem, e não com a ordem. Isso porque precisamos provocar tempestades de ideias, criar e recriar, saindo do ritmo acomodado, e desorganizar os fatores para surgirem novos momentos. Precisamos quebrar os paradigmas para atingir o nosso aluno e mostrar que a escola é o lugar onde ele constrói o seu futuro”.

Dentro desse contexto, os profissionais da educação precisam fazer nascer a escola dos sonhos, aquela que está presente em todos os momentos, que consegue cumprir seu papel de ensinar e de aprender a aprender; aquela em que o espaço físico não apenas a determina, mas, sim, estimula o pensar. Professores e gestores precisam saber ouvir, falar, sentir, ver o momento atual e escutar o que seu aluno traz de experiências de vida. Ou seja, abrir as portas para um despertar de novas metodologias de ensino que priorizem a relação voltada para a socialização e o dinamismo e que consigam suprir até a falta de materiais.

Meire Aparecida Pedersoli é pedagoga e especialista em Educação.
Professora e coordenadora do Ensino Superior no Centro Universitário
Barão de Mauá, Ribeirão Preto – SP.