Edição 103

Lendo e aprendendo

Fake news: como não cair nessa armadilha

Glaucya Tavares

As tecnologias digitais nos apresentam todos os dias novos veículos, caminhos e chances de nos conectarmos e propagarmos informações. São infinitas as possibilidades e formas de comunicação. As redes sociais são responsáveis por grande parte desses recentes veículos de disseminação de informação. No cenário atual, elas ganham ainda mais espaço e importância a cada dia, principalmente para as novas gerações.

As novas tecnologias nos apresentam inúmeros ganhos e benefícios; existem, no entanto, alguns graves riscos, presentes nesse novo formato. Um desses riscos se encontra na produção e disseminação das fake news — notícias e informações falsas, mas que aparentam ser verdadeiras ­­—, produções caseiras ou profissionais que se utilizam de uma narrativa muito próxima da realidade para enganar, iludir ou persuadir um público específico. Essas notícias geralmente são produzidas com elevado nível de apelo emocional e fatos traumatizantes.

As fake news são, de um modo geral, produzidas e disseminadas com objetivos claros de manipulação da opinião pública. Elas atacam de forma prejudicial uma pessoa, um grupo, uma empresa, um produto ou qualquer tipo de organização, como partidos políticos e entidades religiosas. São informações falsas que pretendem impactar o maior número possível de pessoas, criando assim uma falsa realidade. Todos conhecemos relatos de pessoas que já sofreram algum ataque na Internet com base em notícias falsas, ocasionando até mesmo danos à saúde física e mental das vítimas dessas notícias. O crescimento de tal prática em todo o mundo em nada contribui para uma sociedade mais responsável e consciente.

Infelizmente, a conclusão do maior estudo já realizado sobre disseminação de informações, uma pesquisa do Instituto de Massachusetts (MIT), apontou que as notícias falsas têm 70% mais chances de viralizar do que as notícias verdadeiras e alcançam muito mais pessoas do que boas notícias. De acordo com os cientistas que realizaram esse estudo, as fake news ganham espaço na internet de forma mais rápida, mais profunda e com mais abrangência do que as informações verdadeiras.

“As fake news são, de um modo geral, produzidas e disseminadas com objetivos claros de manipulação da opinião pública.”

A maioria das fake news possui uma narrativa com elevado apelo emocional e/ou trágico e seduz pelos formatos utilizados. Atenção para alguns cuidados que você pode ter ao ser um usuário das redes sociais e, dessa forma, um disseminador de informações.

Duvide antes de compartilhar

Direito a dúvida: não acredite em uma notícia que apresente informações extremamente negativas ou positivas sobre uma pessoa, um grupo ou uma organização sem antes buscar dados mais precisos. Pesquise a versão das partes envolvidas antes de compartilhar uma notícia de que você não tem certeza da veracidade. Duvide antes de compartilhar.

Informe-se sobre a fonte da notícia ou informação: muitos compartilhamentos acontecem sem uma mínima atenção sobre quem produziu aquela notícia. Mesmo que tenha sido compartilhada por um amigo ou conhecido, é preciso verificar de quem é essa informação.

Um dos grandes aliados na construção de uma sociedade mais participativa e consciente está no desenvolvimento de uma cultura do diálogo, na qual pessoas e veículos de comunicação produzam e propaguem informações verdadeiras, que promovam o bem, o respeito e, principalmente, a verdade. As redes sociais e todos os instrumentos das novas tecnologias aproximam pessoas e ideologias e abrem novos caminhos para a construção de uma sociedade mais conectada e participativa. Se cada um de nós assumirmos o compromisso com a verdade e com o diálogo construtivo, será possível evoluirmos enquanto sociedade.

TAVARES, Glaucya. In: Revista Diálogo — Religião e Cultura, ano XXIII, nº 91 – julho/setembro de 2018. São Paulo: Paulinas, 2018.

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