Edição 97

A fala do mestre

Lições de generosidade na escola

Leandro Silvio Martins

A escola não é apenas um local destinado para a realização de trabalhos, testes, provas e aulas para a execução dessas avaliações. A prática docente precisa se reinventar para que seja uma influência positiva não só no desempenho escolar do educando, mas na sociedade, como cidadania.

14_generosidadeSer um grande educador é uma meta alcançada quando também se está engajado em projetos sociais. Sempre estive engajado na promoção de inúmeros projetos sociais. Generosidade e solidariedade sempre permearam minha cabeça com a certeza de que era o que faltava ao mundo. Possivelmente, muitos dos problemas sociais diminuiriam se pensássemos mais no outro. Empatia é a palavra-chave. Assim, passei a fazer parte de diversos projetos voluntários, e aqueles com que mais me identifiquei foram os projetos Ação Cosplay e o Heróis e princesas da alegria, além das ações do fã clube da saga Star Wars, o Império Comando RJ. As ações promovidas nesses grupos não eram visitas rotineiras a uma criança internada em um hospital, creche, asilo ou orfanato, mas ações para levar diversão e ajuda para jovens e adultos, fantasiando-se de super-heróis e princesas para levar esperança e alegria a quem precisa. Foi quando resolvi levar tudo o que estava sendo feito ali para a escola.

Nas escolas em que leciono Geografia, houve, ao lado da professora de Sociologia Sabrina Alamo, a iniciativa de estimular a consciência humanitária e de solidariedade entre os alunos. Assim nasceu o Projeto Três Graças – Abigail, Euphosyna e Thalia (nome inspirado nas deusas gregas da felicidade) que passou a promover campanhas para auxiliar diversas instituições. O projeto teve ainda extensões dedicadas a estimular atitudes ecológicas, como é o caso do Programa Ceres, assim batizado em homenagem à deusa romana da agricultura, com a proposta do plantio de hortas e árvores inicialmente na escola e, depois, com a pretensão de expandir para toda a comunidade. Com isso, o estilo das aulas mudou, e o lúdico passou a ser mais trabalhado nas aulas, trazendo as fantasias utilizadas nas ações dos outros projetos para as aulas e utilizando outras ferramentas, como jogos, e através desta inovação a participação dos alunos aumentou, contribuindo para que os alunos se envolvessem ainda mais nos projetos.

As aulas, com um tom mais lúdico, consistem em encenar — como um personagem —, por exemplo, o jogo Pokémon Go, que utiliza o GPS, para explicar o funcionamento de coordenadas geográficas; ou se vestir como uma das entidades das loas do vodu haitiano, para explicar a importância da religião dentro da revolução haitiana que libertou o país; ou ter uma aula de política com Darth Vader. Utilizar batas africanas para contar histórias de griots em aulas sobre o continente africano; ou utilizar os jogos de RPG, para que os alunos encenem personagens de algum momento histórico que gerou alterações no espaço natural, criando o espaço geográfico. Tudo com o intuito de motivar o aluno a diversos hábitos, como a leitura, já que existe uma necessidade real de ler para o aproveitamento de cada uma das aulas.

A participação dos alunos nas aulas se torna cada vez mais incisiva, e a participação nos projetos cada vez maior, e com apoio das escolas e dos pais, o que é maravilhoso e fundamental no processo de aprendizagem, envolver a família para que os alunos possam crescer.
Para os alunos dos ensinos Fundamental e Médio, o ambiente escolar passou a ser uma experiência fantástica a cada aula, uma experiência de vida. Não só para os alunos, mas para o professor, que vê a motivação do aluno e o quanto estão influenciando na formação do ser humano enquanto pessoa, sem deixar o currículo mínimo de lado. Assim, professores e alunos experimentam as emoções positivas de quem ajuda alguém. Pois ajudar faz bem a quem está sendo ajudado e a quem ajudou.

Leandro Silvio Martins é professor de Geografia.
E-mail: Leandro.180383@hotmail.com

cubos