Edição 42
Profissionalismo
Método Sckaff de Ensino Superior
Fernando Luís Sckaff Lázaro
Resumo
O Método Sckaff de Ensino Superior (MSES) é realizado por meio de apresentação de temas desenvolvidos pelos estudantes de graduação e/ou pós-graduação, em sala de aula, expostos em forma de fórum de debates. Os fóruns são interpretados de forma ampla e participativa, com a fi nalidade de contribuir com os conhecimentos atualizados na administração de qualquer disciplina e podendo, assim, produzir, ao término de cada semestre, um livro de tópicos avançados da disciplina.
O Método consiste em liberar temas, os quais serão pesquisados, produzidos individualmente e apresentados em sala de aula. Os trabalhos conterão uma sinopse, ou seja, um texto dizendo de que trata o assunto; uma pergunta, que é a questão de pesquisa; e uma ou mais citações, que são os referenciais teóricos, com o objetivo de responder à questão produzida pelo estudante de forma bem fundamentada. Só a partir desses três momentos é que o estudante estará habilitado para fazer a sua interpretação, que é a prova propriamente dita, restando ao mesmo concluir com uma recomendação, contribuindo para o conhecimento de todos os interessados no assunto, com exemplos práticos e bibliografia.
Finalidade
Conduzir o profi ssional que vivenciou o Método Sckaff no Ensino Superior; saber respeitar os pilares da bioética, a fi m de estar consciente de que tudo tem a ver com tudo, tudo muda, tudo tem o contraditório, tudo evolui; e, principalmente, ter a consciência de que o conhecimento é inacabado, e todos podem contribuir com o mesmo. “Não se pode ensinar coisa alguma a alguém, pode-se apenas auxiliá-lo a descobrir por si mesmo”, Galileu Galilei (1564–1642).
Objetivo geral
Quebrar paradigmas, tornando o ensino–aprendizagem um prazer, e não uma obrigação — por ser essa uma das características dos dias atuais —, para, assim, formar estudantes habilitados, competentes e, o que é mais importante, éticos, profi ssionais e que saibam se relacionar bem, de forma a diferenciar a amizade pessoal da profi ssional e, principalmente, poder se manter no mercado devidamente atualizado.
Objetivos específicos
Provar que a avaliação educacional se pratica todos os dias, e não só em dia de testes.
Fazer com que os estudantes compreendam o saber interpretar.
Avaliar as necessidades e oportunidades em mercados específicos.
Tornar os estudantes em geral mais competitivos e mais criativos.
Julgar os estudantes no que realmente produzem com suas experiências e seus saberes.
Justificativa
O que nos levou a criar esse método de ensino para estudantes do nível universitário e de pós-graduação foi a baixa qualidade dos modelos atuais de avaliação, que já não atendem às exigências do mercado, e, principalmente, a falta de coerência entre o que se pede e o que se faz por parte dos docentes e das instituições de Ensino Superior no que se refere aos Conteúdos Programáticos apresentados e ao que realmente é ensinado no período letivo. Outro motivo é o baixo nível de conhecimento, interesse, participação, comprometimento e, principalmente, o não saber interpretar por parte dos estudantes. O conhecimento adquirido no período em que se encontram na faculdade — no que se refere ao conteúdo e à forma de aprendizado —, e como foram avaliados para ingressar na faculdade e durante o período em que se encontraram nela, sabemos perfeitamente, já estão ultrapassados.
Entre outros motivos, estão as péssimas condições de ensino e aprendizagem, métodos de avaliação inadequados e obsoletos para a realidade e falta de preparo dos docentes. O despreparo deve-se, principalmente, ao fato de esses docentes não terem sido preparados para avaliar corretamente ao longo de sua vida, não terem vivenciado o método científi co nem saberem conduzir os estudantes universitários efi cazmente, mas também por não haver investimento em educação continuada e progressiva.
E, por fi m, contrariando o pensamento de Theodore Levitt, que dizia que “a sobrevivência é uma aspiração medíocre e que qualquer um pode viver de uma forma ou de outra”, o que precisamos é tornar o estudante brasileiro repleto de sentimentos, esperanças e emoções. Sendo assim, asseguro que, por meio do Método Sckaff , teremos profi ssionais capazes, confi antes, coerentes, corajosos, criativos, curiosos e comprometidos com seus ideais.
“Se você quer permanecer, tem que mudar” (Pedro Demo).
Estado da arte
Artificialidade do olhar científico
(Pedro Demo)
Ser profi ssional implica, como regra, um saber especializado, por vezes obsessivamente verticalizado. Um olhar científi co compreende a característica metodológica de trabalhar com um “objeto construído”, não com a realidade imediata. A ciência age seletivamente, recortando o real em partes e dedicando-se a elas em si, o que redunda já na especialização.
O formalismo é a maneira de trabalhar pela via da lógica sistemática, ressaltando no objeto a face que melhor combina com o método da pesquisa, que é a análise formalizada.
Analisar signifi ca decompor a realidade em seus componentes, aproximando-se daquilo que seria a “substância” da coisa. O olhar superfi cial não descobre átomos da realidade. Essa descoberta é possível apenas em profundidade especializada e obsessivamente analítica.
Todo trabalho científi co dedica-se a defi nir, categorizar, distinguir, classifi car, sistematizar, esquematizar, deduzir, induzir, argumentar, fundamentar — atividades que se nutrem de características formais. Vai aí a marca da pretensão universal do conhecimento científi co, para todos os fenômenos e para nenhum em particular. Fundamentados nos tópicos supracitados, passamos a valorizar cada momento, cada sugestão, recomendação e crítica. Ao longo de quatro anos, aprendemos com erros e decepções, principalmente no que se refere à quebra de paradigmas e a outros pormenores, tais como má vontade, mau humor e a famigerada inveja. Mas, por termos convicção da importância da construção de um novo método de ensino universitário visando novos meios de avaliação, conseguimos resultados surpreendentes e promissores. Resta-nos crer, aplicar e ver esses resultados.
Métodos educacionais de S. Connor (SC), de 1993, criticados por F. Sckaff (FS) em 2007
Construtivismo
A idéia fundamental do Construtivismo é a de que cada um de nós constrói sua própria estrutura de conhecimento.
SC – Fazemos isso explorando as informações recebidas do ambiente, tratando-as com base em nossa experiência pessoal de vida e na troca de experiências com outras pessoas.
FS – Tem seu valor por se tratar da construção de conhecimentos individuais, porém, para os dias atuais, deixa a desejar por se tratar de trocas de experiências entre pessoas, principalmente se ela for fundamentada em culturas distorcidas de uma sociedade sem tradições ou mesmo socioculturalmente educadas para saber se projetar no futuro de forma bem planejada.
Conceitual
É a essência do conhecimento.
SC – A construção do conhecimento se apóia em conceitos.
FS – Nesse método, o estudante só faz se fundamentar com base no que as teorias dizem, sem poder interpretar, ou seja, não pode, por hipótese alguma, divergir do que foi dito, ferindo um dos principais pilares da bioética — que diz que tudo muda. Logo, esse método deixa a desejar por faltar a interpretação.
Aprendizagem
Contempla três características básicas: disponibilidade, interatividade e colaboratividade.
SC – Resume a dinâmica de um sistema eficaz.
FS – Se houvesse um sistema efi caz de aprendizagem, outros não surgiriam. Sempre encontraremos uma maneira de fazer melhor qualquer coisa, e, no que se refere a esse método de ensino, as características supracitadas já são amplamente usadas, conforme estão citadas logo abaixo:
Disponibilidade
Característica que permite que o sujeito da aprendizagem, o aluno, tenha acesso ao objeto da aprendizagem, o conteúdo da informação, no local e no momento em que lhe for mais conveniente.
SC – Ou seja, não é o aluno (sujeito da aprendizagem) que vai ao conteúdo (objeto da aprendizagem), é o conteúdo que vai ao aluno, e sob seu comando.
FS – Percebo a boa intenção de se querer conduzir ou mesmo induzir o estudante a fazer o que deve ser feito. Isso tem tudo a ver com questões técnicas e/ou robóticas, já que quem não tem acesso ao objeto de estudo certamente não chegará às mesmas conclusões, a exemplo de quem tem ou não acesso a computadores ou equipamentos laboratoriais.
Interatividade
Característica que permite ao aluno interagir com cada objeto, cada conteúdo, quantas vezes achar necessário.
SC – De acordo com a estrutura cognitiva de cada um, uns vão levar menos tempo, outros mais, mas todos vão aprender, se lhes for permitido respeitar o seu ritmo de aprendizagem. É ela que permite a necessária disputa que vai haver entre informações novas e conhecimentos já internalizados no indivíduo para a construção do novo conhecimento.
FS – Já essa característica da aprendizagem é, no meu entender, muito interessante, pois leva o indivíduo a, por meio da interação, poder construir seus próprios conceitos. Deixa muito a desejar, porém, no que se refere a ter de refazer caminhos já percorridos por outros, pois isso é pura perda de tempo se poderíamos, com base em referenciais teóricos, interpretar fatos e tirar conclusões. O mesmo pode se tornar enfadonho.
Colaboratividade
Característica fundamental na construção do conhecimento.
SC – Como essa construção signifi ca mudança de estrutura de atitudes no indivíduo, este é um processo em que é primordial a participação de outras pessoas, é um trabalho em grupo. Pode-se dizer que é a interatividade do sujeito com outros sujeitos.
FS – Essa característica também tem o seu valor por se tratar de relações entre indivíduos. O conhecimento, porém, é uma eterna busca, e o indivíduo tem de tirar suas próprias conclusões para se sentir seguro e caminhar com os próprios pés.
Metodologia
Como já foi citado, por meio de aulas discursivas com fórum de debates diários e constantes, o estudante desenvolve temas como sinopse, questionamento, citações, interpretação, recomendação e apresentação da referência teórica, desenvolvendo pesquisas na prática ou teoria e visando publicá-las profi ssionalmente. Dessa forma, o aluno contribui para a construção do conhecimento e a produção da ciência, ainda que no meio acadêmico. Em sala de aula e desde o início da mesma, estamos testando e conferindo o estudante, para quem todos os dias de aula são provas, com as apresentações de temas. No dia de prova, não há avaliação, é só entregar o que foi produzido e assinar a ata.
Em sala de aula, o aluno é pontuado por chegar no horário, de forma que crie responsabilidade para si e para com os outros. Porém, o desejo de chegar no horário deve partir dele de forma prazerosa, de não querer perder nenhuma apresentação que será produzida naquele dia, evitando uma perda irrecuperável.
A falta é justifi cada só para fi ns acadêmicos, pois a aula perdida só será recuperada quando da publicação do livro que ocorre no fi nal do período, com a conclusão da disciplina. Ou seja, não há perda, e os temas, compostos em função do conteúdo programático, são distribuídos aleatoriamente para todos os estudantes no início do período; um a um, fundamentados no conteúdo programático.
O aluno só terá direito ao segundo tema quando for apresentado o primeiro. É nesse momento que começamos a distinguir os mais interessados dos demais e podemos dar carga em quem tenta se livrar da obrigação. Logo percebemos as defi ciências e começamos a corrigi-las in loco, de forma direta e objetiva. Nesse momento, o mestre se faz presente, e tudo isso se torna gratifi cante para o verdadeiro educador.
A organização da pesquisa
A elaboração e organização da pesquisa foi uma etapa importante no planejamento do MSES. Em geral, as obras ofereceram esboços práticos que serviram de orientação na montagem de questionários, roteiros de entrevistas e escalas de opinião, que nos deram indicações sobre o tempo e o material necessários à sua realização.
A execução da pesquisa
Na etapa de coleta de dados, iniciou-se a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, bem como daqueles que produziram direta ou indiretamente os fóruns de debates ou mesmo na montagem do livro propriamente dito. Assim, contribui-se com as informações que alimentaram os dados previstos e coletados.
Foram vários os procedimentos para as investigações e a realização da coleta, que variaram de acordo com as circunstâncias. Em linhas gerais, as técnicas de pesquisa utilizadas foram: coleta documental, entrevista, questionário, formulário de medidas de opiniões, comentários e críticas e algumas atitudes relevantes, tais como análise de conteúdo e vivências em sala de aula.
Comentários gerais
Por Frederico Galindo
(Facipe – AMP. N. 2004/1)
Acredito e asseguro que esse é um método inovador, muito bom, que traz benefícios ao aluno, dando uma maior dinâmica ao processo de aprendizagem. Quanto à prova, esta se realiza no turno da noite, quando muitos alunos já se encontram em seu esgotamento físico. E é nesse momento que passam o sono e o cansaço, tudo é prazeroso, é muito ensinamento em forma de fórum de debates.
Por Rodrigo Pedrosa
(Facipe – AMP. M. 2004/1)
Foi de suma importância o método de ensino apresentado, pois infl uenciou, de forma direta, no desenvolvimento e no aprendizado dessa matéria. Pude observar que esse método apresentado pelo professor Sckaff proporcionou, também, uma maior integração entre os que participaram dessa disciplina e, assim, puderam, de forma mais ampla e descontraída, apresentar seus temas, por sua vez, sob a orientação do professor Sckaff.
Particularmente, gostei desse método de ensino, de que, no caso, não havia ainda participado e que realmente produz bons resultados. Essa metodologia é produtiva e efi caz, desde que haja uma integração e um interesse de cada participante no seu desenvolvimento e aprendizado. Outro fator importante foi a utilização do livro que foi apresentado, proporcionando um melhor aprendizado. Recomendo que essa metodologia mantenha seu curso não apenas nesta disciplina, mas em outras também.
Por Isabelle Reis
(Facipe – MKT-2. M. 2004/1)
A metodologia de ensino apresentada pelo professor Fernando Sckaff tem como objetivo fazer com que os alunos compreendam o comportamento de cada cliente e a forma de avaliar suas necessidades em um mercado específico, por meio de aulas discursivas, dinâmicas e práticas. Com isso, os alunos passam a enxergar um novo mercado, que pode ser identifi cado dentro de várias empresas, buscando otimizar valores para o cliente e os acionistas.
Por José Francisco Barbosa Neto
(Unibratec – CTDS/M – ago. 2004/1)
A metodologia de ensino do professor Fernando Sckaff é um método de ensino novo em que o aluno fica à vontade para expor sua interpretação e sua maneira, em geral, de ver a Administração. Por outro lado, como num dia de aula existem vários alunos abordando seu tema, fica muita informação ao mesmo tempo para absorver quando há desatenção. Mas, em geral, a metodologia é efi caz para se compreender melhor a Administração “ciência” pela grande quantidade de opiniões diferentes sobre um tema.
Sugestões aceitas
Mais questionamentos, por tema apresentado, junto aos alunos.
Diminuir a quantidade de temas, detalhando ainda mais cada um, para melhor fixação.
Maior argüição aos alunos por parte do professor durante a execução de cada prova, não com o intuito de repreender, mas, sim, no sentido educacional, para tornar as provas ainda mais aproveitáveis, atraindo a atenção do estudante e visando um melhor aproveitamento.
Recomendações relevantes
Recomendo que esta metodologia deva manter seu curso nas demais disciplinas.
Recomendo que esta metodologia seja transformada em curso obrigatório para o corpo discente.
Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa podem ser selecionados desde a proposição do problema, a formulação das hipóteses até a delimitação do universo da amostra.
A seleção do instrumento metodológico está, portanto, diretamente relacionada com o problema a ser estudado. A escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenômenos; o objeto da pesquisa; os recursos fi nanceiros; a equipe humana; e outros elementos que possam surgir no campo da investigação.
Tabulação
É um método inovador, muito bom, que traz benefícios ao aluno.
Dá maior dinâmica às provas no turno da noite.
Influencia, de forma direta, no desenvolvimento e no aprendizado.
Proporciona maior integração entre os participantes.
Apresenta os temas de forma ampla e descontraída.
O tema é orientado e corrigido no momento da apresentação.
Particularmente, gostei desse método de ensino.
Ele realmente produz bons resultados.
A bibliografi a apresentada é toda utilizada.
Aulas discursivas, dinâmicas e práticas.
Os alunos passam a enxergar um novo mercado.
Busca aperfeiçoar valores para o cliente e os acionistas.
É um método novo, em que o aluno fica à vontade para interpretar.
Conclusões
A última fase do planejamento da pesquisa expõe com clareza os resultados fi nais, com uma conclusão significativa no que se refere desde o ensino–aprendizagem a uma produção propriamente dita. Tudo isso de acordo com as hipóteses vinculadas e fundamentadas na investigação, cujo conteúdo foi comprovado e muito, mas muito distante de qualquer hipótese de refutação.
Foi uma exposição sobre o que foi investigado, analisado, interpretado. Está sendo uma síntese comentada repleta de idéias essenciais e dos principais resultados obtidos, explicitados com precisão e clareza de informações.
Caso as conclusões ou algumas questões tenham fi cado sem solução, serão estudadas e apontadas em outros momentos, pois a obra fundamentada em conhecimento é inacabada. Sabe-se que, sem conclusão, o trabalho parece não estar terminado, mas, nesse exato momento, o presente leitor passa a ser o principal crítico, oferecendo-nos sugestões e recomendações para o aperfeiçoamento desta obra MSES que se inicia, em prol de um ensino de nível universitário, o qual passa a ser de grande valia, seja local, seja global.
Fernando Sckaff – M.Sc. é professor universitário, administrador de empresas e escritor.
Formado e pós-graduado em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco.
Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Professor titular da disciplina de Empreendedorismo das turmas de Secretariado e Relações Públicas da Escola Superior de Relações Públicas e Secretariado (Esurp).
Administrador e membro da Presidência na Ouvidoria da Fundação Hemope.cas
Referências Bibliográficas
COHN, N. Cosmos, Caos e o Mundo que Virá. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
CONNOR, S. Cultura Pós-moderna: Introdução às Teorias Contemporâneas. São Paulo: Loyola, 1993.
DEMO. P. Conhecimento Moderno sobre Ética e Intervenção do Conhecimento. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
JAPIASSÚ, H. A Atitude Interdisciplinar no Sistema de Ensino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. nº 108, p. 83-94, jan. – mar. 1992.
MARCONI M. A., & LAKATOS E. M. Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: Atlas, 1998.