Edição 106
Construindo mais conhecimento
Nomes fundamentais da história do Brasil
Texto de Fábio Marton
As pessoas que fizeram o país em que vivemos hoje, de acordo com a escolha do público e de especialistas.
ZUMBI DOS PALMARES
Em guerra contra a escravidão
Figura do líder assumiu proporções míticas
O BRASIL DE ZUMBI
Ano: 1660
População: 242.000 (estimativa)
População rural: sem dados, mais de 90%
Taxa de analfabetismo: sem dados, mais de 90%
Regime político: Colônia Portuguesa
COMO SERIA SEM ELE
Não haveria um símbolo rebelde para o movimento negro. Os militantes teriam de se conformar com pacatos e europeizados abolicionistas do século XIX. Faz toda a diferença ter havido um legítimo rei e general africano no Brasil.
JOSÉ BONIFÁCIO
O pai da Pátria
O cientista e intelectual que moldou o Brasil independente.
O BRASIL DE BONIFÁCIO
Ano: 1820
População: 4.717.000 (estimativa)
População rural: sem dados, mais de 90%
Taxa de analfabetismo: sem dados, mais de 90%
Regime político: Colônia Portuguesa
COMO SERIA SEM ELE
A Independência poderia ter naufragado ou talvez o regime resultante fosse uma tirânica monarquia absolutista, nascida da necessidade de unir o País à força. Ainda que ele não tenha conseguido banir a escravidão, ter um pai da pátria como abolicionista ajudou a causa.
DOM PEDRO I
Herói de dois países
O monarca corajoso que salvou o Brasil e Portugal.
O BRASIL DE PEDRO I
Ano: 1825
População: 5.000.000 (estimativa)
População rural: sem dados, mais de 90%
Taxa de analfabetismo: sem dados, mais de 90%
Regime político: Monarquia Constitucional
COMO SERIA SEM ELE
A Independência possivelmente aconteceria por meio de uma guerra bem mais sangrenta, dando origem a uma ou mais repúblicas. Seriam países autoritários: ou ditaduras explícitas, como no Paraguai; ou repúblicas dominadas por caudilhos, como na Argentina.
DOM PEDRO II
Imperador cidadão
O monarca que gostaria de ser presidente.
O BRASIL DE PEDRO II
Ano: 1872
População: 9.930.478
População rural: 90%
Taxa de analfabetismo: 82,3%
Regime político: Monarquia Constitucional
COMO SERIA SEM ELE
O País provavelmente seria dividido em pequenas repúblicas dominadas por caudilhos, que travariam guerras entre si. Ainda que o Brasil tenha passado por ditaduras, graças ao imperador democracia e liberdade de expressão têm uma longa tradição no País.
MACHADO DE ASSIS
Amargura nos trópicos
O maior autor brasileiro contrasta com todos os estereótipos do País.
O BRASIL DE MACHADO
Ano: 1872
População: 9.930.478
População rural: 90%
Taxa de analfabetismo: 82,3%
Regime político: Monarquia Constitucional
COMO SERIA SEM ELE
A literatura brasileira manteria um certo complexo de vira-lata, sem nenhum autor de alcance mundial. O fato de o maior autor do Brasil não ter sido branco sempre foi um entrave para os adeptos de teorias raciais por aqui — sem ele, o País seria ao menos um tanto mais racista.
JOAQUIM NABUCO
A consciência da elite brasileira
Nascido privilegiado, enfrentou a escravidão e a Igreja.
O BRASIL DE NABUCO
Ano: 1872
População: 9.930.478
População rural: 90%
Taxa de analfabetismo: 82,3%
Regime político: Monarquia Constitucional
COMO SERIA SEM ELE
Na ausência de uma figura de alto calibre para lhe dar força, o movimento abolicionista poderia ter continuado a ser visto como rebeldia juvenil, atrasando a Abolição. A República talvez continuasse a manter o catolicismo como religião oficial. Em resumo, o Brasil seria mais atrasado.
MONTEIRO LOBATO
Tempestade intelectual
Em causas certas e erradas, ele mandou às favas o “homem cordial”.
O BRASIL DE LOBATO
Ano: 1920
População: 30.635.605
População rural: 84%
Taxa de analfabetismo: 65%
Regime político: República
COMO SERIA SEM ELE
A literatura infantil provavelmente ainda seria composta de traduções de autores internacionais. A indústria editorial, dominada por estrangeiros. O nacionalismo talvez ainda tivesse matizes românticos. A polêmica feroz seria tida como coisa de estrangeiros.
GETÚLIO VARGAS
Herança onipresente
As contradições na vida do maior personagem da história do Brasil.
O BRASIL DE GETÚLIO
Ano: 1940
População: 41.263.315
População rural: 68%
Taxa de analfabetismo: 56,1%
Regime político: Estado Novo (ditadura civil)
COMO SERIA SEM ELE
Provavelmente o País seria mais agrário. As indústrias petrolífera, de mineração e siderúrgica talvez não tivessem sido fundadas ou seriam multinacionais. Por outro lado, com ânimos políticos menos exaltados, o Brasil poderia ter escapado de duas ditaduras.
JUSCELINO KUBITSCHEK
Senhor simpatia
Presidente deixou sua marca com a construção de Brasília.
O BRASIL DE JK
Ano: 1960
População: 70.070.457
População rural: 52%
Taxa de analfabetismo: 39,6%
Regime político: Democracia (sem voto de analfabetos)
COMO SERIA SEM ELE
O Rio de Janeiro continuaria a ser a capital. A fronteira agrícola não iria se expandir para o Centro-Oeste. A migração nordestina para as regiões ao sul possivelmente não teria ocorrido ou seria menos intensa. Ninguém chamaria a década de 1950 de “anos dourados”.
OSCAR NIEMEYER
O arquiteto do futuro
Brasileiro deu origem a um estilo de construção internacional.
O BRASIL DE NIEMEYER
Ano: 1960
População: 70.070.457
População rural: 52%
Taxa de analfabetismo: 39,6%
Regime político: Democracia (sem votos de analfabetos)
COMO SERIA SEM ELE
A arquitetura brasileira continuaria a ser baseada em clones em miniatura de arranha-céus americanos. Brasília teria um aspecto convencional, provavelmente tedioso e opressivo. No mundo inteiro, os anos 1950 e 1960 seriam, literalmente, muito mais quadrados.
Fonte: Revista Aventuras na História/abril/2014