Edição 27
Projeto Didático
O MAIOR TEATRO AO AR LIVRE DO MUNDO VIRA SALA DE AULA
DESENVOLVIMENTO
Diante dos rápidos e constantes avanços tecnológicos, as escolas se preocupam em, cada vez mais, encontrar meios que favoreçam a aprendizagem de forma prazerosa e, sobretudo, completa dos educandos. É interessante perceber o paradoxo existente diante desses avanços que impulsionam naturalmente os jovens para um mundo globalizado, quando sentimos em sala de aula a necessidade de levá-los ao conhecimento das suas raízes, tradições e da sua regionalidade. É nesta perspectiva, de viver o que de fato traz a poeira nos pés, que alunos do Recife estão transportando a sala de aula para o Agreste pernambucano, lá em Fazenda Nova, em meio às gigantes muralhas de pedra do Teatro da Nova Jerusalém.
A agência de Turismo Pedagógico Mediar – Encontros e Atividades Pedagógicas já compartilhou com centenas de alunos do Recife, de colégios como o Instituto Capibaribe, Colégio Mater Christi, Colégio São Luís, Colégio Auxiliadora, Instituto Helena Lubienska, a realização de projetos desenvolvidos no âmbito escolar, tendo como campo de pesquisa a cidade-teatro de Nova Jerusalém.
Essa proposta de atividade pedagógica dá condições para cada colégio, juntamente com a equipe pedagógica da Mediar, desenvolver objetivos específicos para seus projetos, como foi o caso do Instituto Capibaribe, que pesquisou a história de vida de Plínio Pacheco como um grande idealizador que não apenas sonhou, mas realizou um projeto de vida. Foi nesse clima que os alunos estudaram o sonho de um homem que, com determinação, conseguiu superar seus próprios limites, mantendo viva a chama da esperança que hoje transcende o tempo.
Outros projetos contemplaram a exploração da vegetação, do solo, do clima, bem como as condições socioeconômicas e culturais da população, visitando o Parque de Esculturas e participando da oficina das gigantes esculturas de pedra.
O Colégio Mater Christi levou seus alunos à compreensão do progresso do século XXI, através da História, desde a época do Cristianismo até a vida precária de hoje dos moradores de Fazenda Nova e Fazenda Velha.
Em um segundo momento, com alunos de 3ª e 4ª séries, o Mater Christi, ainda trabalhando o tema do século XXI, fez um paralelo entre uma oficina de pedra, operação altamente rudimentar, cujo trabalho é todo braçal, com uma fábrica de tecido que recicla seu lixo tóxico, não poluindo os rios, trabalhando, assim, temas transversais, como o meio ambiente e a consciência ecológica através do respeito à natureza.
O que de comum é vivenciado por todos que participam desse passeio pedagógico que a Mediar tem exclusividade em proporcionar é o prazer em aprender o que é nosso, sentindo de perto a pureza da simplicidade de um povo que, com habilidades naturais, desenvolve um estilo próprio de arte; é poder conhecer os artistas regionais de perto, como o escultor, o poeta, o compositor e o cantor Caxiado; é saber reconhecer a grandiosidade do teatro da Nova Jerusalém por trás dos bastidores, caminhando por seus cenários e conhecendo seus camarins, vestindo-se de ator ou atriz; é a emoção de participar de um jantar temático com trajes romanos em pleno palco, como se estivesse nas noites da Paixão de Cristo; é mergulhar na vida de Plínio Pacheco e ser parte viva do seu sonho e da sua alegria em ter construído a Nova Jerusalém; é sentir o sossego do Agreste através do canto dos pássaros quebrando o silêncio da tranqüilidade da pousada; é poder se divertir na piscina, nos minicampos de vôlei e futebol, no salão de jogos… em tudo o que a Pousada da Paixão tem para oferecer; é dançar ao som de um gostoso forró pé de serra; enfim, é ser mais um a viver momentos mágicos de conhecimento, diversão, crescimento e paz pessoal.
Quem é a Mediar?
A Mediar é uma agência de turismo e atividades pedagógicas, que partiu do sonho e da preocupação de três mulheres: Patrícia Perman, Elizabeth Mignac e Abnilsa Torres.
Sonho: dividir com crianças, jovens, adultos e idosos a magia de um lugar que envolve a tranqüilidade do interior, a simplicidade e pureza de um povo, bem como a riqueza e boniteza da sabedoria popular, que tem a arte como meio de vida. Preocupação: proporcionar a forma na qual acreditam se dar a verdadeira aprendizagem: prazer, prática e humanização.
O local explorado pela Mediar não é muito distante do Recife: apenas 180 km, e se chega em Brejo da Madre de Deus – Fazenda Nova. No aconchego da Pousada da Paixão, podendo usufruir o que de mais belo e prazeroso se pode ter da vida no interior, as três profissionais das áreas de educação e administração — envolvidas pelo projeto e pela filosofia de vida do jornalista Plínio Pacheco, mantidos e vividos por seu sucessor legítimo Robinson Pacheco, bem como pela garra e criatividade de Tânia Gulde (administradora da Pousada da Paixão) — começaram a rascunhar e imaginar o Projeto Escola.
Tal projeto tem como objetivo favorecer meios que levem ao desenvolvimento do conhecimento como melhoria de qualidade de vida em busca da felicidade, sentindo as conquistas e solidificando saberes adquiridos através das pesquisas e experiências práticas. O campo de estudo é perfeito. Fazenda Nova e suas proximidades favorecem a contextualização dos mais diversos conteúdos, como por exemplo: conteúdos de História podem ser compartilhados nos cenários do Império Romano e nas escrituras rupestres no Sítio Arqueológico de Brejo da Madre de Deus; em Ciências e Geografia, são experienciados o tipo de solo, o clima, a localização, a fauna e a flora; em Artes, são respirados os ares que exalam todo um universo artístico por onde se passa; em Ensino Religioso, a vida, os ensinamentos de Jesus Cristo são vivenciados nos cenários e na arquitetura do ambiente; em Português, o reconhecimento das variações lingüísticas… enfim, todas as disciplinas podem ser contempladas de forma abrangente e, verdadeiramente, trabalhando a interdisciplinaridade envolvendo temas transversais.
A estrutura física é adequada e bastante acolhedora: são três alojamentos, masculino e feminino, separadamente, com capacidade para 90 (noventa) alunos; banheiros em número suficiente para atendimento; dois restaurantes na própria pousada, reconhecidos pela deliciosa culinária regional; segurança total por estar em área privativa cercada por muralhas e com um rigoroso sistema de vigilância; área de lazer completa: piscina, minicampos de vôlei e futebol, sinuca, pebolim, xadrez, forró pé de serra; auditório para realização de palestras e estudos dirigidos; áreas amplas e livres para realização de dinâmicas e avaliações de grupo… enfim, toda uma infra-estrutura completa.
A Mediar tem como filosofia de trabalho atender às necessidades dos colégios, sem deixar de lado o atendimento às exigências dos pais dos alunos, isto primando por qualidade, carinho e, sobretudo, respeito às individualidades.
“Para atender ao Instituto Helena Lubienska, por exemplo, precisamos ir em busca de algo que fizesse uma amarração ao projeto que vinha sendo desenvolvido por sua diretora. Pois bem, encontramos um descendente de judeu que fascinou a todos com seus depoimentos.” Eis a diferença da Mediar, que, além de ter em seu corpo administrativo duas pedagogas, uma bacharela em direito, uma administradora, tem um termômetro eficaz: uma mãe, que está sempre de mãos dadas com os colégios na elaboração do projeto pedagógico a ser trabalhado com os alunos.
Outros projetos estão sendo realizados pela Mediar, sempre focando as riquezas do Nordeste. O projeto Ciclo do Caranguejo, quando estudamos os mangues, é outro de riqueza grande.
Depoimentos de alunos:
“Pôxa, aqui é maravilhoso! Não sabia que pra essas bandas existia um lugar assim. Por que a gente só pensa que lá fora é que tem coisas boas? Por que a gente não valoriza o que é nosso? Aqui, tem ‘pareia’ não!!” Filipe Santos – 8ª série do EF.
“Quero voltar outras vezes, me diverti e aprendi bastante.” Caio Luca – 5ª série do EF.
“Quando começa a ficar bom, a gente tem que ir embora. Adorei a viagem, mas achei pouco tempo. Quero voltar para a colônia de férias.” Mariana Andrade – 6ª série do EF.
“É impressionante como aqui as pedras têm vida. Tudo é explicado com tanta emoção que a gente volta para o passado e sente a dureza que foi construir tudo isso.” Flávia Rangel – 8ª série do EF.
“A viagem começou boa desde o ônibus. As conversas, o lanche, as músicas… foi massa! Quando a gente ia entrar no teatro, o guia falou pra gente prestar atenção que estamos entrando no maior teatro ao ar livre do mundo. Fiquei arrepiado! Eu não imaginava aquilo. A gente viaja no tempo.” Gregório Moreira – 7ª série do EF.
“Eu já tinha assistido ao espetáculo da Paixão de Cristo, mas estar aqui dentro, tudo é diferente. Tô impressionado. Acho que se eu assistir ao espetáculo outra vez vai ser uma emoção diferente; agora, vou olhar para cada detalhezinho que conheci.” Igor Maciel – 7ª série do EF.
“Foi a melhor viagem que já fiz pelo colégio. E olhe que todo ano a gente viaja!! Engraçado que quando o colégio disse para onde a gente vinha eu não valorizei. Eu não imaginava isso aqui. Parece que a gente tá fora de nossa realidade, parece que tá em outro mundo. Tudo é muito grande, muito lindo e muito simples. Aqui a gente se sente livre, conhece a dona da pousada, é coberto de atenção por todo lado — parecia até que eu já era da casa. Não, não vou esquecer essa viagem!” Gabriela Dantas – 6ª série do EF.
Mediar
Partindo do princípio de que cada escola tem sua característica própria de ensino, passamos a trabalhar em parceria com a coordenação e os professores considerando os objetivos específicos de cada grupo. Os roteiros didáticos são construídos, e o elemento motivador viagem é uma ferramenta de auxílio para a construção da percepção da realidade por parte dos alunos, além de permitir maior interação entre eles e, também, com grupos locais, oferecendo momentos de descontração e sociabilização. É quando as experiências educacionais assumem uma natureza lúdica e a teoria se une à prática.
Percebemos, ainda, que a viagem possui 3 (três) níveis bastante úteis ao processo:
1. A fase anterior à viagem: quando desperta-se a curiosidade (contagem regressiva para o dia da viagem).
2. A viagem em si: integração com o grupo para o conhecimento mais detalhado (é a vivência in loco).
3. A fase posterior à viagem: quando se dá a oportunidade de estímulo à continuidade, à amarração dos assuntos explorados, bem como à solidificação dos saberes construídos a partir da convivência com os alunos. Momento gratificante, formador de fortes amizades.
Professores e Coordenadores
“Quando fui convidada para conhecer este projeto, Paixão que desperta educação, fiquei um tanto perplexa. Eu me perguntei: ‘Como é que a gente tem um lugar daquele e não explora?’. A Nova Jerusalém era tudo o que os professores precisavam para fazer aulas-passeio. A estrutura já estava ali pronta: campo de pesquisa, parque, trilha, auditório, segurança, restaurantes, alojamentos, lazer… e, acima de tudo, a riqueza natural para estudar a fauna e a flora — tudo o que diretamente me interessava. Eu acabara de encontrar um ambiente onde sairia da mesmice! Voltei da viagem contaminada com a oportunidade que me fora dada e logo retornei à Pousada com outros colegas. Todos se surpreenderam! Estudar Ciências ali tem sido muito prazeroso. Já viajei com todas as escolas onde ensino e os alunos voltam tão contaminados quanto eu da primeira viagem. Também não posso deixar de falar do pessoal da Mediar, que viaja com a gente providenciando o que for necessário para que tudo aconteça melhor do que o planejado. Tudo é tratado com muito carinho, inclusive pela dona da Pousada, que tenta facilitar a vivência de todo o projeto. O lugar é mágico!! E temos vivido um momento especial. Até hoje, passada a viagem há alguns meses, os alunos ainda pedem pra voltar, pedem para fazer outra viagem pro Teatro.” Ana Tereza – Profa. de Ciências do Instituto Capibaribe e do Colégio Auxiliadora.
“Estudar Roma Antiga naqueles cenários tem sido uma experiência muito gratificante. Transportar os alunos para o tempo do cristianismo tem sido maravilhoso. Esse projeto da Mediar merece ser vivido. É imperdível!” Júlia Verguete – Profa. de História do Instituto Helena Lubienska.
“Viajar com a Mediar tem sido altamente positivo. É uma agência que, sem pretensão, nos dá a inteira sensação de estarmos verdadeiramente acompanhados. Quanto aos trabalhos pedagógicos, estamos altamente satisfeitos com a vivência na Nova Jerusalém. Antes de levar os alunos, nós fizemos um laboratório com os professores e coordenadores para escolher as atividades que mais se encaixassem no nosso projeto. E o bom é que não há projeto pronto, nós construímos tudo com o pessoal da agência. Fizemos uma avaliação com os alunos e todos em geral adoraram a viagem.” Sonia – Coordenadora do Instituto Helena Lubienska.
“A proposta de trabalho com crianças e jovens em Nova Jerusalém é uma grande oportunidade de mergulho em um sonho de um líder: Plínio Pacheco.
Estudar a história viva em cada cenário, entrar no mistério do silêncio presente na vegetação do nosso Agreste, conhecer os artistas que mantêm em suas obras a força da Arte é, sem dúvida, um imperdível convite ao resgate da nossa inteireza.” Enila Resende – Diretora do Mater Christi.
Vivendo o Projeto
Às 7 horas, alunos chegam ao colégio com suas mochilas repletas de roupas e acessórios bastante “estilosos”. No rosto, ainda, as marcas de uma noite maldormida pela ansiedade do dia seguinte: o dia da viagem. Professoras e guias fazem a organização do grupo e checam a presença de todos os tripulantes. Ao subir no ônibus… uma surpresa, que, como surpresa, não pode ser revelada aqui. É hora de pegar a estrada rumo a uma divertida e completa aula de conhecimentos. Daqui a pouco, um ronco diferente na barriga diz ser a hora do lanche de bordo.
Por volta das 10 horas, chega-se a Fazenda Nova, precisamente à Pousada da Paixão. Os olhos começam a circular para todos os lados, a alegria e admiração se fazem notar. No alojamento, as mochilas são arremessadas rapidamente nas camas — não se quer perder tempo. As professoras logo orientam as tarefas, como explorar o campo de pesquisa e fazer as devidas observações. Cada grupo com seus professores. Para um lado, Ciências e Geografia; para outro, Artes, Ensino Religioso e História. No Memorial de Plínio Pacheco, Português se divide com as demais disciplinas. Os temas transversais marcam presença em todo lugar. Ufa! Tudo é muito rico, tem muita coisa a ser explorada. Já tá quase na hora do almoço, mas, antes, que tal relaxar, ou melhor, queimar um pouco mais da energia na área de lazer? Um mergulho na piscina, jogadas de fenômeno no minicampo, defesas e ataques incríveis no vôlei, habilidade e esperteza nos jogos de salão. Agora, chegou o momento em que todos cometem um pecado: o pecado da gula. É hora do almoço. Nas panelas de barro, comidas deliciosas, com um tempero todo especial, com gosto de fazenda. E quem disse que crianças e adolescentes não gostam dessas comidas? Depois de bastante satisfeitos, os alunos descansam no silêncio tranqüilo da pousada, apenas o canto dos pássaros é ouvido.
À tarde, por volta das 15 horas, é hora de conhecer bem de pertinho, por trás dos bastidores, os cenários do maior teatro ao ar livre do mundo quando da encenação da Paixão de Cristo. Como acontece o enforcamento de Judas? Como se dá a ressurreição de Jesus? Como são os camarins? Quais as cenas representadas em cada palco? Tudo será revelado antes do pôr-do-sol. Das altas torres, sai um som suave, o monumento de Plínio montado em seu cavalo começa a girar, como se estivesse anunciando, através do seu megafone, que o espetáculo vai começar, e o espetáculo começa. É um belo quadro pintado no céu do Agreste pernambucano pelas mãos de Deus. Neste momento, a reflexão, a humanização, toma espaço no meio dos alunos, e uma verdadeira lição de amor ao próximo e à natureza é vivida.
Chega a noite, o céu agora ilumina os olhos com suas lindas e brilhantes estrelas. Todos se transportam para a época do Cristianismo. Vestidos de romanos, tochas acesas, é preciso tomar lugar no palco da paixão de Cristo para degustar o delicioso e fascinante jantar temático. A viagem de volta ao passado leva os alunos a compartilhar conhecimentos através dos relatos, das posturas e dos costumes da época. Os professores aproveitam o momento e dão aula sobre o Império Romano. Voltando à realidade, nada melhor que viver nossa regionalidade na habilidade da dança, ouvindo um autêntico forró pé de serra. A poeirinha sobe e todos se divertem até altas horas.
No alojamento, continua a diversão, uma verdadeira socialização, pois mesmo o friozinho da noite do campo não embala o sono dos alunos. Que bom, logo o sol aparece e os que conseguiram dormir acordam com o canto do galo. No café-da-manhã: tapioca, queijo na brasa, cuscuz, bolo de milho, pé-de-moleque, pão torradinho, bolachas crocantes, mungunzá, macaxeira, charque… um verdadeiro banquete regional. Forças renovadas, mais um dia de prazer, atividades práticas e humanização.
De volta para casa, uma parada no Centro de Artesanato de Pernambuco, em Bezerros, pois cultura nunca é demais, e, a pedido, em Gravatá, no Rei das Coxinhas. Agora, na descida do ônibus, mochilas e mentes carregadas de conhecimentos e vida. O abraço caloroso dos pais e o sorriso alegre por tudo ter acontecido como planejado, na mais perfeita paz, agradecem, por cima dos ombros do filho, o carinho e o cuidado da Mediar.
Mediar Encontros e Atividades Pedagógicas
E-mail: mediar4@yahoo.com.br