Edição 28

Matérias Especiais

Os Quilombos

Os quilombos representaram a consolidação material da resistência dos negros à escravidão. Eram aldeias ou comunidades onde moravam muitos negros foragidos.

Os portugueses detestavam os quilombos, porque serviam de abrigo para os negros fugitivos e incentivavam outros escravos a fugirem, e também tinham medo, pois os negros se organizavam para libertar outros negros e atacavam as grandes propriedades sem piedade e com muita violência.

As pessoas que moravam nos quilombos eram conhecidas como quilombolas e viviam como as antigas comunidades: tinham plantações, criavam alguns animais e caçavam para sobreviver. A maior autoridade nos quilombos era o líder ou rei, escolhido, por seus próprios méritos, por toda a comunidade.

No Brasil, existiram quilombos em todas as regiões. O mais conhecido foi Palmares, localizado em Alagoas, que surgiu da união de diversas aldeias que se formaram quando os holandeses invadiram nosso país. Os negros aproveitaram a confusão para fugir e se refugiar.

Palmares deu muita dor de cabeça aos portugueses, era muito organizado e fez muitas invasões nas grandes fazendas. Muitas expedições militares foram enviadas para acabar com Palmares, e todas foram derrotadas. Acredita-se que Palmares teve mais de 20 mil habitantes, por isso não era fácil vencê-lo.

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As casas nos quilombos eram cobertas com folhas de palmeiras e erguidas com material tirado da própria natureza.

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Os portugueses fizeram de tudo para destruir Palmares. Fizeram um pacto de paz com Ganga-Zumba, rei de Palmares, mas era só fachada. O que eles queriam era mais tempo para se organizar para um grande e definitivo combate. Esse combate demorou quase um século para acontecer, mas ocorreu, finalmente, em 1695, quando uma poderosa tropa armada, chefiada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, cercou e invadiu Palmares, que resistiu bravamente sob o comando de Zumbi, seu mais famoso e último rei. Os portugueses foram implacáveis. Quase todos os habitantes morreram, inclusive crianças e recém-nascidos. Os poucos sobreviventes foram aprisionados e, depois de duros castigos, voltaram ao trabalho escravo.

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Zumbi dos Palmares: não existem imagens autênticas do grande líder da insurreição dos escravos, que enfrentou e derrotou as tropas de Domingos Jorge Velho, encarregado de derrotar os Palmares. Conseguiu escapar da destruição do quilombo, mas foi capturado, morto e esquartejado, tendo sua cabeça exposta no centro da cidade de Olinda, para servir de exemplo. O retrato dessa página é uma suposição. Óleo de Antônio Parreiras.

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Angelo Agostini – Preto e amarelo. “É possível que haja quem entenda que a nossa lavoura só pode ser sustentada por essas duas raças tão feias! Mau gosto!” Visão preconceituosa da época sobre as diferentes raças.
As conseqüências da escravidão

As conseqüências da escravidão se fazem presentes ainda hoje na sociedade brasileira. Elas não só se limitam às desigualdades sociais, mas também permeiam muitas idéias falsas e preconceitos, os quais, muitas vezes, passam despercebidos por nós.

Como herança social, existem no Brasil inúmeras áreas carentes que são formadas por descendentes dos antigos escravos, índios e negros. São favelas ou áreas alagadiças, que não oferecem uma estrutura adequada para habitação. Quando houve a libertação dos escravos, os antigos latifundiários preferiram empregar pessoas estrangeiras.

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Além disso, os negros, cansados do cativeiro, só pensavam em deixar as fazendas. Alguns até queriam ficar, mas foram mandados embora. E o que aconteceu a eles? Ficaram sem emprego, sem ter onde morar e sem ter o que comer. Para sobreviver, aceitavam, da mesma forma que antes, os piores trabalhos possíveis. Com o pouco que recebiam, tinham que comprar alimento, vestimenta e pagar moradia, coisas que, no cativeiro, embora não fossem do melhor, eles tinham. Dessa forma, estava nascendo uma população livre, excluída socialmente, que, hoje, representa uma das características mais marcantes do nosso país.

Devido ao clima semi-árido na maior parte do Nordeste e da falta de opções de trabalho, as famílias emigram para o eixo Rio – São Paulo em busca de oportunidades.

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Fernando Menezes – História Contextualizada – 6ª Série – Editora Construir – 2005 – pág 220 -22

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