Edição 68

Ambiente-se

Os segredos das famílias unidas

Gilda Lück

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Início de semestre e novamente recebemos pais na escola. São pais novos que, em pleno meio do ano letivo, vêm em busca de algumas esperanças diferenciadas; outras escolas, outros caminhos, outras oportunidades. Talvez já um pouco frustrados pelo semestre anterior, que decorreu todinho sem sequer possibilitar o atendimento de suas expectativas mais básicas no que diz respeito à Educação de seus filhos. Ou então pais já velhos conhecidos que necessitam de respostas para as dificuldades que sentem em priorizar uma Educação de qualidade para seus filhos e, principalmente, em fazer com que estes a vejam como a maior possibilidade de sucesso na vida.

Como nós, gestores ou professores, podemos ajudá-los? Ainda existem famílias unidas? Na minha opinião, a resposta a essa questão é sim.

Depois de mais de 30 anos trabalhando como professora e orientadora educacional, sei que, apesar dos altos e baixos em que vive a família brasileira, quando tratamos de valores, eles ainda existem, mesmo com os muitos meios de comunicação centrando suas atenções nos aspectos negativos da convivência familiar. Isso, talvez, por falta de informações precisas, pois uma simples busca poderá provar que existem muito mais famílias felizes do que imaginamos. Sabemos muito bem o que leva ao fracasso familiar, mas o que realmente as torna bem-sucedidas?

Em pesquisa feita há algum tempo, constatou-se que seis pontos referenciais eram uma constância nas afirmações daquelas famílias que podiam ser consideradas unidas. Talvez, antes de apresentá-los, seja importante ressaltarmos que uma família é unida quando realmente é esteio para todos os seus membros.

Portanto, os pontos comuns encontrados foram:

1. Compromisso. A família como a primeira opção e sempre preservada de qualquer infortúnio. Isso é o investimento individual de tempo, energia e dedicação que envolve as pessoas pertencentes à família, empenhadas em promover a qualidade de vida e a felicidade de todos.

2. Apreço. Ser reconhecido em suas superestruturas pelos familiares é muito importante, porém dizer o quanto amamos nossos entes pode parecer que está fora de moda. Na verdade, todos nós gostamos de ouvir.

3. Qualidade de tempo. É um outro fator importantíssimo. Muitas famílias passam o fim de semana juntos na praia, campo ou mesmo em casa, mas cada um “na sua”, com seu grupo de amigos ou até fechados em seu quarto com seu computador e sua TV. A qualidade do tempo é fundamental.

4. Comunicação. Uma boa comunicação requer prática e tempo. Às vezes, o que parece trivial pode ajudar a falar de assuntos mais importantes, como drogas. A comunicação não é só verbal. Famílias bem-sucedidas são especialistas em decifrar as mensagens uns dos outros.

5. Crises participativas. Uma família saudável é aquela em que seus componentes buscam conforto entre si.

6. Segredos espirituais. Sejam eles baseados em uma religião ou simplesmente em um código moral, são fundamentais porque trazem valores.

Bem, se pudermos ajudar as famílias que nos rodeiam dentro do contexto educacional e cultivar essa união, poderemos realmente ser chamados de educadores.

Gilda Lück é assessora pedagógica do grupo Dom Bosco, Mestre em Educação pelo Lesley College (EUA) e Doutora em Engenharia de Produção.
Endereço eletrônico: egopedagogia@ig.com.br.

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