Edição 29

Pintando o 7

Pinturas

Sete são as cores do espectro solar: violeta, índigo, azul, verde, amarelo, alaranjado e vermelho. Os pintores, entretanto, contam apenas seis; suprimem o índigo por ser uma cor intermediária entre azul e violeta.

Cores simples e compostas: essas seis cores que acabamos de enumerar dividem-se em: primitivas, ou simples, e binárias, ou compostas.

As cores primitivas são: vermelho, azul e amarelo, porque não podem ser obtidas por meio de mistura.

As três outras cores — verde, violeta e alaranjado — são ditas binárias ou compostas, porque se formam da mistura entre si, das cores primitivas ou simples.

Assim, verde é formado da mistura de azul e amarelo; violeta é o resultado da mistura de vermelho e azul; alaranjado é a resultante da mistura de vermelho e amarelo.

O branco é a “síntese aditiva” de todos os raios luminosos.

O preto é a ausência de cor.

O branco e o preto são consideradas cores materiais.

Resumindo, há três cores iniciais: azul, amarelo e vermelho. Delas, deriva toda a coloração da natureza.

Há cores que não se combinam e outras que se casam perfeitamente. Assim, se colocarmos azul e verde ou azul e violeta, teremos um resultado desagradável. No entanto se, entre essas cores, colocarmos amarelo ou alaranjado, teremos um resultado harmônico e perfeito.

Concluindo: há cores que se atraem; outras que se repelem; há, entre elas, simpatias ou antipatias recíprocas.

Cores suplementares: se fixarmos a vista, por uns instantes, em um cartaz verde, por exemplo, não tardaremos a ver, no ar ou na parede, uma orla vermelha. Isso vem nos provar que vermelho é cor complementar do verde.

Se o cartaz for vermelho, a orla que flutuará será verde.

Então, cores complementares são aquelas que se fazem valer reciprocamente.

Azul é complementar de alaranjado.

Amarelo é complementar de violeta.

Vermelho é complementar de verde.

O papel do professor é orientar seus alunos, no sentido de aplicar, corretamente, cores e tons.
Quando as cores não estão harmoniosamente combinadas, o resultado é desagradável, ainda que o trabalho esteja bem feito.

HARMONIA DAS CORES

Denomina-se harmonia das cores o arranjo satisfatório que se dá às mesmas, em uma composição artística.
A natureza é o hábitat da harmonia, e as artes a tomam como modelo e guia.

FIGURA CONFORME ORIGINAL

1-3-5 cores primitivas ou simples

2-4-6 cores binárias ou compostas

1-4    2-5 3-6 cores complementares

Para tornar bem prático o nosso trabalho, estudaremos as duas formas básicas de harmonia: por analogia e por contraste.

A – Harmonia por analogia.

É aquela que se realiza na mesma cor, com tonalidades diferentes. Exemplificando:

Verde escuro com verde claro.
Vermelho escuro com vermelho claro.

Essa harmonia é também conhecida por harmonia de tom sobre tom. É fácil de se conseguir e é agradável aos olhos.
Nota-se, entretanto, falta de brilho ou de originalidade na harmonia por analogia. Esta será completada com variações de cores, dentro de outra gama.
Obtém-se a harmonia por analogia abaixando-se a tonalidade com branco ou levantando-se com preto.
O preto, às vezes, modifica a cor, como, por exemplo, misturado ao vermelho, dará um marrom avermelhado.
Podemos escurecer, com preto, as seguintes cores: verde-amarelado; verde-médio; azul-violeta; violeta-médio; violeta-avermelhado.
O branco, usado para rebaixamento, não apresenta inconvenientes, podendo ser usado com êxito em qualquer cor, produzindo excelentes resultados.

B – Harmonia por contraste.

É o resultado da oposição de cores entre si.
Enquanto a harmonia por analogia é relativamente fácil, a harmonia por contraste demanda conhecimento científico das cores e sensibilidade acurada.
Para simplificar, enumeramos os casos mais comuns de harmonia por contraste:
1 – Uma cor sempre se harmoniza com a sua complementar, pois, havendo entre elas o máximo de oposição, exaltam-se reciprocamente.
O azul e o alaranjado harmonizam-se e exaltam-se reciprocamente. O amarelo e o violeta, também. O mesmo acontece com o vermelho e o verde.
2 – As cores escuras, aplicadas sobre fundo claro, agradam mais que as cores claras sobre fundo escuro.
3 – São muito harmoniosas as composições com preto, branco e gris.
4 – É sempre mais atraente uma cor luminosa ao lado de uma cor mais sombria. Assim, o vermelho rebaixado com branco ao lado de um verde escurecido com azul é muito agradável.
5 – Uma cor pura está sempre bem ao lado de um tom neutro. Por esse motivo, o gris está sempre bem ao lado do vermelho, do amarelo, do laranja, do verde.
6 – É desaconselhável exagerar o número de cores em uma composição, pois a tornaria indistinta e confusa e, conseqüentemente, cansativa e desagradável.

EFEITO PSICOLÓGICO DAS CORES

As reações que as cores provocam sobre os nossos órgãos visuais são bem conhecidas.
Afetando os nossos sentidos, produzem, em nós, comportamentos ou estados psicológicos que devem ser conhecidos.
Eis alguns dos fenômenos que, para o educador, são de maior interesse:
1 – As cores quentes e luminosas (vermelho, laranja, amarelo) têm efeito excitante sobre o sistema nervoso. O vermelho é, entre as cores, naturalmente, a mais forte.
2 – As cores frias são mais repousantes: azul, violeta.
3 – As cores são, indistintamente, apreciadas pela vista; no entanto, o vermelho é superestimado, o mesmo acontecendo com o laranja e o amarelo. O azul e o violeta são subestimados.
4 – O verde é a mais repousante de todas as cores.
5 – Colocadas sobre um mesmo plano, as cores dão impressão diferente de distância. O vermelho parecerá mais distante que o azul. Colocando-se o vermelho justaposto ao azul, este parecerá em relevo.
O verde com o laranja produz o mesmo efeito, apresentando-se o verde, mais saliente.
Observa-se, entretanto, que, se as superfícies forem de áreas diferentes, esse efeito tornar-se-á nulo.
6 – Todos os objetos claros parecem maiores que os mais escuros (são conhecidos os desenhos de “ilusão de ótica” publicados em almanaques).
7 – À grande distância, os objetos mais visíveis serão coloridos de: verde, azul, gris, amarelo e vermelho.

Importância da Psicologia das Cores

As pessoas reagem de maneira diferente em relação às cores. Enquanto uma cor é simpática para uns, pode ser antipática para outros, e vice-versa.
As predileções ou antipatias provêm, da personalidade psíquica do indivíduo; de sua educação; de seu patrimônio tradicional, social, político, filosófico e religioso.
Assim, enquanto o preto, para nós, representa luto, tristeza, na China, esse sentimento é simbolizado pelo vermelho. É questão de tradição.
H. Eysenk realizou uma pesquisa estatística para determinar uma escala de preferência pelas cores. O azul ocupou o primeiro lugar, seguindo-se o vermelho, o verde, o violeta, o laranja e, finalmente, o amarelo.

Preferência de acordo com a idade

A juventude, de ambos os sexos, aprecia os tons vivos, particularmente o vermelho.
Avançando em idade, o ser humano inclina-se para tons mais calmos.
Na idade madura, nota-se a preferência pelas cores graves e, na velhice, a tendência é para os tons de marrom e violeta e para o preto.
Da psicologia das cores, nasceu o simbolismo empregado em todos os tempos, por meio do qual, expressam-se crenças religiosas, políticas ou filosóficas.
Baseada no simbolismo, foi que a Igreja escolheu as cores litúrgicas:
Branco – símbolo da alegria, da pureza, da paz.
Vermelho – símbolo ardente da paixão; reservado às solenidades dos apóstolos e de Pentecostes. É, também, a cor de luto para o Papa.

Verde – símbolo da esperança.
Violeta – símbolo da tristeza.
Preto – símbolo do luto.

Fonte: Nova Edição Pedagógica para a Escola Moderna – pág. 214-216 – BNL

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