Edição 11

Matérias Especiais

Região Sul

Mito

Anita

Ana de Jesus nasceu em Morrinhos, mas foi, jovem ainda, para Laguna, acompanhando o pai, Bento Ribeiro da Silva, que a cultura popular guardou como Bentão. Ele era tropeiro, mas morreu cedo, deixando a família na miséria. Ana foi destinada a se casar com o sapateiro Manoel Duarte de Aguiar, que, no entanto, resolvendo seguir para a guerra, no lado legalista, a deixou sozinha em casa.
Aí, Ana ficava na janela, e foi assim que, durante a invasão de Laguna por parte dos farrapos comandados por Giuseppe Garibaldi, ele a avistou, de longe, pelo binóculo e se apaixonou por ela. Deu um jeito de lhe ser apresentado e foi rápido ao ataque: “Tu devi esser mia”, teria dito ele. No dia seguinte, Ana, que ele passou a chamar de Anita, já estava com ele.
Diz a tradição que eles tiveram uma lua-de-mel em Santos, os dois se escondendo da esquadra e do exército legalista. Voltaram para o Rio Grande, depois foram para a Argentina e, finalmente, para a Itália, onde Garibaldi foi um dos líderes da unificação. Anita, entretanto, morreu em 1849.
A saga dos dois e do amor vivido por eles entre canhões e batalhas produziram versos e canções, até mesmo no cancioneiro infantil, como na cantiga: “Garibaldi foi à missa, a cavalo e sem espora, o cavalo tropeçou, Garibaldi saltou fora. Garibaldi saltou fora do cavalo pangaré, mas não espichou de lombo, saiu caminhando a pé. A mulher de Garibaldi foi à missa sem balão. Garibaldi, quando soube, quase morreu de paixão”.

Lenda

Paiquerê

Todo mundo dizia que não existiam campos como os de Paiquerê e que os rios corriam, límpidos e suaves, por entre vales verdes, cheios de árvores frutíferas e plantas boas para a alimentação. Em Paiquerê, o lobo-guará tinha uma pelagem cor de ouro que brilhava ao sol, quando ele andava pelos campos cheios de pitangueiras, enquanto das árvores as araras-maracanãs saudavam o dia, colorindo mais ainda o horizonte.
Tudo era bonito em Paiquerê, e a natureza explodia de encanto. Mas onde ficava Paiquerê? Os índios afirmavam que existia e contavam histórias e mais histórias que faziam os brancos aventureiros, sempre querendo ouro, arregalar os olhos. Só que nunca alguém chegou a Paiquerê, dando notícias exatas de como era. Paiquerê virou sinônimo do céu, que só se atinge depois da morte.

Folclore

Danças típicas: acrobática de bastões, congada, cateretê, chula, chimarrita, jardineira, marujada, balaio, boi-de-mamão, pau-de-fitas, fandango.
Festas tradicionais: de Nossa Senhora dos Navegantes (Porto Alegre-RS), da Uva (Caxias do Sul-RS), festas juninas, rodeios, Oktoberfesten, boi-de-mamão, cavalhada de mouros e cristãos, Vilão, Boi na vara, carreira de cavalos.
Artesanato: renda de bilro, cerâmica, artigos em couro e lã.
Mito: Anita.
Lendas: do Negrinho do Pastoreio, do Sapé-Tiaraju, do Boitatá, do Boi-guaçu, do Curupira, do Saci Pererê, Surgimento da Lua, O lagarto encantado, Vila velha, Como nasceu a erva-mate, etc.
Culinária: churrasco, arroz-de-carreteiro, marreco com repolho roxo, galeto, barreado, bijajica, pinhão, mandeltort, chimarrão.
Músicas: Boi Barroso, Temas do Boi, Cua Fubá, Prenda Minha, Pau de Fita.

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