Edição 78
Espaço pedagógico
Storytelling: a arte de encantar os alunos através de histórias
Débora Menezes
O termo pode parecer novidade, mas já é utilizado por líderes para treinar suas equipes; por gerentes, para alavancar as vendas; por empresas, para se relacionar com seus clientes e consumidores; pelo marketing, para reforçar um efeito promocional; entre outros. Vindo do inglês, o termo traduzido é o tão conhecido contar histórias. Mas, se não é novidade, por que se tem falado tanto em storytelling e o que isso tem a ver com aprendizagem?
A arte de contar histórias nos remete historicamente ao início da aquisição da linguagem pelo ser humano. Cenas inteiras eram narradas nas paredes das cavernas através dos desenhos pré-históricos. Conhecimento e cultura eram transmitidos atravessando gerações por meio das histórias contadas.
As narrativas têm a magia de prender a atenção do ouvinte pelas seguintes características: possuem um contexto, uma sequência lógica de acontecimentos (começo, meio e fim), estimulam a imaginação visual e, principalmente, geram emoção. Quem ouve a história tem a possibilidade de se colocar como personagem ou narrador, relacionando, imediatamente, a história aos seus valores pessoais e ao seu conhecimento prévio, possibilitando um aprendizado simples, oculto e natural.
Alguns de nossos professores queixam-se de que os nossos alunos estão tão conectados à tecnologia que não conseguem mais ler ou dedicar atenção a tarefas simples em sala de aula ou em casa. Discordo veementemente de tal afirmação. Os alunos de hoje, apesar de terem uma atenção multifocal — capacidade de prestar atenção a várias coisas ao mesmo tempo —, conseguem ficar horas na frente da TV ou no cinema, vendo e ouvindo as histórias contadas através das telas. São consumidores de sagas inteiras de livros como Harry Potter, Crepúsculo, Percy Jackson. Talvez, se os diretores de cinema e os autores de livros acreditassem, de fato, que os jovens estão perdendo a capacidade de atenção, não deveriam estar investindo — e lucrando — tanto com a arte de contar histórias.
Então você, amigo professor, pode questionar: “Mas é a TV, o cinema, o computador… Na sala de aula é diferente!”. Não, não é diferente. Apenas você não está conseguindo contar a história da maneira correta. Preso aos algoritmos, conceitos e fórmulas que não se relacionam com a vida dos alunos, o aprendizado não ganha significância, e a atenção voa para onde é mais prazeroso.
Experimente dar uma aula inteira sobre um assunto qualquer e, ao final da aula, conte uma piada. Na semana seguinte, faça uma revisão da aula, mas não se surpreenda se seus alunos se lembrarem apenas da piada.
Prepare seus personagens, conte suas histórias e encante seus alunos.
Débora Menezes é pedagoga e Master Coach Educacional.
Endereço eletrônico: debora@iniebrasil.com.br.