Edição 78

Matérias Especiais

Imagine uma escola…conectada à vida do aluno

Rosangela Nieto de Albuquerque

Imagine uma escola… com um processo educativo voltado para a vida cotidiana do aluno, com fortalecimento dos vínculos familiares, comunitários e sociais. Uma escola conectada à vida contemporânea, estimulando o respeito, a cidadania, preocupada com as diferenças e o estilo de aprendizagem individual. Uma escola que se comunique com os pais sobre toda a práxis pedagógica em tempo real; uma escola que ofereça aos professores ferramentas para a eficácia pedagógica em sala de aula. Imagine uma escola conectada à vida do aluno…

A sociedade busca uma escola com essas características, que não permeie somente o imaginário. Os debates acerca da escola, aquela que temos e a que queremos, têm discussões garantidas em congressos, simpósios e mesas de reflexão. As questões recaem nas políticas públicas? Estão conectadas às novas demandas individuais e sociais? No imaginário coletivo, a escola ideal é aquela que proporciona uma educação de qualidade em todas as modalidades de ensino, idades, regiões e situações econômicas. Observa-se, no entanto, que as escolas estão ainda impregnadas do grande legado histórico da exclusão e da desigualdade. O peso da tradição e das forças predatórias a que a população é submetida ainda perpetua na escola e no imaginário social… Imagine uma escola…

Introdução

A busca da sociedade pela escola ideal, prazerosa, que fale a linguagem do aluno, da família e da comunidade é incessante. À luz das Ciências Sociais e Humanas, os debates contínuos propõem um conjunto de reflexões acerca do contexto escolar e extraescolar, isto é: “O que se pode melhorar na escola?”, “Que aspectos ela deve trazer para a práxis pedagógica para que esteja conectada à vida do aluno?”, “Que ‘linguagem’ será necessária para torná-la significativa?”. Somadas aos elementos psicopedagógicos e psicológicos, as questões sociais, culturais, ideológicas, religiosas e individuais são fundamentais para desenvolver no estudante as habilidades e competências, suscitar a forma de pensar, criar e reproduzir conhecimento.

Uma escola conectada à vida do aluno representa:

•O respeito à subjetividade do aluno.
•Uma práxis voltada à aprendizagem individual.
•Ações pedagógicas permeando as novas tecnologias e a comunicação com o mundo.
•A integração de educadores que transformem a educação.

Respeito à subjetividade do aluno

Certamente é complexo relacionar a questão de como a escola conseguirá trabalhar com a subjetividade do aluno, pois a subjetividade é constituída por significados e sentidos dos indivíduos e dos espaços sociais, que são produzidos numa relação que é, ao mesmo tempo, contraditória e complementar.

A ideia de subjetividade centrada no indivíduo relaciona-se aos conceitos de subjetividade individual — que aparece constituída pela história única de cada indivíduo — e pela subjetividade social — que, por sua vez, é constituída pelos processos de significado e sentido que caracterizam os espaços sociais nos quais os indivíduos estão inseridos. Assim, o sentido perpassa pela compreensão de alguns processos envolvidos na relação professor-aluno, que, portanto, ancora-se no diálogo.

Nessa complexidade de se educar com respeito à subjetividade individual e social, a escola necessita oportunizar, de forma dialética, as construções dialógicas crítico-reflexivas entre seus componentes, para então construir uma escola significativa e, assim, conhecer e vivenciar uma práxis pedagógica voltada ao desenvolvimento humano.

Pensar o aluno em sua individualidade parece ser delicado quando se leciona para alunos de turmas com uma variedade de sujeitos e subjetividades, com suas especificidades; portanto, requer do educador informar-se, qualificar-se cada vez mais nas diversas áreas de conhecimento, para se sentir mais confortável em relação a se conectar aos diversos temas que vão surgindo no dia a dia escolar.

Os professores admitem a urgência de trabalhar com os alunos individualmente na integralidade, desde os primeiros anos de vida escolar, buscando assegurar o acesso às aprendizagens e atender às demandas sociais e pessoais.

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Aprendizagem individual

O que o aluno aprende na escola tem significado? Em Educação, o que é realmente significativo no ensino? O que os alunos acham relevante na aprendizagem? Certamente, os alunos questionam os conteúdos, o currículo e os conceitos engessados sem articulação com o contexto da realidade. E para que serve tudo isso, afinal?

O maior questionamento dos alunos na escola se baseia em: “Para que serve?”, “O que estou estudando?” e “Onde usarei estas informações e aprendizagens?”. A escola conectada é aquela que aborda os conteúdos e a importância da aplicabilidade para a vida, flexionada a uma aprendizagem que será utilizada na vida adulta, como sujeito e profissional. Articular o significado da aprendizagem às perspectivas do aluno e à realidade em que está inserido ainda é um desafio para a escola. Certamente, a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento, adquirindo assim um significado relacionado ao seu conhecimento prévio. Quando a aprendizagem não está articulada à realidade e à expectativa do aluno sobre seu futuro, ela se torna mecânica ou repetitiva, pois se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado. Dessa forma, o novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou através de associações arbitrárias na estrutura cognitiva.

Uma escola conectada à vida do aluno conta com um professor que, em sala de aula, exerce a função de instruir, de proporcionar ao aluno conhecimentos e de desenvolver competências e habilidades voltadas para uma realidade social, histórica e temporal. Então, por que ensinar tal assunto? Ou o outro em vez daquele? É preciso ensinar algo que tenha sentido, significado; isso quer dizer que é necessário um ensino possível, com reconhecimento e articulações semióticas. Para aqueles que querem aprender, são necessários uma legitimidade, uma validade, um valor próprio naquilo que é ensinado. Ensinar e aprender se efetivam a partir da pressuposição de seu próprio valor. Certamente isso não se refere a uma apologia ao absolutismo e ao dogmatismo. O ensino de qualidade rompe estradas para o espírito crítico, para a imprevisibilidade da busca e da reflexão, para a dúvida metódica, com uma conexão com a vida do aluno.

A escola conectada ao aluno perpassa pela relação epistemológica e diz respeito à questão dos conteúdos do saber, embora esteja pautada na sociologia do conhecimento. O instrumento de análise e de “desconstrução” dos saberes transmitidos pela escola, não são somente saberes no sentido estrito, são também elementos simbólicos, atitudes morais e sociais, valores estéticos, referenciais de civilização. Assim, a questão de determinar o que vale a pena ser ensinado ultrapassa a questão do valor da verdade dos conhecimentos incorporados nos programas. Portanto, a questão diz respeito ao processo cognitivo ancorado também no valor dos elementos culturais.

Uma escola conectada é permeada pela aprendizagem significativa; assim, o aluno precisa ter disposição para aprender, e a escola deve buscar uma práxis pedagógica que incite essa disposição, pois, se o indivíduo memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será mecânica. O conteúdo escolar a ser aprendido deve ser potencialmente significativo, ou seja, tem que ser lógico e psicologicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem.

Na escola, quando o aluno emerge no questionamento “Isto me serve pra quê?”, ele processa a nova informação que interage com a estrutura de conhecimento específico, isto é o que Ausubel chama de conceito subsunçor, buscando associá-la a algo já conhecido ou simbolicamente percebido. Entretanto, se o conteúdo escolar a ser aprendido não consegue se ligar a algo já conhecido, ocorre o que Ausubel chama de aprendizagem mecânica, isto é, quando as novas informações são aprendidas sem interagir com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Nesse momento o aluno questiona: “Isto me serve pra quê?”. Assim, a escola está desconectada da vida do aluno…

Quando a aprendizagem significativa acontece, ocorrem um processo de modificação do conhecimento e uma importante modificação nos processos mentais, em vez de mudança de comportamento em um sentido externo e observável. Os estudos de Ausubel baseam-se na reflexão específica sobre aprendizagem escolar e ensino; em contraposição, a aprendizagem escolar muitas vezes está pautada nos moldes de conceitos ou princípios explicativos, portanto, engessados.

Uma escola conectada, voltada para a aprendizagem individual, perpassa pelo significado da aprendizagem para o educando. Ausubel enfatiza que cada aprendiz seleciona (filtra) os conteúdos que têm significado ou não para si próprio e, nesse duplo marco de referência, ocorre a organização cognitiva interna pautada em conhecimentos de caráter conceitual. Esse processo complexo depende muito mais das relações (articulações) que esses conceitos estabelecem em si do que do número de conceitos estabelecidos. Na verdade, essas relações têm um caráter hierárquico, de maneira que a estrutura cognitiva é compreendida, fundamentalmente, como uma rede de conexões e, certamente, de modo individual, único.

Integrar os meios de comunicação com o mundo

Os meios de comunicação cada vez mais marcam a importância no dia a dia de cada sujeito, essa é a linguagem contemporânea. Eles se integram ao sensível, ao concreto, principalmente à imagem, com a dimensão espacial, cinestésica e ao mesmo tempo com uma linguagem conceitual, falada, escrita, formalizada e racional.

Antes de a criança frequentar a escola, certamente ela já experienciou os processos de educação primária, na família, e vivenciou a constituição emocional e cultural. Ainda muito pequenina, já tem acesso à mídia eletrônica, como forma de comunicação, principalmente pela televisão.

No ambiente familiar, a criança vai desenvolvendo as suas conexões cerebrais, os seus esquemas mentais e emocionais e elaborando as linguagens. Os pais contribuem com as atitudes e formas de comunicação. Assim, a criança é educada pela família e também pela mídia, através das quais ela aprende a se informar, a conhecer a si e os outros, a identificar o mundo, a sentir, a fantasiar, utilizando-se das percepções e dos sentidos, ouvindo, vendo, tocando as pessoas, que lhe mostram como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relação com a mídia eletrônica certamente é prazerosa, voluntária, sedutora, proporciona emoção, exploração sensorial e interpretação da narrativa e se apresenta num contexto comunicacional afetivo.

A eficácia da comunicação dos meios eletrônicos se deve também à capacidade de articulação e de combinação de linguagens, isto é, música, imagem, fala, escrita, com uma narrativa fluida, o que permite um certo prazer. Uma escola conectada à vida do aluno não pode descartar os recursos e as ferramentas tecnológicas.

Para transformar a educação, pode-se modificar a forma de ensinar?

O ensino, ao longo da história da Educação, apresenta-se desconectado da vida do aluno e, portanto, torna-se desmotivador. Algumas formas de ensinar não se encaixam no novo contexto social do sujeito contemporâneo, e as aulas convencionais estão ultrapassadas. Mas como mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade cada vez mais interconectada?

Ensinar e aprender exigem hoje mais flexibilidade, respeito ao ritmo, às informações e à história de vida do aluno, conforme as relações espaçotemporal, pessoal e de grupo.

Uma escola conectada à vida do aluno precisa inserir ações em sua práxis educativa com menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Observa-se, no entanto, que uma das dificuldades atuais é conciliar o processo educativo às técnicas de busca da informação. É importante que o educador saiba orientar sobre a variedade de fontes de acesso e sobre como aprofundar sua compreensão. É importante utilizar recursos tecnológicos e ferramentas em espaços menos rígidos, menos engessados.

Hoje, tem-se excesso de informações e dificuldade em definir quais são as mais significativas e em como integrá-las à vida escolar do aluno. Valorizar a pesquisa contribuirá para a formação de um sujeito atualizado.

A escola obterá bons resultados se adaptar os programas previstos e os currículos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, transformando a sala de aula em uma comunidade de investigação.

Para uma escola conectada à vida do aluno, é necessário facilitar o acesso dos professores e dos alunos ao computador e à Internet. Oportunizar, de várias formas possíveis, o acesso frequente e personalizado de todos às novas tecnologias, com salas de aula sempre conectadas, salas-ambiente para pesquisa e laboratórios bem equipados. Fazer com que os professores possam ter seus próprios computadores e cada aluno um computador pessoal portátil, certamente, oportunizará uma transformação na Educação.

Talvez essa proposta seja utópica, mas para mudar é necessário quebrar paradigmas e proporcionar uma escola voltada para a realidade do aluno. Hoje, todos estão conectados às ferramentas tecnológicas, e, para um ensino de qualidade, é importante que, no projeto político-pedagógico da escola, configure-se essa nova práxis pedagógica; isso será uma forma de diminuir a distância entre os que podem e os que não podem ter acesso à informação.

As escolas públicas e comunidades carentes precisam ter esse acesso garantido para não ficar condenadas à segregação definitiva e ao analfabetismo tecnológico. Quando a escola oportuniza a familiarização e utilização das ferramentas, os educadores e educandos aprendem a pesquisar e utilizar as ferramentas pedagógicas pela Internet e programas de multimídia.

Dificuldades para mudar na educação

O papel do professor, fundamental no processo educativo escolar, é proporcionar ao aluno o aprender a apreender e a interpretar o mundo, socializar esse educando e conectá-lo à vida. Aprender depende também do aluno, de que ele esteja pronto, em maturação, para incorporar a real significação das informações e incorporá-las vivencial e emocionalmente. Na Educação, se a técnica como é instaurada a informação não fizer parte do contexto pessoal, intelectual e emocional do aluno, certamente não se tornará significativa e, assim, não será aprendida verdadeiramente.

A escola avançará mais para a educação construtivista do que para a repressiva. O caminho é começar pelo positivo, pelo incentivo e apoio à capacidade de aprender e mudar; depois, abolir a educação voltada para os erros, o que é negativo, e trazer à tona as possibilidades, as habilidades e a esperança.

As mudanças na educação serão lentas, porque nos encontramos em processos desiguais de aprendizagem e de evolução pessoal e social. Temos grandes dificuldades tanto no gerenciamento emocional e pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que aproxima o pensar do viver, conectada à vida do aluno.

As mudanças na educação dependem de educadores maduros intelectual e emocionalmente, de indivíduos entusiasmados, abertos, curiosos, que saibam dialogar e motivar. O educador autêntico é humilde e confiante, troca suas experiências, mostra o que sabe e, ao mesmo tempo, está atento ao que não sabe. Mostra para o aluno a complexidade e a maravilhosa experiência do aprender. Ensina aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o novo; incita a aprender e a conhecer que a incerteza passa para uma certeza momentânea, que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses.

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Certamente, os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias, mas pela afetividade, pelo contato pessoal. Para esses educadores, há sempre algo surpreendente nas relações estabelecidas entre professor e aluno, e, portanto, é um mundo inesgotável de descobertas.

As mudanças na educação dependem também dos gestores, administradores, diretores e coordenadores. É mister que sejam mais abertos e entendam as dimensões em que estão envolvidos quanto ao processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro. A escola conectada geralmente apoia os professores inovadores e promove o equilíbrio entre o gerenciamento empresarial, tecnológico e humano, proporcionando um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.

As mudanças na educação dependem também dos alunos, que, motivados, aprendem e ensinam, avançam e ajudam o professor a ajudá-los. Da mesma forma, as famílias são fundamentais nesse processo de mudança, pois, se estimularem afetivamente os filhos, desenvolverão ambientes ricos para aprendizagens e uma escola significativa.

Considerações finais

A escola que se conecta ao aluno se volta ao sujeito por inteiro, leva em conta todos os aspectos de uma pessoa em desenvolvimento biológico, psicológico, ambiental, cultural, social, religioso, em todas as suas dinâmicas, como sugeriu Garda (2012). Nessa amplitude, a escola promove a mediação entre alunos e o meio através da disponibilização de materiais instrucionais e proporciona o uso de uma linguagem dialógica, em que ambos demonstram interesse pela pessoa que se comunica em uma rede intersetorial e transetorial. Essa prática oferece aos alunos, segundo Meira & Antunes (2003), uma experiência de pertencimento no contexto escolar por considerar o autoestudo, através do qual, progressivamente, o aluno exercitará a sua autonomia.

A forma como esses recursos são alcançados se dá por meio da linguagem dialógica, com possibilidade de exercitar e vivenciar as experiências do desenvolvimento amplo com condições de solucionar situações novas apresentadas pelo cotidiano. Nessa lógica, segundo Nunes (2000), o aluno aprende e se torna espontaneamente um sujeito apto a se engajar no aprendizado. A conexão da escola com o cotidiano do aluno, conforme referiu Brasil (2010), é vista pelos estudiosos como estratégia de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

Visto como uma intervenção construtivista e transformadora, o olhar conectado da escola ao cotidiano do aluno atua como instrumento preventivo, e os resultados da compreensão de aquisição individual de conhecimento atendem às demandas surgidas durante o desenvolvimento da pessoa (PIAGET, 1983, 1985; PATTO, 1981).

A escola conectada à vida do aluno, conforme aponta Bruner (1971), desenvolve um aprendizado vivo e motivador que estimula a produção de conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, formas de pensar e atuar na sociedade através de uma aprendizagem que seja significativa. Ou seja, como referiu Bruner (1973), a comunidade escolar certamente progredirá. O professor analisa e intervém junto aos alunos de forma individualizada, elabora instrumentos para tirar as suas dúvidas, amplia as experiências vividas, cria coalizões feitas com os colegas, aprofunda sua busca de informações, amplia o leque de questões levantadas, estimula a interatividade. O aluno observa, busca, compara, pesquisa, produz, trabalha, interage, compreende as experiências que o meio oferece.

A escola conectada à vida do aluno, segundo Lane & Sawaia (1995), combate o cenário de vulnerabilidade e risco, que impacta diretamente o núcleo familiar e fragiliza os vínculos, agravando a situação de pobreza, miséria e fome, exclusão e violação dos Direitos Humanos. A escola, ao conectar-se ao cotidiano do aluno, atende às reivindicações sociais (CARVALHO, 2011) imbricadas no Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente e ampliadas para o atendimento integral dos alunos. Para tanto, é importante o fortalecimento das teias para o enfrentamento das diversidades que surgem no contexto escolar e familiar.

Nessa ótica, o sucesso pedagógico acontece pela capacidade de expressar competência intelectual, que surge no conhecimento pessoal determinado nas áreas do saber, que são fortalecidas pela práxis, isto é, na conexão entre a teoria, a prática e as vivências, permeada pela coerência entre o que o professor fala e faz. Conforme cita Coria-Sabini (1986), os alunos comunicam seus sentimentos, seus afetos, sua vida. O aprendizado avança juntamente com a idade intelectual, emocional e afetiva do aluno. Os professores desenvolvem habilidades de valores éticos fundamentais e agregam valores que os levam a serem cooperativos, interessados na sobrevivência dos outros, mais solidários; saem de seu castelo para se preocupar com as questões sociais.

O trabalho da escola conectada à vida cotidiana do aluno promove a liberdade para que o educando possa fazer escolhas com mais eficácia e sejam desenvolvidas habilidades e competências, habilitando-o a construir o seu percurso coletiva e individualmente, adaptado a si mesmo. Nessa perspectiva, os espaços escolares se tornam, de fato, um ambiente domiciliar, personalizado, com diálogo permanente entre seus professores-orientadores e alunos.

Rosangela Nieto de Albuquerque é Pós-doutora em Educação (Ph.D.), doutoranda em Psicologia Social, Mestre em Ciências da Linguagem, Psicopedagoga Clínica e Institucional, gestora educacional, pedagoga, professora universitária, coordenadora do curso de Pedagogia e coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão.
Endereço eletrônico: rosangela.nieto@gmail.com.

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