Edição 117

Espaço pedagógico

A importância do ensino bilíngue para a formação integral dos estudantes.

Franciane Maria Marques da Costa

Até alguns anos atrás, o inglês era considerado um diferencial. Entretanto, com fatores como a globalização e a força da cultura digital, o conhecimento dessa língua se tornou um requisito básico no mercado de trabalho. Além da sua importância em relação à própria comunicação, sendo a terceira língua mais falada do mundo, sua influência é notável, já que ser bilíngue significa interagir com pessoas de todo o mundo, em uma era completamente interligada.

Atualmente, a importância da aprendizagem do inglês representa mais que fluência em um segundo idioma. Todo o aprendizado envolve a aquisição de competências interculturais, que são capazes de alterar a percepção e ampliar a visão de mundo do falante por meio do contato com mais pessoas, culturas e ambientes. Do ponto de vista cognitivo, o aprendizado de um segundo idioma pode fortalecer a capacidade intelectual do aluno e, também as habilidades de escuta e atenção que demandam tal formação. Além disso, há outros benefícios, como maior desenvolvimento do raciocínio lógico, concentração, imaginação e percepção. Os seres humanos nascem com a capacidade para adquirir idiomas nos primeiros anos de vida. O que é necessário para iniciar o processo de aquisição de linguagem é a exposição constante ao idioma. Portanto, o bilinguismo é biologicamente possível.

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Dessa forma, ultrapassamos o novo milênio, em que inúmeras transformações já se fizeram sentir, assinalando que o novo tempo se apresenta repleto de modificações e que as pessoas, a cada dia, também vão se modificando à luz desta nova realidade. Os avanços científicos e tecnológicos mostram-nos que algumas dessas mudanças são irreversíveis e tendem a se ampliar, uma vez que existe uma rede de conhecimentos que, cada vez mais, multiplica-se e se entrecruza nos seus objetivos. No processo educacional, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz, com maior clareza, dez competências que deverão ser trabalhadas na Educação Básica. Dessa forma, o objetivo é que as escolas deixem de ser apenas transmissoras de conteúdo, mas auxiliem o estudante a lidar com as responsabilidades; a criatividade; e as questões emocional, cultural, tecnológica e socioambiental.

Confira as dez competências definidas na BNCC:

1. Conhecimento

2. Pensamento científico, crítico e criativo

3. Senso estético e repertório cultural

4. Comunicação

5. Cultura digital

6. Autogestão

7. Argumentação

8. Autoconhecimento e autocuidado

9. Empatia e cooperação

10. Autonomia

Cada uma das habilidades listadas possui áreas que contribuem para o seu aprendizado e aspectos específicos que o estudante deve desenvolver nessa competência. Dessa forma, um efeito colateral muito positivo da implantação da BNCC é levar as escolas a revisitarem seus projetos pedagógicos. E, claro, a redefinição do componente curricular Língua Inglesa. Para isso, a BNCC define que os estudantes devem desenvolver competências e habilidades a partir de uma perspectiva de educação linguística consciente, crítica e reflexiva. Assim, a aprendizagem do idioma deve propiciar aos estudantes o acesso a novos percursos de construção de conhecimento e o exercício da cidadania ativa, permitindo-lhes vivenciar “novas formas de engajamento e participação em um mundo social cada vez mais globalizado e plural” (BNCC, 2017, p. 239).

Nesse sentido, percebe-se que adotar, em seu projeto político-pedagógico, o inglês curricular, oferecendo-o como um ensino bilíngue, perpassa várias competências definidas pela BNCC e se expande em cinco eixos organizadores na Língua Inglesa: Oralidade, Leitura, Escrita, Conhecimentos Linguísticos e Dimensão Intercultural. Porém, não vou me deter no componente curricular, mas mostrar que esses eixos, aliados ao método baseado no Ensino Integrado de Conteúdo e Língua (Content and Language Integrated Learning – CLIL), são uma abordagem metodológica pedagógica que integra língua e conteúdo para a potencialização dos resultados da aprendizagem. O método integra o conteúdo de outras disciplinas ao ensino do Inglês, como Matemática, Ciências, Educação Física e muito mais. Dessa forma, a língua inglesa dialoga com a língua materna facilitando e transformando o protagonismo do aluno; convertendo-se em uma educação bilíngue associada às técnicas pedagógicas, com base na vivência e experimentação do cotidiano desse aluno; incentivando a inovação e a colaboração; e fortalecendo o processo de ensino e aprendizado bilíngue.

 

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Quando esse aprendizado é na Educação Infantil, a criação de um ambiente bilíngue pode acontecer de forma lúdica, utilizando-se de brincadeiras para efetivar o processo de ensino-aprendizagem — por exemplo, usando músicas, brinquedos, cartões, fantoches, animações, peças teatrais. Com recursos que enriquecem o trabalho pedagógico, proporcionando aulas mais dinâmicas e interativas, as crianças experimentam novos cenários de aprendizagem. O encantamento salta aos olhos de quem aprende, e a percepção dos pais é a de que há, de fato, uma aprendizagem de valor. O importante é que a faixa etária seja levada em consideração, respeitando os interesses e o próprio desenvolvimento dos estudantes na língua. Enfatizo que, quanto mais o aluno estiver exposto a atividades na segunda língua, melhor será a compreensão e o domínio que apresentará no decorrer do tempo. A escola pode promover a realização de festas típicas, mostras, tradições e eventos com o objetivo de praticar o inglês e estimular a vivência das crianças associada às competências do século XXI:
• Pensamento crítico
• Comunicação
• Colaboração
• Criatividade e inovação

A criação de uma cultura bilíngue na escola pode ser realizada de inúmeras maneiras. O importante é que a instituição opte por medidas que se adéquem à sua identidade e metodologia. Assim, os alunos aprendem brincando, de forma leve e divertida, o que facilita a participação e retenção de conhecimento dos estudantes.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC. 2017.

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