Edição 07

Matérias Especiais

A prioridade da paz

A síndrome apocalíptica, alternando-se e, muitas vezes, associando-se a movimentos militaristas, parece ter se incorporados a idéias de progresso e desenvolvimento e tem gerado uma aceitação do atual estado de causas. A satisfação das pulsões de sobrevivência e de transcendência, que geram conhecimento e comportamento, está subordinada a valores que contraiam a ética maior. Esse contrariar se manifesta na agressão contra si mesmo, na agressão contra o próximo e na agressão contra a natureza. O consumismo sintetiza essas formas múltiplas de agressão, violações da PAZ TOTAL.

Reverter essa situação é uma meta maior da educação, e somente poderá se concretizar mediante uma ampla reconceituação de educação, focalizada na PAZ TOTAL. Essa é a essência da minha proposta.

Acredito que a problemática da PAZ deve ser o centro de nossas reflexões sobre o futuro. Mas é importante entender que violação da paz não se resume apenas aos confrontos militares, que são as guerras. Na verdade, a paz é um conceito pluridimensional. Nosso objetivo deve ser atingir um estado de PAZ TOTAL, sem a qual o futuro da humanidade está comprometido.

Por paz total entendo a paz
nas suas várias dimensões:

Paz interior: estar em paz consigo;

Paz social: estar em paz com os outros;

Paz ambiental: estar em paz com as demais espécies e com a natureza em geral;

Paz militar: a ausência de confronto armado.

Paz não é apenas a inexistência de conflitos e divergências. As diferenças e, conseqüentemente, as divergências e conflitos são parte da diversidade que caracteriza todas as espécies, e são, portanto, intrínseca ao fenômeno vida. A homogeneização da espécie humana, que agora é uma ameaça efetiva em vista das possibilidades atuais de manipulação genética, é algo que contraria frontalmente as leis biológicas e tem como resultado a anulação da nossa vontade individual: em outros termos, causa a subordinação da nossa consciência.

A existência de diferença e de conflitos é natural e o encontro com o diferente é essencial para a continuidade da espécie, como em todas as espécies vivas. Mas é incrível como, em um curto tempo de sua presença neste planeta, a espécie humana tornou esse encontro um ato sujeito à arrogância, à inveja, à prepotência, à ganância e à agressividade. Transcender esse comportamento é o grande objetivo da ética.

Procuramos uma ética que conduza à paz interior, à paz social, à paz ambiental e conseqüentemente, à paz militar. Atingir essa paz total é o objetivo maior da educação.

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