Edição 69

Professor Construir

As novas tecnologias na escola e sua relação com a aprendizagem

Francisco Ivanilson da Costa Confessor

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A escola, sendo um lugar de troca de experiências, interações sociais e aprendizado, jamais poderá fazer de conta que nada está acontecendo, ficar alheia à realidade tecnológica pela qual passa o mundo. Para o teórico Perrenoud, a escola não pode ignorar o que se passa no mundo. Infelizmente, como acontece na maioria das vezes, as escolas e os professores são muito indiferentes ao que está acontecendo à sua volta e não acompanham as mudanças de modo significante e satisfatório.

Como faz notar a educadora Mantoan, a Educação escolar e o professor que a ministra não têm, no geral, um referencial de mundo que se compatibiliza com a realidade circundante e com seus possíveis avanços. O espaço educacional parece imune, preservado desses avanços, mantendo o velho pela indiferença às mudanças do meio.

Tomando essas ideias como base, destaca-se o importante papel das instituições escolares, que servem como porta de entrada e lugar central de discussões e anseios sociais. Sem a contribuição desse espaço tão rico e colaborativo, os alunos, com certeza, não teriam uma base sólida para desenvolver seu pensamento histórico e filosófico, ficando privados das realidades que os cercam e de ações humanas evidenciadas.

As novas tecnologias devem ser implementadas através de um projeto no espaço escolar para se obter um resultado proveitoso, que tenha como objetivo o máximo rendimento e a economia de tempo no processo de ensino-aprendizagem e, principalmente, vise a extinção da monotonia das aulas. No entanto, vale ressaltar que as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) jamais deverão ser incluídas no currículo escolar por modismo. Elas devem fazer parte do cotidiano escolar, evidenciando o aprendizado e a autoestima de alunos e professores.

A gestão escolar é muito importante nesse processo de implantação do uso das NTICs na escola, além do auxílio com o provimento dos equipamentos necessários e da responsabilidade pelo treinamento com a parte operacional, é dever da escola oferecer aos seus educadores formação continuada frequente na área de tecnologia na Educação.

Não se pode admitir que as escolas continuem com metodologias retrógradas e ultrapassadas; é necessária uma repaginada no modo de ensinar e no modo de aprender. As mentalidades mudaram, as realidades são outras. Como destaca o estudioso Couto, não dá para ficar nas eternas lamentações que atribuem culpa aos pais, ao desinteresse, à despreparação e à má vontade dos alunos, que só querem brincadeiras, que são viciados em jogos, nas novelas e em tudo o que é superficialidade e que, ainda por cima, só sabem faltar com o respeito aos professores. Tudo isso, segundo Couto, pode ser verdade, mas não se pode continuar na atitude recriminatória sem um esforço para mudar métodos de 30 anos atrás que podiam ser eficazes, mas que já não servem para esta geração, que foi moldada pela televisão, pelos consoles e pelo computador.

A escola, principalmente os professores, precisa encarar essas novas tecnologias de forma natural, buscando oportunidade de aperfeiçoar-se para a operação dessas novidades tecnológicas. Dificuldades são muitas, mas é necessário um envolvimento por parte dos educadores para que, efetivamente, haja mudanças.

Mesmo que a escola não ofereça subsídios para a inserção das novas tecnologias, o professor tem o dever, como agente de transformação e formador de opinião, de oferecer para seus educandos conhecimentos e interações com essas tecnologias, tendo em vista que fazem parte do cotidiano de muitos deles. Com relação ao professor, o educador Mar Haetinger diz que “Se continuar não interagindo o ensino com a vida prática dos alunos, está correndo o risco de ficar falando sozinho, na sala de aula ou no universo virtual”. Ainda com relação às tecnologias, Haetinger complementa que, em nosso trabalho de educadores, devemos sempre oportunizar aos alunos o acesso à informação e a construção de conhecimentos coletivos. Ao oferecermos esse tipo de vivência, buscamos a motivação do aluno e o comprometimento do mesmo com a aprendizagem individual e do grupo ao qual ele pertence.

A escola mudou. Não se concebe mais aquele ensino metódico e puramente mensurável, em que o professor detinha todo o conhecimento. A sociedade, seus padrões e ritmos mudaram, vive-se no século XXI, na pós-modernidade, quando as máquinas são responsáveis por grande parte do desenvolvimento mundial. Necessita-se, então, que os educadores analisem como as NTICs podem ajudar a favorecer a aprendizagem das crianças. Atualmente, uma discussão pertinente entre os educadores não questiona se “o aluno aprende ou não aprende” ou “o quanto ele aprende”, mas está voltada a questões mais amplas, como: “De que modo podemos favorecer a aprendizagem?”, “Que ações pedagógicas adotaremos para facilitar a construção de conhecimentos?”.

É fundamental que o educador tenha conhecimentos e domínio das NTICs, pois, além de se constituírem uma fonte de informações, são recursos pedagógicos muito ricos, desde que utilizadas de forma adequada pelo professor. Para o teórico Kalinke, dominar as novas tecnologias significa estar integrado com as transformações. Há uma série de recursos tecnológicos que estão à disposição do professor. Eles podem auxiliar em muito o seu trabalho administrativo e pedagógico. Existe, contudo, a necessidade de dominá-los de forma adequada para otimizar a sua utilização.

Francisco Ivanilson da Costa Confessor é escritor, pedagogo, pós-graduando em Psicopedagogia, Tecnologias e Educação a Distância, professor em Santa Cruz/RN e membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNEC).
Endereço eletrônico: oservo1@hotmail.com.

Referência bibliográfica

CONFESSOR, Francisco Ivanilson da Costa. Novas Tecnologias: Desafios e Perspectivas na Educação. Clube dos Autores, Brasil, 2011.

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