Edição 63

Lá Vem a História

Até logo, vovó

Fernando Torres

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Tati sentou-se quieta no canto da sala. Aquele era um dia muito triste: sua avó havia falecido.

— Por que a vovó morreu? — a menina perguntou ao pai.

Normalmente, seu pai explicaria tim-tim por tim- -tim o que havia acontecido. Mas, desta vez, ele apenas a pegou no colo sem dizer nada.

A casa estava cheia de visitas. Os adultos cochichavam, abraçavam-se, choravam. Tati observava tudo sem entender direito o que estava acontecendo. Aonde a vovó foi? Não irá voltar nunca mais?

Quando a garota já estava ficando cansada de tantas perguntas, apareceu o tio Rodolfo, irmão de sua mãe. Até ele, que sempre fora tão sorridente, estava com o ar triste.

— Minha sobrinha favorita! — o tio Rodolfo puxou papo. — Posso saber em que a senhorita está pensando?
— Nada não, tio — Tati respondeu olhando para vovó o teto. — Só queria entender…
— Entender o quê?
— Ah, um monte de coisa!
— Que tal perguntar para o seu tio favorito? Talvez ele possa dar uma mãozinha.

Tati deu seu primeiro sorriso daquele dia. O tio Rodolfo era realmente o seu favorito. É, quem sabe ele poderia ajudar.

— Bom, tio. Eu queria entender melhor o que é a morte. A vovó morreu, certo? Mas… o que isso realmente quer dizer?
— Quer dizer, Tati, que ela deixou de respirar, de viver.
— Como assim?
— A morte é o fim da vida. Para a sua avó, hoje foi o último dia, como o fim de um filme.
— E para onde ela foi? Ela está no céu?
— Não, querida. Ela foi colocada em uma grande caixa de madeira, que será enterrada mais tarde.
— Mas, tio, a vovó não gosta de lugares fechados! Ela não pode ficar trancada em uma caixa. Temos que fazer alguma coisa! — Tati se levantou com um pulo.
— Não, querida. A vovó não pode sentir mais nada.
— Ah, tio Rodolfo… Por que a vovó morreu? — a menina começou a chorar.
— Tati, nós nascemos, crescemos, vivemos e, então, morremos. Acontece com todo mundo.
— Mas não devia ser assim! Eu nunca mais vou ver a vovó… — Tati chorou ainda mais.
— É, meu anjo, eu concordo com você. Não devia ser assim. Mas, infelizmente, a morte existe em nosso mundo — o tio abraçou a sobrinha e também chorou um pouco.

Silêncio.

— A boa notícia é que um dia isso vai acabar. — o tio Rodolfo recomeçou.
— Vai acabar? — Tati ergueu os olhos.
— Vai, sim, Tati. Eu acredito que a morte vai acabar, sim.
— E quando vai ser isso, tio?
— Quando Jesus voltar. Nesse dia, todas as pessoas que já morreram vão viver novamente.
— Então, vou ver a vovó de novo… — a cabecinha de Tati estava a mil. — É verdade, tio Rodolfo?
— É, sim! A gente tem essa esperança. Jesus é poderoso e prometeu que viveríamos para sempre!
— Ah, que bom, que bom! Não vejo a hora de isso acontecer…
— Eu também aguardo ansiosamente, querida. Será um dia maravilhoso!

Tati e tio Rodolfo se abraçaram novamente. Agora, em vez de só tristeza, o coração deles também se encheu de uma misturinha de fé e esperança.

cubos