Edição 55
Lendo e aprendendo
Como mãe,como educadora e como cidadã
Como mãe, fui com minhas filhas Maria Clara e Ana Luiza, num sábado pela manhã, assistir à apresentação cultural promovida pelo Colégio Motivo no Recife, sob a coordenação das professoras Carolina Araújo e Carla Carmelita Wanus, entre todos os outros profissionais. Demonstramos um encantamento muito especial por todo o trabalho. Iniciaram com o lançamento do livro O tempo e a Ferramenta do Futuro, produção de crônicas do 1º ano do Ensino Médio; e do projeto Cronistas, Eu?! – Volume 07, em que cada pequeno escritor escrevia sobre os valores essenciais aos “homens de bem”, culminâncias de várias discussões dentro de sala; os conflitos modernos; o ritmo frenético das nossas rotinas, a relativização de todas as normas, a “adoração” das novas tecnologias, o descarte das relações e dos sentimentos. Como mãe coruja, fiquei superorgulhosa de Maria Clara por sua crônica Vingança Tecnológica. Ao lê-la pela primeira vez no evento, pude experimentar a alegria de saber que o fruto da leitura, da brincadeira lançada na infância de maneira bem prazerosa, começa a germinar pequenos sentimentos e valores que farão parte fundamental do ser humano.
Como mãe, gostaria de compartilhar a crônica escrita por Maria Clara, minha filha.
Vingança tecnológica
Era quase madrugada. Sem sono, resolvi ver alguma coisa interessante no computador. Liguei o monitor e sentei à sua frente para navegar pela rede, até que um clarão na tela apareceu; logo depois, ficou tudo preto. Tentei ligá-lo mais algumas vezes, nada deu certo. Resolvi ir para a sala ver um pouco de TV. Nada de novo. Voltei para o quarto, peguei meu MP3 e fui escutar um pouco de música, mas, como tenho muita sorte, estava com a bateria fraca. Tentei ir dormir, mas o sono não vinha. Olhei para a mesa de estudos, e lá estava meu jogo portátil. Liguei-o bem devagar, ele deu sinal de vida. E, entusiasmada, comecei a jogar; estava achando estranho nada ter acontecido. Para que fui pensar nisso? Tinha acabado a bateria. Todos os meus aparelhos estavam se vingando de mim, não podia me divertir com nada para passar o tempo. Desanimada, liguei a luz e fiquei deitada na cama lembrando de quando era criança. Brincava com qualquer objeto e adorava as coisas mais simples, como tomar banho de chuva, ficar olhando o céu, as coisas que eu nunca mais tinha feito, pois agora passava a maior parte do meu tempo no computador. Olhei para minhas roupas jogadas sobre a cadeira: embaixo delas estava um livro. Maria Clara Albuquerque
Como educadora
Como editora da Construir Notícias, recebo muitos projetos e artigos sobre Educação e percebo em cada um deles o desejo de acertar e de buscar novas oportunidades para que os alunos possam crescer, principalmente nas áreas afetiva e humana. Nesse sábado tão especial, tive a oportunidade de ouvir, na voz dos professores-apresentadores, que a principal competência a ser desenvolvida no Colégio Motivo era trabalhar valores e atitudes, acima de qualquer competência cognitiva. Pude ainda observar que o trabalho foi bastante produtivo por existirem regras para que os objetivos estabelecidos fossem realmente atingidos e realimentados durante todo o processo. A cada aplauso, grito, choro, alegria, os alunos compartilharam seus sonhos, buscando alcançá-los apesar de todas as dificuldades que surgiram ao longo do trabalho. Parabéns, professor e professora, vocês conseguiram estimular, principalmente, o pensamento crítico de seus alunos.
Como cidadã
Continuando a refletir sobre o projeto cultural do Colégio Motivo, agora me referindo ao Curta Motivo 2010, com alunos do 1º ano do Ensino Médio, fiquei muito emocionada e confiante em que a juventude pode e vai fazer deste país um país justo e diferente para a nova geração. Eles se apropriaram de temas polêmicos e de valores algumas vezes esquecidos em nosso país. A cada Curta Motivo apresentado, via como o Colégio estava trabalhando para conscientizar os alunos dos problemas enfrentados, dos valores esquecidos, como o de ficar alheio à situação atual, à falta de diálogo, ao apego a futilidades. Tenho certeza de que, para os jovens que participaram do projeto Curta Motivo 2010, aquele sábado foi realmente muito especial. Vou usar uma mensagem do site do Colégio que reflete muito bem o momento que estamos vivendo hoje: “O aluno, a aluna, o professor, a professora, os pais, enfim, todos nós devemos aprender para ir mais além. Além do óbvio. Além do comum. Além de tudo o que foi feito. Porque ir além não é idealizar um mundo melhor, é construir um mundo melhor”.