Edição 64

Lá Vem a História

Deixe a raiva secar

Padre Reus

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Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho com bolinhas amarelas. No dia seguinte, Júlia, sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar. Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã. Júlia, então, pediu à coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio. Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.

Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão. Faltavam algumas xícaras, e a bandejinha estava toda quebrada. Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou: “Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão”.

Totalmente descontrolada, Mariana queria porque queria ir ao apartamento de Júlia tomar satisfações. Mas a mãe, com muito carinho, ponderou: “Filhinha, lembra aquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro passou e jogou lama em sua roupa? Ao chegar em casa, você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou. Você lembra o que a vovó falou? Ela disse que era para deixar o barro secar primeiro, porque depois ficava mais fácil limpar. Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa: deixe a raiva secar primeiro. Depois fica bem mais fácil resolver tudo”.

Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão. Logo depois, alguém tocou a campainha. Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando: “Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio aqui querendo brincar comigo, e eu não deixei. Aí ele ficou bravo e quebrou o brinquedo que você havia me emprestado. Quando eu contei para a mamãe, ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa”.

“Não tem problema”, disse Mariana, “minha raiva já secou”. E, dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.

Nunca tome qualquer atitude com raiva. A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são. Assim, você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta.

Diante de uma situação difícil, diga para você mesmo: Deixe a raiva secar…

Fonte: Livro da Família 2012. Porto Alegre:
Padre Reus.

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