Edição 85

Editorial

Editorial

Prezado Educador,
Prezada Educadora,

Recentemente fui visitar um grande amigo e irmão em Ilhéus, Tião. Quando nos dirigíamos do aeroporto até sua casa, iniciamos uma longa conversa que resultou no tema da última Construir do ano de 2015.

Ao conversarmos, ele sempre me perguntava como eu estava, e sempre respondia: “Estou na paz”, e ele também. Mas desta vez sua resposta foi outra: “Estou ansioso e preocupado com a situação dos nossos alunos. Eles não têm limites, não há diálogo nem compromisso por parte das famílias”.

Ele havia se afastado para fazer seu mestrado e, ao retornar, sentiu o caos em que se encontra nossa Educação. Na nossa conversa, ele dizia que tudo isso só acontecia pela falta de limite dos alunos. Para retomar o controle da classe, em alguns casos os professores são os primeiros a dizer não. Daí surgiu nosso tema.

Achei a discussão muito boa e pedi que ele escrevesse sobre ela. Espero que gostem do que ele escreveu. Conversamos muito sobre a falta da família na vida desses alunos, como também sobre a falta de interesse destes em crescer. Em um dos momentos da conversa, disse-lhe: “Tião, tenho pena das pessoas que não acreditam em Deus e não gostam de estudar. Logicamente, não querem crescer. São pessoas vazias, de mente vazia, que se autodestroem e não creem em nada, não servem a ninguém nem têm esperança. Parecem correr ao encontro de sua própria destruição. Na presença de Deus, há esperança, amor, proteção duradoura e plena alegria. Longe dele, há prazer temporário e perdição eterna. E eles não percebem isso, até porque os valores estabelecidos pelas famílias atuais muitas vezes são inúteis. Elas deixam a criação de seus filhos, seu bem maior, sob responsabilidade do mundo, aos cuidados do Estado e, principalmente, dos professores e, assim, já estabelecem o futuro de seus filhos”.

Lembro-me de uma situação da qual participei ativamente. Era catequista e, nas minhas aulas, procurava não me prender apenas às doutrinas da Igreja, mas também ter a preocupação de saber da vida de meus catequizandos: se estudavam, como era a família de cada um, se alguém já havia tentado “mexer” com eles, etc. Um desses assuntos foi o caso de uma menina que não tinha registro e não estudava. Ela me falou que seu pai não deixava. Pedi, então, que marcasse com o pai dela, pois iria visitá-los na casa deles. No dia combinado, o senhor me atendeu muito bem, mas foi taxativo ao dizer que sua filha não precisava estudar porque seria empregada doméstica e que, certamente, engravidaria aos 15 anos, como a maioria das meninas daquela comunidade.

Foram muitos encontros até convencê-lo de que as coisas podem mudar, que sua filha poderia ter uma vida diferente e que seria melhor ele profetizar coisas boas, de crescimento.

Enfim, consegui tirar o registro da menina e matriculá-la numa escola. Hoje ela é uma educadora muito dedicada. Valeu a pena acreditar.

Educadores, permaneçam acreditando em um amanhã melhor dizendo quantos nãos forem necessários para formar cidadãos de bem, sempre lembrando que, em nossa profissão, o principal objetivo é servir, e, como já disse Mahatma Gandhi, “Quem não vive para servir não serve para viver”.

Um grande abraço,

assinatura

 

 

professora_vetor_sim_na_opt

cubos